segunda-feira, 29 de maio de 2017

Arquivo Histórico FOpEsp nº 2: 1º BIS Amv na "Operação Amazônia" (2014)

Texto e arte elaborados por Anderson Subtil*.

1º Batalhão de Infantaria de Selva Aeromóvel  (1º BIS Amv)

Componente da 1ª Brigada de Infantaria de Selva e integrante da Força de Reação Rápida do Exército Brasileiro (EB), o 1º Batalhão de Infantaria de Selva (1º BIS Amv) foi criado em 1969 e constitui o principal elemento de manobra do Comando Militar da Amazônia (CMA), estando perfeitamente adestrado tanto para operações helitransportadas quanto para assaltos ribeirinhos. Pelo nível de preparação, equipamentos empregados, e capacidade de operar com grande mobilidade, seu efetivo pode ser considerado como a elite das forças de selva brasileiras. O Batalhão destacou-se, sobretudo, por diversas campanhas militares conduzidas nas regiões do médio e baixo Amazonas, promovendo ações de Garantia de Lei e da Ordem (GLO) em áreas de fronteira com países amigos.

Soldado do 1º BIS Amv  empregado durante a ação militar de treinamento integrado, denominada "Operação Amazônia", levada a efeito em 2014. (Ilustração: Anderson Subtil, para a seção "Arquivo Histórico FOpEsp").

O soldado ilustrado aqui, claramente de origem indígena, veste o uniforme de combate e serviço padrão do EB. Em uma das mangas, traz uma reprodução da Bandeira Nacional, enquanto na outra está visível um distintivo circular com a Cruz Vermelha, denotando sua especialidade de enfermeiros. No entanto, o elemento mais característico da indumentária é o chamado "Chapéu Bandeirantes", próprio da infantaria de selva. Os coturnos são do tipo específico para ambientes tropicais, e seu equipamento de Combate se baseia na versão nacional do ALICE (All-Purpose Lightweight Individual Carrying Equipment) norte-americano. A mochila é a mesma adotada por outras unidades do EB. O armamento principal é o fuzil de assalto IMBEL IA2, no qual está fixada uma face baioneta AMZ, especialmente desenvolvida para tropas de selva, complementado por uma pistola Taurus PT-92 e pelo indispensável facão de mato.  

Materiais utilizados na confecção da ilustração: Papel duplex, lapiseira número 0,5, lapiseira número 2, esfuminho e caneta Stadler. O fundo camuflado e as respectivas insígnias foram incorporados ao desenho por Computação Gráfica (tratamento em Photoshop e CorelDRAW).


* Anderson Subtil é natural de Curitiba-PR, onde estudou na Escola de Música e Belas-artes do Paraná. Trabalha como Artista Gráfico, Arte Finalista e Produtor Gráfico, tanto no mercado editorial quanto na indústria gráfica. Atua, paralelamente, como pesquisador autodidata de assuntos militares e de Defesa, com especial interesse na história da Segunda Guerra Mundial, tropas de relevância histórica e unidades especiais. Compõe o grupo de colaboradores das revistas Tecnologia e Defesa e Tecnologia e Defesa  Segurança, respondendo ainda pela correspondência da afamada revista Espanhola Soldiers RAIDS no Brasil. 





domingo, 28 de maio de 2017

Operações Policiais Especiais no Combate ao "Novo Cangaço" (Parte Final)

Texto elaborado por Laio GIORDANNI Evangelista Melo*.


Fotografia 4: Escudo humano constituído por imposição de assaltantes à banco com base no método violento do Novo Cangaço. (Fonte: Disponível em: http://www.lobonoticias.com.br/2016/03/ Acesso em: 27 mai. 2017).

A simples resposta às ações do Novo Cangaço, não necessariamente, é levada à efeito como uma Operação Especial (OpEsp), sendo recomendado que o combate à iniciativa criminosa seja desencadeado por tropas policiais convencionais. Nesse sentido, haverá uma OpEsp quando identificada a inaptidão dos contingentes policiais regulares em lidar com a ocorrência. Para que uma Operação Policial Especial seja conduzida adequadamente visando o enfrentamento à elementos adversos, é fundamentalmente importante dispor de suporte de Inteligência, mediante acesso a dados concisos e concretos, permitindo executar o planejamento de emboscadas/esperas nas denominadas ‘zona quentes”. Porém ações dessa ordem, embora mais eficientes e fáceis de realizar, são complexas e temerárias, pois podem colocar a população civil no meio do fogo cruzado. Particularmente nesses casos, o ideal é que as OpEsp sejam conduzidas valendo-se da combinação de diferentes recursos de Inteligência (humanos, de imagens, de sinais etc.), com ações de choque de modo a neutralizar o ímpeto dos criminosos ainda durante a fase de preparação do delito, antes que a quadrilha tenha condição de colocar suas intenções em prática.
No que concerne ao trabalho dos operadores policiais especiais que vivenciam sistematicamente a realidade do Novo Cangaço, uma questão relevante a ser considerada é: O que esses operadores poderiam fazer se suas deficiências fossem suprimidas? Essa pergunta refere-se a uma série de problemas relacionados à realidade policial nacional que merecem ser dissertados com mais detalhamento.
A primeira destas questões refere-se ao tipo de armamento empregado pelas Forças de Operações Policiais Especiais para enfrentamentos com quadrilhas equipadas com armamento de grande poder destrutivo. Para os operadores, dispor de máxima eficiência de fogo valendo-se de armas de pequeno volume e peso é um desafio permanente. Logo a expressão “armas de dotação padrão” não fazem nenhum sentido para as unidades policiais não convencionais. O armamento que atende aos requisitos das tropas vocacionadas para ações de retomada e resgate devem atender ao trinômio confiabilidade, discrição e potência, pois são enfretamentos caracterizados tanto pela intensidade quanto pela complexidade. A confiabilidade é essencial uma vez que o resultado da operação depende, em parte, da percepção do operador em relação à credibilidade e eficiência do armamento por ele utilizado. A discrição é relevante, pois nos estágios que antecedem o confronto direto, a prudência na execução das ações se torna um fator crítico, e o emprego de uma arma mais robusta pelos integrantes da equipe de assalto pode prejudicar a sequência da operação. Por sua vez, a potência requerida para os armamentos utilizados em situações dessa ordem deve ser àquela que dispersa energia necessária para eliminar a ameaça sem comprometer a segurança da equipe e/ou de reféns. 
Outra questão relevante refere-se à carência de investimentos das forças estaduais de segurança no que concerne à equipamentos de inteligência e vigilância que produzam fontes de informação, auxiliem no rastreamento, e venham a suprir eventuais vulnerabilidades.


Fotografia 5: Equipe de Rastreio do Grupamento de Ações Táticas Especiais (GATE) da Polícia Militar da Paraíba (PMPB) engajada em uma operação de combate a uma quadrilha do Novo Cangaço. (Fonte: Acervo do GATE da PMPB).  

Uma vez que missões como estas exigem o deslocamento de tropas visando a pronta resposta, também é importante atentar para a demanda de transporte aeromóvel, outra questão que fica muito aquém dos investimentos requeridos, Nesse contexto, o emprego de aeronave ainda facilitaria as perseguições a veículos nos cenários pós-ação criminosa.
Considerando que a ação das quadrilhas que atuam com base no modus operandi do Novo Cangaço, é imprescindível que sejam estabelecidas parcerias com as instituições bancarias, uma vez que elas muito podem contribuir para as Forças de Segurança Pública bem como para e a sociedade. No âmbito das parcerias interagências de segurança, o trabalho conjunto é cada vez mais necessário e relevante devido ao intrincado esforço demandado nas ações para coibir e enfrentar as quadrilhas adeptas da metodologia do Novo Cangaço.
Ainda que os problemas supracitados sejam contornados, os efeitos dessa transformação carecem de uma mudança de atitude por parte da sociedade em relação às Forças de Segurança Pública. Para que a população possa reconhecer e valorizar o trabalho realizado pelas Operações Policiais Especiais sem desvirtuá-lo, é fundamentalmente importante que a sociedade compreenda a que se destinam as tropas dessa ordem de modo a diferencia-las das unidades policiais convencionais. Nesse sentido, a transição do atual estágio de ignorância para com a atividade Policial Especial para um nível mais apurado de percepção somente será experimentado a médio e longo prazo, reconhecimento do qual se valerão, possivelmente, as futuras gerações de Operadores Policiais Especiais.


* O Capitão GIORDANNI pertence ao Quadro de Oficiais Combatentes da Polícia Militar da Paraíba (PMPB), ingressou nas fileiras em fevereiro de 2006 e em 2008 formou-se bacharel em Segurança Pública pela Academia Militar do Cabo Branco – PB. Logo em seguida exerceu atividade de oficial de operações na Tropa de Choque da PMPB até o ano de 2011, no início de 2012 concluiu o Curso de Ações Táticas Especiais daquela força integrando o Grupamento de Ações Táticas Especiais (GATE) da PMPB até os dias atuais. Em 2015 concluiu o Curso de Operações Especiais (COEsp) na Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). Exerce atualmente a função de Comandante da Equipe de Atiradores Policiais de Precisão desta tropa especial. Concluiu, ainda, diversos cursos operacionais na área de segurança.


Aproveite para conhecer o Canal FOpEsp no You Tube. Um espaço desenvolvido como uma extensão deste blog e com a finalidade de valorizar e projetar as unidades militares e policiais de elite. CONFIRA E INSCREVA-SE P/ FORTALECER NOSSO CANAL!!!






segunda-feira, 22 de maio de 2017

Operações Policiais Especiais no Combate ao "Novo Cangaço" (Parte 1)

Texto elaborado por Laio GIORDANNI Evangelista Melo*.


Fotografia 1: Quadrilha armada que atua na modalidade de assalto conhecida como "Novo Cangaço" executa roubo à banco no município de Campos de Júlio região Oeste do estado do Mato Grosso. (Fonte: Disponível em: http://tvtaquari.com.br/chefao-do-novo-cangaco-e-preso-na-bahia-por-policiais-civis-de-mt/ Acesso em: 20 mai. 2017). 

A atual sensação de impunidade de ações delituosas e o descrédito das instituições públicas no Brasil favorece constantemente cenários cada vez mais ofensivos e violentos. A sociedade brasileira atual destaca-se, negativamente, por ser corrompida, consumista, comodista e inculta. Conforme índices recentes, o Brasil é um dos países que apresenta os maiores percentuais de homicídios do planeta. Praticamente 15% dos homicídios do mundo ocorrem em nosso país. Mata-se mais aqui do que na atual Guerra da Síria. Como se não bastasse, apenas 5% desses homicídios são solucionados, sendo seus responsáveis devidamente punidos. Por sua vez, o número de assaltos é o dobro da média mundial, e nesta modalidade criminosa, cuja impunidade é ainda maior. A origem desses índices alarmantes, talvez ocorra por uma questão cultural, política, econômica ou ainda todas estas correlacionadas. Diante de todo esse cenário propício ao crime e destruidor do verdadeiro conceito do termo "nação", vemos o crime organizado dominar e dirigir o país, desde as margens da sociedade ao topo do poder executivo.
Oriundo do crime organizado, o "Novo Cangaço" remonta às investidas do Cangaço no início do século XX, valendo-se da formação de quadrilhas para promover ações violentas e aterrorizantes, saques e pilhagens, utilizando a sociedade como escudo e levando à desmoralização as instituições de segurança. As ações promovidas por essa modalidade de criminosos comumente é confundida, pela opinião pública, com o terrorismo, devido às características semelhantes aos atentados extremistas de orientação político-religiosas. Porém, o Novo Cangaço é uma categoria de ação muito distinta daquela que singulariza os eventos terroristas. Segundo o Historiador Militar Caleb Carr, autor do livro "A Assustadora História do Terrorismo", o terrorismo é definido como:

“[...] a denominação contemporânea e a configuração moderna da guerra deliberadamente travada contra civis, com o propósito de lhes demolir a disposição de apoiar líderes ou políticas que os agentes dessa violência consideram inaceitáveis.”


Fotografia 2: Ocorrência envolvendo artefato explosivo levada à efeito por ação perpetrada por quadrilha armada que opera no contexto do Novo Cangaço. (Fonte: Acervo do GATE da Polícia Militar da Paraíba [PMPB]).

Em seu artigo “Understanding Homegrown Terrorism”, Abu Khawla, escritor e ativista dos Direitos Humanos, destaca que o terrorismo doméstico é:

“[...] um termo que define atentados terroristas cometidos por cidadãos ou residentes permanentes de um Estado contra o seu próprio povo ou governo, sem influência estrangeira, em um esforço para instilar o medo em uma população ou nas autoridades como uma tática para alcançar objetivos políticos, ideológicos ou religiosos.”

As causas terroristas costumam atrair indivíduos que simplesmente utilizam racionalizações filosóficas ou políticas para encobrir a cobiça e o impulso sanguinário. Assim, por suas ações não terem objetivos políticos, religiosos ou ideológicos definidos, sendo perpetradas contra instituições financeiras com o intuito de obter recursos para a prática de outros crimes e/ou consumismo exacerbado, o Novo Cangaço não deve ser classificado como ato de terrorismo.
É sabido que o Novo Cangaço, quando não está diretamente relacionado ao crime organizado ou ao financiamento e manutenção de carreiras políticas corruptas, é motivado pela impunidade intrínseca à justiça brasileira, levando centenas de indivíduos à investida criminosa como solução de seus problemas financeiros, ou servindo como combustível para o consumismo e a “ostentação”.
Normalmente realizadas em cidades do interior do país, a incipiente retaliação por parte das forças de segurança (seja por questões de recursos logísticos; falta de uma estrutura de inteligência ativa e eficiente; escassez do recurso humano capacitado; apoio jurídico; armamentos e equipamentos; entre outros) não ofusca o provável sucesso da investida rápida e violenta em locais extremamente vulneráveis.


Fotografia 3: Quadros operacionais do Grupo Especial de Polícia Marítima (GEPOM) da Polícia Federal em ocorrência conduzida no município de Alvorada do Sul, região metropolitana de Londrina (Paraná), contra quadrilha que atuava com base no modus operandi do Novo Cangaço. (Fonte: Anonima).  

Atuando como ponta de lança no combate a esta modalidade criminosa, as Forças de Operações Policiais Especiais, operam diuturnamente, superando os mais diversos obstáculos (institucionais, políticos logísticos, jurídicos e financeiros), para que a sociedade seja cada vez menos vitimada por ações desta natureza. Para o Historiador Militar Rodney Alfredo P. Lisboa, as Operações Policiais Especiais tratam:

“[...] de intervenções de alto risco, que extrapolam o padrão operacional de rotina e, que valem-se de pessoal, treinamento, armas e equipamentos diferenciados, conduzidas em qualquer ambiente (urbano ou rural), realizadas sob qualquer circunstâncias, buscando a solução de incidentes críticos de forma técnica, legal e ética.”   


É importante esclarecer que o Novo Cangaço, coincidentemente ou não, se vale de preceitos da modalidade de Guerra Irregular (oportunidade, surpresa, sigilo, rapidez, eficiência e determinação) como fatores essenciais para o êxito de suas ações criminosas. Esse fato nos permite realizar algumas reflexões, tais como: As tropas convencionais estão à altura de combater essa modalidade criminosa? Quais são as medidas adotadas pelas Operações Especiais (OpEsp) para combater esses elementos adversos? Qual o papel do Estado e seus interesses considerando esse contexto? Como os serviços de Inteligência podem ajudar as OpEsp e operar nesse cenário de enfrentamento?


Continua...


Aproveite para conhecer o Canal FOpEsp no You Tube. Um espaço desenvolvido como uma extensão deste blog e com a finalidade de valorizar e projetar as unidades militares e policiais de elite. CONFIRA E INSCREVA-SE P/ FORTALECER NOSSO CANAL!!!





terça-feira, 16 de maio de 2017

Caveiras das Montanhas: Processo Histórico das Operações Especiais na Polícia Militar de Minas Gerais (Parte Final)

Texto elaborado por FRANCIS Albert Cotta*.

Fotografia 3: Grupo de Praças da Companhia de Operações Especiais (COE) qualificados como operadores em curso ministrado em 1989 pela Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). (Fonte:  Acervo do Museu Histórico da Polícia Militar de Minas Gerais).

Em 1989, após vários Oficiais retornarem de cursos realizados no Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) do Rio de Janeiro e Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) de São Paulo, os Praças que integravam a Companhia de Operações Especiais (COE) foram qualificados no Curso de Operações Especiais (COEsp)
Em 5 de abril de 1994, a COE, juntamente com o Comando de Radiopatrulhamento Aéreo (CORPAer), recebeu nova denominação: enquanto a COE passou a se chamar Grupamento de Ações Táticas Especiais (GATE), o CORPAer foi designado Grupamento de Radiopatrulhamento Aéreo (GRAer). Essas duas unidades juntas passaram a compor o Batalhão de Missões Especiais.

Com a constituição do GATE e criação do Batalhão de Missões Especiais, era necessário promover a formar dos policiais recém chegados à Unidade. Assim, entre 1996 e 1999 ocorreram diversos COEsp.

No início do século XXI ocorreria nova estruturação dos batalhões da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). Em 2000 o GRAer se tornou unidade autônoma e o GATE se uniu, temporariamente, às companhias das Rondas Táticas Metropolitanas (ROTAM), formando o novo Batalhão de Missões Especiais. Contudo, essa mudança não duraria muito tempo, e no ano seguinte, o GATE se tornaria uma companhia independente, sob a denominação de 4ª Cia de Missões Especiais.


Fotografia 4: Time Tático do Grupamento de Ações Táticas Especiais (GATE) da PMMG em procedimento de varredura de edificação. (Fonte: Fotografia de Zênio Souza).


Neste mesmo ano ocorreria a formalização das equipes táticas do GATE em termos de especialidade: Esquadrão Antibombas; Time Tático; Snipers; Time de Gerenciamento de Crises; Comando de Operações em Mananciais e Áreas de Florestas. Essa dinâmica de especialização proporcionou maior verticalização de conhecimentos teóricos e práticos, resultando em intervenções mais precisas.
Em 2008, o Comandante do Comando de Policiamento Especializado (criado em 2004) determinou a realização de dois COEsp para os integrantes do GATE. A seletiva se deu dentro da Unidade e formou dois cursos compostos por Oficiais e Praças.
Em 13 de janeiro de 2010, a 4ª Companhia Independe de Missões Especiais foi elevada à categoria de batalhão sob a denominação de GATE. Tendo em vista a potencialização de seu efetivo, em 2011 o GATE realizou juntamente com a Academia de Polícia Militar um novo COEsp, agora com processo seletivo previsto em edital da PMMG e aberto aos policiais da Capital e Região Metropolitana de Belo Horizonte. Além do curso realizado em Minas Gerais, os formandos fizeram estágios no BOPE e Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE [Polícia Civil]) do Rio de Janeiro, bem como para o GATE e Comandos e Operações Especiais (COE) de São Paulo.
Em virtude dos Grandes Eventos (Copa das Confederações, Copa do Mundo, Jogos Olimpícos, entre outros) realizados em território nacional, entre 2013 e 2016, o Comando Geral da PMMG, entendendo haver demanda para a formação de novos operadores, determinou a realização de novos COEsp.


Figura 1: Emblema do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE [nova denominação do GATE]) da PMMG. (Fonte: Acervo do BOPE da PMMG). 

Em dezembro de 2016, ocorreria a mudança na denominação do GATE para Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), cujas tarefas, conforme estabelecido na Diretriz Geral para Emprego Operacional da PMMG, devem atender às seguintes responsabilidades:

  • Negociação policial em incidentes críticos (reféns, suicidas armados e movimentos sociais urbanos ou rurais);
  • Resgate de pessoas que se encontrem como reféns ou vítimas de perpetradores de incidentes críticos;
  • Salvamento de cidadãos que estejam portando armas e se encontrem em tentativa de autoextermínio;
  • Prisão de infratores armados que se encontrem barricados;
  • Localização e prisão de infratores que se encontrem em locais de difícil acesso, tais como matas e florestas;
  • Resgate de guarnições policiais que se encontrem em confrontos com infratores fortemente armados no interior de aglomerados urbanos;
  • Desativação de artefatos explosivos improvisados e convencionais;
  • Gestão de incidentes críticos que envolvam ameaças de bombas;
  • Realização de vistorias antibombas em estádios de futebol e locais de grandes eventos;
  • Retomada de estabelecimentos prisionais/internação em situações de rebelião;
  • Proteção de autoridades e pessoas ameaçadas, conforme normas e legislação vigentes;
  • Operações de contraterrorismo.

Com destacada qualificação em OpEsp, os integrantes do BOPE tornaram-se referência em suas respectivas áreas de atuação, ministrando diferentes cursos nos seguintes campos: Contraterrorismo, Operações Antibombas, Negociação, Sniper, Gerenciamento de Crises, Invasões Táticas e Operações em Áreas de Matas e Florestas. Em termos operacionais o BOPE nunca perdeu um refém ou deixou de solucionar os incidentes críticos que gerenciou em todas essas décadas de atuação.


O 1º Tenente FRANCIS atua a 22 anos na comunidade OpEsp da PMMG; Exerce suas atividades profissionais como atual Comandante do Esquadrão Antibombas e Negociador de Crises do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) do estado de Minas; Tem pós doutorado em Direito Penal e Garantias Constitucionais, além de outros dois pós doutorados, respectivamente, em Psicologia e História Social da Cultura.


Aproveite para conhecer o Canal FOpEsp no You Tube. Um espaço desenvolvido como uma extensão deste blog e com a finalidade de valorizar e projetar as unidades militares e policiais de elite. CONFIRA E INSCREVA-SE P/ FORTALECER NOSSO CANAL!!!







domingo, 14 de maio de 2017

Informativo FOpEsp, nº 15

Nota de Falecimento


É com imenso pesar que o blog FOpEsp comunica o falecimento do 1º Tenente Carlos SCHEIFFER, ocorrido por ocasião de uma operação de combate a uma quadrilha de assaltantes de banco em um ambiente de mata localizado no distrito de União do Norte, próximo ao município de Peixoto de Azevedo, no estado do Mato Grosso. Lotado no Batalhão de Operações Policias Especiais (BOPE) do Mato Grosso, o Tenente SCHEIFFER, egresso do 1º Curso de Operações Especiais realizado no Mato Grosso do Sul (ostentando o número 06), é lembrado por seus “irmãos de armas” como um oficial combatente exemplar, que valorizava e se comportava conforme os princípios e valores do mais digno homem das Operações Especiais. Como cabe a um elemento desta seleta estirpe, o Tenente SCHEIFFER tombou de forma heroica combatendo por seus companheiros e ao lado deles sacrificando-se para assegurar os ideais de Ordem e Progresso que estampam nossa bandeira e que deveriam nortear a conduta de todos os brasileiros. Que o Tenente SCHEIFFER encontre a merecida paz ao lado do Senhor nosso Deus, que sua família, companheiros e amigos encontrem na certeza de que sua missão foi cumprida com amor, dedicação e distinção, o conforto para acalentar seus espíritos nesse momento de dor.

1º Tenente Carlos SCHEIFFER

“...É pelo Senhor que nós combatemos e a Ti pertence os louros de nossa vitória, pois Teu é o Reino, o Poder e a Glória para Sempre. Amém!!!”


Ten PMMT Scheiffer Caveira 06 MS

FORÇA & HONRA!!!




quarta-feira, 10 de maio de 2017

Caveiras das Montanhas: Processo Histórico das Operações Especiais na Polícia Militar de Minas Gerais (Parte 1)

Texto elaborado por FRANCIS Albert Cotta*.

Fotografia 1: Alunos do Curso de Comandos realizado na Força Pública do Estado de Minas Gerais entre 1942 e 1943. (Fonte: Acervo do Museu Histórico da Polícia Militar de Minas Gerais).

O historiador Anatólio Alves de Assis, em seu livro “A Polícia Militar de Minas na Paz, nas Guerras e nas Revoluções” aponta como início das atividades de Operações Especiais (OpEsp) na Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) a realização do Curso de Comandos, iniciado em junho de 1942, nas dependências do Departamento de Instrução (DI) da Força Pública do estado. Desde a proclamação da República e diante da natureza do pacto federativo da Primeira República (1889-1930), os Corpos Policiais se tornaram exércitos estaduais, com formação própria dentro de uma perspectiva militar. Nesse contexto, o estado de Minas optou por uma formação de matriz prussiana, contratando em 1912, o Capitão do Exército Suíço Robert Drexler. A Força Pública de Minas tornou-se referência nacional em termos bélicos participando da Revolução de 1930 e da Revolução Constitucionalista de 1932. Nessas primeiras décadas do século XX, em virtude da natureza do pacto federativo, Minas Gerais possuía seu exército estadual com as armas de Infantaria, Artilharia e Cavalaria, sob o comando direto do presidente do Estado.
Em 1942 o Comandante Geral da Força Pública de Minas, Coronel Alvino Alvim de Menezes, convocou em seu gabinete o então Tenente Antonio Heliodoro dos Santos dando-lhe a missão de: 

“(...) arregimentar dez oficiais e 30 sargentos altamente bem selecionados (...) que conservar-se-iam em prontidão permanente e de malas prontas (...) deveriam submeter-se a uma instrução altamente especializada”.

O Primeiro Curso de Comandos de Minas Gerais foi composto por dez Oficiais e 30 Sargentos da Força Pública do estado. O treinamento durou seis meses e seu objetivo seria preparar os militares para executar missões durante a II Grande Guerra Mundial, mais especificamente para a tomada do Arquipélago dos Açores, que seria utilizado como base para tropas dos Estados Unidos da América.
O Curso de Comandos era composto por uma diversidades de treinamentos, tais como: combates de rua; assalto; luta corpo a corpo; marchas extenuantes (especialmente noturnas); exercício de tiro (direto, indireto e mascarado [não só com fuzil ordinário, como também com fuzis-metralhadores, metralhadoras leves e pesadas]). O curso estendeu-se de julho de 1942 a janeiro de 1943, e somente no mês de novembro de 1942 o turno marchou 220 quilômetros. Devido a acordos diplomáticos não houve necessidade de empregar os Comandos Mineiros, entretanto, a semente das OpEsp estava lançada. 
Nova ação na área de OpEsp ocorreria na década de 1960, quando, em 1964, criou-se a Companhia de Missões Especiais (CME), organizada e comandada pelo então Primeiro Tenente Aures de Oliveira Júnior, sendo subordinada ao Batalhão de Policiamento Ostensivo (5º BPM). 
Entre 1966 e 1967 a PMMG realizou a prisão de integrantes da Guerrilha do Caparaó, primeiro movimento armado em forma de guerrilha durante o regime militar. Seus integrantes eram, na sua maioria, egressos das Forças Armadas (FFAA) ligados ao Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR).


Fotografia 2: Alguns dos guerrilheiros presos em meados de década de 1960 na Serra do Caparaó, localizada entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Promovida por ex-militares ligados ao Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR) a insurgência armada, inspirada na guerrilha de Sierra Maestra (Cuba), foi rechaçada pela PMMG. (Fonte: Disponível em: http://m.memorialdademocracia.com.br/card/luta-armada/5 Acesso em: 9 mai. 2017).

Nos anos finais da década de 1970, durante o processo de redemocratização do país, institucionalizou-se o Batalhão de Polícia de Choque (1979). Nele existiam três Pelotões de Polícia de Operações Especiais (PELOPES). A despeito de não estarem previstos no Plano de Articulação do Batalhão, os pelotões funcionaram até 1987. Nesse ano foi criada, formalmente, a Companhia de Operações Especiais (COE). 
Os documentos da PMMG na década de 1980 assim caracterizavam o Batalhão de Choque e as atividades a serem desenvolvidas pela COE:

“O Batalhão de Polícia de Choque constitui a principal Força de Reação do Comando-Geral, seu último esforço. Exige-se, portanto, que seus componentes sejam especialmente treinados e adestrados. Nossa Unidade está preparada para o desencadeamento de ações voltadas para a defesa pública e defesa interna. Nossas missões são hierarquizadas.”

“Dispomos ainda de uma fração adestrada para outras atividades no campo da missão principal:
  • Resgate de reféns, em caso de sequestro com fundo político ou decorrente da criminalidade comum;
  • Repressão a rebeliões ou motins em presídios;
  • Tomadas de locais de homizio;
  • Proporcionar segurança pessoal a altos dignitários, em situações excepcionais;
  • Atuar na limpeza de áreas palco de atos de sabotagem e terrorismo.”

Continua...

Aproveite para conhecer o Canal FOpEsp no You Tube. Um espaço desenvolvido como uma extensão deste blog e com a finalidade de valorizar e projetar as unidades militares e policiais de elite. CONFIRA E INSCREVA-SE P/ FORTALECER NOSSO CANAL!!!


* O 1º Tenente FRANCIS atua a 22 anos na comunidade OpEsp da PMMG; Exerce suas atividades profissionais como atual Comandante do Esquadrão Antibombas e Negociador de Crises do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) do estado de Minas; Tem pós doutorado em Direito Penal e Garantias Constitucionais, além de outros dois pós doutorados, respectivamente, em Psicologia e História Social da Cultura.