Fotografia 1: Alunos do Curso de Comandos realizado na Força Pública do Estado de Minas Gerais entre 1942 e 1943. (Fonte: Acervo do Museu Histórico da Polícia Militar de Minas Gerais). |
O historiador Anatólio Alves de Assis, em seu
livro “A Polícia Militar de Minas na Paz, nas Guerras e nas Revoluções” aponta
como início das atividades de Operações Especiais (OpEsp) na Polícia Militar de
Minas Gerais (PMMG) a realização do Curso de Comandos, iniciado em junho de
1942, nas dependências do Departamento de Instrução (DI) da Força Pública do
estado. Desde a proclamação da República e diante da natureza do pacto
federativo da Primeira República (1889-1930), os Corpos Policiais se tornaram
exércitos estaduais, com formação própria dentro de uma perspectiva militar.
Nesse contexto, o estado de Minas optou por uma formação de matriz prussiana,
contratando em 1912, o Capitão do Exército Suíço Robert Drexler. A Força
Pública de Minas tornou-se referência nacional em termos bélicos participando
da Revolução de 1930 e da Revolução Constitucionalista de 1932. Nessas
primeiras décadas do século XX, em virtude da natureza do pacto federativo,
Minas Gerais possuía seu exército estadual com as armas de Infantaria,
Artilharia e Cavalaria, sob o comando direto do presidente do Estado.
Em 1942 o Comandante Geral da Força Pública
de Minas, Coronel Alvino Alvim de Menezes, convocou em seu gabinete o então
Tenente Antonio Heliodoro dos Santos dando-lhe a missão de:
“(...) arregimentar dez oficiais e 30 sargentos altamente bem selecionados (...) que conservar-se-iam em prontidão permanente e de malas prontas (...) deveriam submeter-se a uma instrução altamente especializada”.
O Primeiro Curso de Comandos de Minas Gerais
foi composto por dez Oficiais e 30 Sargentos da Força Pública do estado. O
treinamento durou seis meses e seu objetivo seria preparar os militares para
executar missões durante a II Grande Guerra Mundial, mais especificamente para
a tomada do Arquipélago dos Açores, que seria utilizado como base para tropas
dos Estados Unidos da América.
O Curso de Comandos era composto por uma
diversidades de treinamentos, tais como: combates de rua; assalto; luta corpo a
corpo; marchas extenuantes (especialmente noturnas); exercício de tiro (direto,
indireto e mascarado [não só com fuzil ordinário, como também com
fuzis-metralhadores, metralhadoras leves e pesadas]). O curso estendeu-se de
julho de 1942 a janeiro de 1943, e somente no mês de novembro de 1942 o turno
marchou 220 quilômetros. Devido a acordos diplomáticos não houve
necessidade de empregar os Comandos Mineiros, entretanto, a semente das OpEsp
estava lançada.
Nova ação na área de OpEsp ocorreria na
década de 1960, quando, em 1964, criou-se a Companhia de Missões Especiais
(CME), organizada e comandada pelo então Primeiro Tenente Aures de Oliveira
Júnior, sendo subordinada ao Batalhão de Policiamento Ostensivo (5º
BPM).
Entre 1966 e 1967 a PMMG realizou a prisão de
integrantes da Guerrilha do Caparaó, primeiro movimento armado em forma de
guerrilha durante o regime militar. Seus integrantes eram, na sua maioria,
egressos das Forças Armadas (FFAA) ligados ao Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR).
Nos anos finais da década de 1970, durante o
processo de redemocratização do país, institucionalizou-se o Batalhão de
Polícia de Choque (1979). Nele existiam três Pelotões de Polícia de Operações
Especiais (PELOPES). A despeito de não estarem previstos no Plano de
Articulação do Batalhão, os pelotões funcionaram até 1987. Nesse ano foi
criada, formalmente, a Companhia de Operações Especiais (COE).
Os documentos da PMMG na década de 1980 assim
caracterizavam o Batalhão de Choque e as atividades a serem desenvolvidas pela
COE:
“O Batalhão de Polícia de Choque constitui a principal Força de Reação do Comando-Geral, seu último esforço. Exige-se, portanto, que seus componentes sejam especialmente treinados e adestrados. Nossa Unidade está preparada para o desencadeamento de ações voltadas para a defesa pública e defesa interna. Nossas missões são hierarquizadas.”
“Dispomos ainda de uma fração adestrada para outras atividades no campo da missão principal:
- Resgate de reféns, em caso de sequestro com fundo político ou decorrente da criminalidade comum;
- Repressão a rebeliões ou motins em presídios;
- Tomadas de locais de homizio;
- Proporcionar segurança pessoal a altos dignitários, em situações excepcionais;
- Atuar na limpeza de áreas palco de atos de sabotagem e terrorismo.”
Continua...
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* O 1º Tenente FRANCIS atua a 22 anos na comunidade OpEsp da PMMG; Exerce suas atividades
profissionais como atual Comandante do Esquadrão Antibombas e Negociador de
Crises do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) do estado de Minas; Tem pós
doutorado em Direito Penal e Garantias Constitucionais, além de outros dois pós
doutorados, respectivamente, em Psicologia e História Social da Cultura.
Boa tarde! Perdoe a minha ignorância,mas me responda uma coisa,esse curso era denominado Curso de comandos?
ResponderExcluirOutra coisa, como eles seriam os caveiras da montanha se o primeiro curso a utilizar a caveira com a adaga foi o curso de comandos?
O Curso não tinha essa designação à época. Nenhum curso o tinha. Trata-se de estudo histórico que, pelas características dos treinamentos desenvolvidos, demonstrou traços do que hoje chamamos de Comandos. São os pioneiros das Operações Especiais. Homens valentes, com habilidades especiais.
ExcluirTexto muito interessante. Qual é a fonte que indica a futura utilização do grupo nos Açores?
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