segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O Conceito de Alta Performance Aplicado à Atividade de Operações Especiais

Texto elaborado por Rodney Alfredo P. Lisboa



Fotografia 1: Quadros operacionais do Comando Especial das Forças Armadas (Forsvarets Spezialkommando [FSK]) da Noruega participam de um adestramento de ação contraterrorista. (Fonte: Disponível em: http://www.difesaonline.it/mondo-militare/siria-la-norvegia-schiera-60-operatori-dei-reparti-speciali Acesso em: 18 nov. 2017).


Na acepção do termo a expressão “alta performance” refere-se ao comportamento do indivíduo ao realizar determinada atividade, sendo esse comportamento influenciado por fatores intrínsecos e extrínsecos, valendo-se do máximo potencial das capacidades humanas para a execução das tarefas a serem efetuadas. No contexto das Operações Especiais (OpEsp), o alto desempenho envolve, sobretudo mas não somente, o conjunto de capacidades humanas (física, intelectual e psicológica), que somado ao agrupamento de valores morais, conferem ao Elemento de Operações Especiais (ElmOpEsp) o cabedal formativo necessário para que possa conduzir ações de natureza crítica e arriscada.  
Independentemente da forma como os Estados patrocinadores consideram o emprego de suas FOpEsp (Forças de Operações Especiais), dos procedimentos doutrinários adotados por cada unidade, ou do aparato tecnológico (armas e equipamentos) que lhes é disponibilizado, a eficiência das OpEsp está centrada na capacidade do indivíduo operar em favor da equipe em que encontra-se inserido visando a consecução dos objetivos que lhes são atribuídos.
Em se tratando de OpEsp, a alta performance do ElmOpEsp é fruto de uma intrincada combinação de fatores que envolve: o conjunto de experiências assimiladas pelo indivíduo ao longo da vida; o processo de seleção e treinamento bem estruturado; o sistema de formação progressiva e continuada (sistemática); o estabelecimento de vínculos de comprometimento nos níveis individual, coletivo e institucional; o desenvolvimento de uma profunda coesão (confiança) com os companheiros de equipe; além de engajamentos reais que permitam experimentações variadas em diferentes cenários.
É imperativo esclarecer que a eficiência das FOpEsp depende, fundamentalmente, de outros componentes e não se limita apenas aos aspectos inerentes à tropa, por mais bem preparada e motivada que ela se mostre ser. Para que as competências dos ElmOpEsp sejam exploradas no mais alto nível de rendimento, é imperativo: que a tropa comprometa-se com operações que estejam em conformidade com o nível de condução do enfrentamento (político; estratégico; operacional; tático) para o qual é vocacionada; adote doutrinas de emprego compatíveis com a tipologia dos engajamentos em que se envolve; tenha à sua disposição recursos tecnológicos de última geração (estado da arte); desenvolva capacidade para operar suportando ou sendo suportada por forças convencionais; atue de forma combinada em um sistema que integra expertises de agências distintas (militares e civis); opere valendo-se de capacidade C2 (Comando e Controle) de modo a assegurar um gerenciamento operacional adequado aos requisitos da missão; bem como da relação entre o volume, a intensidade, e o tempo de engajamento.  

Fotografia 2: Operadores da 26ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais com Capacidade de Operações Especiais (26th Marine Expeditionary Unit Special Operations Capable [26th MEU SOC]) durante exercício de tiro com pistola na Jordânia em 2013. (Fonte: Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/26th_Marine_Expeditionary_Unit Acesso em: 18 nov. 2017). 

O alto desempenho operativo que caracteriza uma diversidade de unidades especiais que atuam no cenário internacional ocorreu a partir de um gradativo processo de transformação da percepção e atitude, partindo dos ElmOpEsp para com eles próprios e posteriormente da sociedade militar para com a atividade OpEsp. O sentimento mútuo de desprezo entre os quadros operacionais das OpEsp e das tropas regulares que, não sem motivo, caracterizou as relações passadas, sofreu um revés quando as unidades de elite tiveram que  ser suportadas por forças convencionais devido às exigências do engajamento. O conceito de Special Forces Centric Warfare (Guerra Centrada nas Forças de Operações Especiais) difundido, principalmente, por ocasião da Guerra Global contra o Terrorismo, conduzida pelos EUA e seus aliados após os atentados de 11 de Setembro de 2001, arrefeceu as diferenças históricas que caracterizavam as relações entre as OpEsp e as tropas convencionais, levando os Estados engajados no conflito a adaptarem-se à nova realidade, criando condições para que as forças regulares desenvolvessem competências que permitisse mobilizar toda sua panóplia militar em favor do desempenho das FOpEsp. Por sua vez, coube aos ElmOpEsp a incumbência de assumir sua conduta prepotente despojando-se da convicção autossuficiente, de modo a reconhecer a extrema relevância do apoio ofertado pelas tropas convencionais à atividade OpEsp.  
Em última análise, assim como ocorre em qualquer segmento profissional, no que concerne às OpEsp, operar em alta performance consiste no esforço para mobilizar todos os recursos (do indivíduo, da equipe, da unidade, da instituição, e do Estado) no intuito de alcançar os objetivos/atribuições reduzindo ao máximo as possibilidades de fracasso.






domingo, 12 de novembro de 2017

Informativo FOpEsp, nº 22

I Curso de Operações Especiais da Polícia Militar do Piauí
I COESP/PMPI

Fotografia 1: I Curso de Operações Especiais da Polícia Militar do Piauí (I COESP/PMPI). (Fonte: Acervo do Batalhão de Operações Policiais Especiais [BOPE] da PMPI).

A Polícia Militar do Piauí (PMPI), por meio do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), está realizando o I COESP (Curso de Operações Especiais) com a finalidade de qualificar os alunos a conduzir ação policiais de natureza não convencional de modo a formar os quadros operacionais que irão compor o efetivo do BOPE/PMPI e unidades análogas de outros estados brasileiros que se fazem representar no curso. Com duração de quatro meses e meio, o COESP/PMPI iniciou suas atividades contando com 43 alunos oriundos dos estados Piauí, Acre, Pará, Mato Grosso e Amazonas, e encontra-se estruturado em 4 módulos distintos ministrados em diferentes regiões do país:

1° Módulo (BOPE/PMDF [Brasília]) -  Instruções de atendimento de ocorrências com explosivos, arrombamento com cargas explosivas e operações subaquáticas, com técnicas de orientação submersa, técnicas de varreduras e mergulho em águas profundas.

2° Módulo (BOPE e GRAER/PMGO [Goiânia]) – Operações helitransportadas, tiro policial de precisão, além de intercâmbio com o Comando de Operações Especiais (COpEsp) do Exército Brasileiro.

3° Módulo (BOPE/PMMG {Belo Horizonte]) – Instrução de contraterrorismo contendo as com as seguintes expertises: fenômeno do terrorismo, ameaças e proteção QBRN (Química, Bacteriológica, Radiológica e Nuclear), técnicas de entrevista, interrogatório, vigilância e intervenção tática contraterror.

4° Módulo (BOPE/PMBA [Salvador]) – Instruções de Montanha, Paraquedismo, além de assalto tático a tubulares (avião e metrô).


Fotografia 2: Professor Rodney Lisboa (editor do blog FOpEsp) assiste a uma instrução do 3° módulo do I COESP/PMPI (contraterrorismo)ministrada nas dependências do BOPE da Polícia Militar de Minas Gerais em Belo Horizonte. (Fonte: Acervo de Rodney Alfredo P. Lisboa).

 Ao final do curso, já ostentando o almejado conjunto de brevê (distintivo) e título de “Caveira”, o operador policial estará apto a operar em ocorrências complexas  de alto risco características da região Nordeste, tais como: roubos de caixas eletrônicos com uso de explosivos; roubos a bancos com presença de reféns; rebeliões em presídios com presença de reféns; apoio às unidades de área ou junto a outras organizações policiai que requeiram o emprego de tropa especializada.

Figura 1: Emblema do BOPE/PMPI. (Fonte:Acervo do BOPE/PMPI).