A simples resposta às ações do Novo Cangaço, não
necessariamente, é levada à efeito como uma Operação Especial (OpEsp), sendo
recomendado que o combate à iniciativa criminosa seja desencadeado por tropas
policiais convencionais. Nesse sentido, haverá uma OpEsp quando identificada a
inaptidão dos contingentes policiais regulares em lidar com a ocorrência. Para
que uma Operação Policial Especial seja conduzida adequadamente visando o
enfrentamento à elementos adversos, é fundamentalmente importante dispor de suporte
de Inteligência, mediante acesso a dados concisos e concretos, permitindo
executar o planejamento de emboscadas/esperas nas denominadas ‘zona quentes”.
Porém ações dessa ordem, embora mais eficientes e fáceis de realizar, são
complexas e temerárias, pois podem colocar a população civil no meio do fogo
cruzado. Particularmente nesses casos, o ideal é que as OpEsp sejam conduzidas
valendo-se da combinação de diferentes recursos de Inteligência (humanos, de
imagens, de sinais etc.), com ações de choque de modo a neutralizar o ímpeto
dos criminosos ainda durante a fase de preparação do delito, antes que a
quadrilha tenha condição de colocar suas intenções em prática.
No que concerne ao trabalho dos operadores
policiais especiais que vivenciam sistematicamente a realidade do Novo Cangaço,
uma questão relevante a ser considerada é: O que esses operadores poderiam
fazer se suas deficiências fossem suprimidas? Essa pergunta refere-se a uma
série de problemas relacionados à realidade policial nacional que merecem ser
dissertados com mais detalhamento.
A primeira destas questões refere-se ao tipo
de armamento empregado pelas Forças de Operações Policiais Especiais para
enfrentamentos com quadrilhas equipadas com armamento de grande poder
destrutivo. Para os operadores, dispor de máxima eficiência de fogo valendo-se
de armas de pequeno volume e peso é um desafio permanente. Logo a expressão
“armas de dotação padrão” não fazem nenhum sentido para as unidades policiais não
convencionais. O armamento que atende aos requisitos das tropas vocacionadas
para ações de retomada e resgate devem atender ao trinômio confiabilidade,
discrição e potência, pois são enfretamentos caracterizados tanto pela
intensidade quanto pela complexidade. A confiabilidade é essencial uma vez que
o resultado da operação depende, em parte, da percepção do operador em relação
à credibilidade e eficiência do armamento por ele utilizado. A discrição é
relevante, pois nos estágios que antecedem o confronto direto, a prudência na
execução das ações se torna um fator crítico, e o emprego de uma arma mais
robusta pelos integrantes da equipe de assalto pode prejudicar a sequência da
operação. Por sua vez, a potência requerida para os armamentos utilizados em
situações dessa ordem deve ser àquela que dispersa energia necessária para
eliminar a ameaça sem comprometer a segurança da equipe e/ou de reféns.
Outra questão relevante refere-se à carência de
investimentos das forças estaduais de segurança no que concerne à equipamentos
de inteligência e vigilância que produzam fontes de informação, auxiliem no
rastreamento, e venham a suprir eventuais vulnerabilidades.
Uma vez que missões como estas exigem o
deslocamento de tropas visando a pronta resposta, também é importante atentar
para a demanda de transporte aeromóvel, outra questão que fica muito aquém dos
investimentos requeridos, Nesse contexto, o emprego de aeronave ainda facilitaria
as perseguições a veículos nos cenários pós-ação criminosa.
Considerando que a ação das quadrilhas que
atuam com base no modus operandi do Novo Cangaço, é imprescindível que sejam
estabelecidas parcerias com as instituições bancarias, uma vez que elas muito
podem contribuir para as Forças de Segurança Pública bem como para e a
sociedade. No âmbito das parcerias interagências de segurança, o trabalho
conjunto é cada vez mais necessário e relevante devido ao intrincado esforço demandado
nas ações para coibir e enfrentar as quadrilhas adeptas da metodologia do Novo
Cangaço.
Ainda que os problemas supracitados sejam
contornados, os efeitos dessa transformação carecem de uma mudança de atitude
por parte da sociedade em relação às Forças de Segurança Pública. Para que a
população possa reconhecer e valorizar o trabalho realizado pelas Operações
Policiais Especiais sem desvirtuá-lo, é fundamentalmente importante que a
sociedade compreenda a que se destinam as tropas dessa ordem de modo a
diferencia-las das unidades policiais convencionais. Nesse sentido, a transição
do atual estágio de ignorância para com a atividade Policial Especial para um
nível mais apurado de percepção somente será experimentado a médio e longo
prazo, reconhecimento do qual se valerão, possivelmente, as futuras gerações de
Operadores Policiais Especiais.
* O Capitão GIORDANNI pertence ao Quadro de Oficiais Combatentes da Polícia Militar da Paraíba (PMPB), ingressou nas fileiras em fevereiro de 2006 e em 2008 formou-se bacharel em Segurança Pública pela Academia Militar do Cabo Branco – PB. Logo em seguida exerceu atividade de oficial de operações na Tropa de Choque da PMPB até o ano de 2011, no início de 2012 concluiu o Curso de Ações Táticas Especiais daquela força integrando o Grupamento de Ações Táticas Especiais (GATE) da PMPB até os dias atuais. Em 2015 concluiu o Curso de Operações Especiais (COEsp) na Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). Exerce atualmente a função de Comandante da Equipe de Atiradores Policiais de Precisão desta tropa especial. Concluiu, ainda, diversos cursos operacionais na área de segurança.
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muito bom!!! parabéns kvr 04
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