segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Arquivo Histórico FOpEsp nº 5: Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da PMRJ durante a Copa do Mundo FIFA (2014)

Texto e arte elaborados por Anderson Subtil*.


Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da PMRJ


No início da tarde de 12 de junho do ano 2000, Sandro Barbosa do Nascimento se apoderou do ônibus do transporte coletivo da cidade do Rio de Janeiro que fazia a linha 174 (Central do Brasil até a Gávea). Vários ocupantes do veículo conseguiram escapar, mas onze passageiros foram tomados como reféns. Um dos momentos de maior tensão ocorreu quando o sequestrador enrolou um lençol na cabeça da refém Janaína Neves e simulou disparar contra sua cabeça, ameaçando depois que iria matar outras pessoas. Não obstante a libertação de dois dos sequestrados, as negociações seguiram conturbadas, mesmo porque uma rápida solução com tiro de precisão acabou descartada pelas autoridades governamentais.   Após horas de tensão, Sandro decidiu abandonar o ônibus, usando uma das reféns, a professora Geísa Firmo Gonçalves como escudo. Logo na porta, um policial do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro (PMRJ) tentou alveja-lo com um disparo de submetralhadora, mas acabou atingindo de raspão o queixo da professora Geísa. A reação de Sandro foi abaixar-se e disparar três vezes a queima roupa contra as costas da refém, matando-a. Depois de dominado, o próprio sequestrador acabou morto por asfixia na viatura policial que o retirou do local.
O sequestro do ônibus 174, além de ter sido um dos episódios mais marcantes da crônica policial carioca, também demonstrou que a tropa de elite da PMRJ não dispunha de treinamento necessário para agir naquele tipo de situação. Como resultado de tal constatação, ainda naquele ano, o BOPE começou a dar forma a Unidade de Intervenção Tática (UIT), especialmente organizada e adestrada para intervir em situações que envolvem reféns. A expertise acumulada no decorrer de inúmeras ocorrências desde o fatídico evento com o ônibus 174, tornaram o BOPE da PMRJ uma referência nacional e internacional em procedimentos de progressão em áreas de alto risco. 
Para situações desta ordem a UIT encontra-se estruturada como uma das companhias do BOPE, sendo comandada por um Capitão e reunindo cerca de 75 militares, organizados em uma Equipe de Negociadores, uma muito bem treinada Equipe de Atiradores, formada por snipers policiais altamente capacitados, e um Grupo de Resgate e Retomada (GRR), constituído por quatro times táticos, cada um com oito policiais preparados para intervenções de alto risco. A UIT esteve presente nos esquemas de segurança dos grandes eventos realizados em território brasileiro desde os Jogos Mundiais Militares em 2011, a saber: na Jornada Mundial da Juventude em 2013; na Copa das Confederações 2013; na Copa do Mundo FIFA em 2014; além dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos em 2016.


Operador do BOPE da PMRJ participa do esquema de segurança realizado na capital fluminense durante a Copa do Mundo promovida pela FIFA em 2014. (Ilustração: Anderson Subtil, para a seção "Arquivo Histórico FOpEsp").

Este graduado do GRR está vestido com o Army Combat Uniform (ACU) na cor preta, comum a todos os quadros operacionais do BOPE, sobre o qual utiliza um colete a prova de balas Nível III e uma veste tática tipo MOLLE (Modular Light-weight Load-Carrying Equipment, ou Sistema Modular de Transporte Leve), com fixações, entre outras coisas, para munição 5,56mm e seu equipamento de comunicação. Sobre o cinto de lona pendem uma bolsa para a máscara contra gases e um coldre tático para a pistola, ambos presos às pernas por correias de lona. O restante do equipamento individual inclui luvas próprias para ações táticas, balaclava e capacete balístico tipo RBR Mach III. Seu armamento compreende uma pistola Taurus PT-100 no calibre policial .40 S&W e a arma longa preferida da UIT, a carabina norte-americana Colt M4 Commando, que dispara projeteis calibre 5,56mm OTAN, neste caso equipado com um visor holográfico EOTech 552 montado em um adaptador sobre a alça de transporte.


Materiais utilizados na confecção da ilustração: A técnica utilizada para o desenho do operador utiliza canetas esferográficas e aquarela líquida preta, posteriormente colorido em computação gráfica (tratamento em CorelDraw).

* Anderson Subtil é natural de Curitiba-PR, onde estudou na Escola de Música e Belas-artes do Paraná. Trabalha como Artista Gráfico, Arte Finalista e Produtor Gráfico, tanto no mercado editorial quanto na indústria gráfica. Atua, paralelamente, como pesquisador autodidata de assuntos militares e de Defesa, com especial interesse na história da Segunda Guerra Mundial, tropas de relevância histórica e unidades especiais. Compõe o grupo de colaboradores das revistas Tecnologia e Defesa e Tecnologia e Defesa  Segurança, respondendo ainda pela correspondência da afamada revista Espanhola Soldiers RAIDS no Brasil. 




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