quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

A Investida do Tubarão: Síntese Histórica dos Mergulhadores de Combate da Marinha do Brasil (Parte 2)

Texto elaborado por Rodney Alfredo Pinto Lisboa.

Fotografia 5: Destacamento de Mergulhadores de Combate (DstMEC) efetuam procedimentos de infiltração simulada nas dependências da Base Almirante Castro e Silva (BACS). (Fonte: Acervo do GRUMEC).

Atuando em inúmeras operações realizadas pela Armada, sendo solicitada a atuar de forma cada vez mais contundente nas ações em que se engajava, a Divisão de Mergulhadores de Combate (DIvMEC) foi convertida, em 1983, no Grupo de Mergulhadores de Combate (GruMEC). A partir de então, os MECs, subordinados ao Comando da Força de Submarinos (ComForS) da Marinha do Brasil (MB), passaram a participar de grande parte das Operações Anfíbias (OpAnf) promovidas pela Esquadra, entre as quais destacam-se: exercícios de ataques a embarcações; operações ribeirinhas na Amazônia e no Pantanal mato-grossense; exercícios de retomada de navios e plataformas de petróleo envolvendo o resgate de reféns, entre outras.
Para atender pronta e eficientemente às solicitações da Esquadra, o GruMEC buscava constantemente por inovações técnicas que melhor qualificasse sua doutrina de emprego. Nos anos 1980, utilizando embarcações submarinas, foram realizados lançamentos de MECs em imersão por “guaritada” (saída do submarino pela guarita de salvamento/lançamento). Nessa mesma década, foram realizados procedimentos de infiltração por paraquedas (técnica até então executada de forma exclusiva do Exército Brasileiro [EB]), além do primeiro salto executado na água por uma unidade da MB. Esse salto em particular, datado de 1983 e efetuado em conjunto com o PARA-SAR (unidade de elite da Força Aérea Brasileira [FAB]), requereu o lançamento de Embarcação de Desembarque Pneumática (EDPN) para realizar um encontro oceânico com submarino. Tais inovações foram possíveis a partir do amálgama de saberes empíricos com conhecimentos adquiridos em intercâmbios com unidades congêneres internacionais, entre as quais: Grupamento de Mergulhadores Táticos (APBT [Agrupación de Buzos Tácticos]), da Argentina; Mergulhadores Táticos da Armada (Buzos Tácticos [BT]), do Chile; Unidade Especial de Mergulhadores de Combate (Unidad Especial de Buceadores de Combate [UEBC]), da Espanha; SEALs, dos EUA.


Fotografia 6: Militares do GRUMEC e da Brigada de Infantaria Paraquedista (BdaInfPqdt) do Exército Brasileiro (EB) reunidos em 1983 por ocasião do segundo salto conjunto em superfície líquida realizado no Brasil. (Fonte: Acervo do GRUMEC).

Sobre a adoção da expressão latina Fortuna Audaces Sequitur, traduzida como “A Sorte Acompanha os Audazes”, como lema do GruMEC. Considerada como uma das representações simbólicas mais significativas da unidade, signo imaterial dos valores e tradições dos MECs, essa legenda foi adotada como mote a partir da segunda metade da década de 1980. 
Atendendo a orientações ministeriais emitidas com o objetivo de oferecer a melhor qualificação possível para as futuras lideranças do GruMEC, em 1996 o Centro de Instrução e Adestramento de Submarinos e Mergulho (CIASM) cria o Curso de Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate para Oficiais (CAMECO), curso que formaria a primeira turma de oficiais MECs em dezembro de 1998, dois anos após a aprovação do seu currículo de atividades.
O ano de 1997 representa um divisor de águas na história dos MECs. Através da portaria nº 371, emitida em doze de dezembro pelo então Ministro de Estado da Marinha, Almirante-de-Esquadra Mauro Cesar Rodrigues Pereira, foi criado o Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC). A data publicada no documento supramencionado marca a gênese do GRUMEC como Organização Militar (OM), unidade que seria estruturada em três equipes básicas de OpEsp (Alfa, Bravo e Charlie) além de um grupo de operações de contraterrorismo (GERR/MEC). 
Outro importante elemento da simbologia do GRUMEC tem sua origem vinculada a criação da OM. Elaborada em 1998, a heráldica (brasão) da unidade foi idealizada a partir de um emblema concebido no final da década de 1970 em referência às origens do GRUMEC no exterior (EUA e França). 


Fotografia 7: Adestramento de retração em decorrência de uma emboscada simulada. Realizado em 1993 na restinga da Marambaia-RJ esse exercício  foi conduzido de forma combinada entre o GRUMEC e os SEALs da Marinha norte-americana. (Fonte: (Fonte: Acervo pessoal do Suboficial [Ref.] Israel da Silva Leite).

Em 1999 ocorre a criação do Curso Expedito de Desativação de Artefato Explosivo (C-EXP-DAE) ofertado para mergulhadores da MB. Desenvolvido com o intuito de conduzir operações de Minagem e Contramedidas de Minagem (CMM), o referido curso foi inicialmente ministrado pelo Departamento de Operações Especiais (DOE) do CIAMA, ficando a cargo da Escola de Mergulho por um período, retornando posteriormente a responsabilidade do DOE. Cabe destacar que o GRUMEC dispõe de uma equipe Desativação de Artefato Explosivo (DAE) que lhe é subordinada ao GRUMEC, componente fundamentalmente importante para o desempenho das atividades CMM à cargo da unidade.
Analisando a prolongada série de adestramentos realizados no início do século XX! visando à integralização de doutrinas e capacidades operativas das Forças Armadas (FFAA) brasileiras, o GRUMEC teve destacada atuação no treinamento ocorrido em diversas edições das operações TROPICALEX, TEMPEREX e ASPIRANTEX. Os MECs também atuaram na Operação ADEREX II, realizada em 2009 com o objetivo de proteger a área marítima do litoral do estado do Espírito Santo (onde se localiza o maior complexo portuário da América Latina) e a Bacia de Campos no estado Rio de Janeiro (região onde se concentra a maior parte da produção nacional de petróleo). Também é digno de nota o engajamento do GRUMEC na Operação Atlântico II, quando em 2010, simulando uma situação de conflito real, o GERR/MEC realizou a retomada da plataforma de petróleo P-43 (localizada na Bacia de Campos) ocupada por militares, que travestidos de elementos adversos, submeteram os trabalhadores fazendo-os reféns. Sobre o treinamento que compreende situações de resgate de pessoal (reféns), evidencia-se o envolvimento do GRUMEC na série de exercícios RETREX, que têm a finalidade de habilitar os meios navais, aeronavais e Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) em ações de retomada de instalações de interesse da MB. 



Figura 1: Brasão do GRUMEC, elaborado de forma oficial em 1998 pelo Departamento do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM) por ocasião da elevação da unidade à categoria de Organização Militar (OM). (Fonte: Acervo do GRUMEC).


Continua...

Um comentário:

  1. Firmeza Brothers, tem alguma forma de ingressar no GRUMEC mais ''rápida'' (pelo fato do desgaste físico de um MEC, por isso penso que quanto antes entrar melhor e mais tempo dentro do grupamento terá). Por exemplo eu, tenho MÉDIO Completo, minhas possibiladades são Escola Naval e Escola de Aprendizes Marinheiros. Porém a EN são 5 anos de estudos pra poder fazer o curso CAMECO para oficias, ou pelas EAMs são um ano de estudo (48 semanas = 11 meses) sendo Grumete, agora vem o porém, o militar dps de 5 anos como Cabo pode fazer o Curso de Habilitação a Sargento (3º) - ou seja pela EN são 5 anos no min. para ser MEC
    E a pelas EAMs são 6 anos. é isso?
    Vi também os concursos de Quadro Complementar de Oficias que precisa Formação Superior. Ai o curso é de 39 semanas e requer formação em algumas das áreas que esta escrito no site marinha , a maioria é engenharias, engenharia naval, eng ambiental, nuclear, de minas, bioprocessos, quimica, mecânica, várias outras... (áreas que n me atraem em nada). Mas tbm é outra possibilidade de ingressar no GRUMEC pós todos esses cursos que os dois juntos, o superior e o da marinha , dão tbm 5 anos ou 6 no min pra ser MEC.

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