Figura 1: Banner de Divulgação do infográfico apresentando a Timeline das Operações Especiais (OpEsp) Brasileiras. (Fonte: Elaborado por Rodney Alfredo P. Lisboa). |
Os
brasileiros não têm memória, não conhecem, valorizam nem cultuam sua própria
história. Ainda que essa afirmação não coincida totalmente com a verdade, ela
está muito próxima dela. Personagens e fatos relevantes de um passado ainda pouco
distante são pouco conhecidos pelas novas gerações, enquanto eventos e figuras
marcantes de épocas remotas são absolutamente ignoradas pela sociedade
contemporânea. Mesmo entre àqueles que possuem conhecimento, não é raro que passagens
históricas sejam tratadas com desdém, deturpadas para se adequar a algum viés
ideológico, ou simplesmente abordadas com o deboche próprio da personalidade “divertida”
dos brasileiros, que segundo o dramaturgo Nelson Rodrigues é fruto da inferioridade
(complexo de vira-lata) em que o povo brasileiro se coloca, voluntariamente, face
do resto do mundo. Ainda que esse artigo não tenha qualquer pretensão de
discutir essa limitante característica do caráter nacional, propomos que cada
um faça sua autocrítica promovendo uma profunda reflexão sobre esse tema.
Pouco
antes de iniciar minhas férias de final de ano, fui incitado por um amigo que é
operador de uma das mais conceituadas tropas especiais das Forças Armadas de
nosso país, a desenvolver um trabalho que integrasse os fatos históricos relevantes
de cada uma das Forças de Operações Especiais (FOpEsp) das três Forças Singulares.
Na ocasião de nossa conversa, meu amigo destacou a dificuldade de se
estabelecer um consenso relacionado à datas, principalmente, em virtude da divergência
de opinião entre os representantes de cada unidade, discordância essa potencializada
pela rivalidade velada própria da comunidade de Operações Especiais (OpEsp).
Como
Historiador que estuda o passado em seus vários aspectos (economia; sociedade; linguagem;
cultura; cotidiano; entre outros) e interpreta criticamente os acontecimentos,
buscando resgatar a memória da humanidade e ampliar a compreensão da condição
humana, me senti impelido a tentar trazer luz à esta questão investigando os
pormenores históricos das unidades de elite militares nacionais. Sem pretender
ser um trabalho conclusivo sobre o tema, essa análise histórica resultou em um
infográfico que apresenta a “Linha do Tempo das Operações Especiais Brasileiras”.
Como ponto de partida, optei por iniciar essa Timeline tendo como referência à
Primeira Invasão Holandesa no Brasil (1624-1625), balizada pelas ações de
emboscada conduzidas pelos “Capitães de Assalto” para expulsar os invasores
batavos de Salvador, cidade baiana que à
época notabilizava-se como sendo a capital da colônia. A justificativa para
essa escolha recai sobre a definição de OpEsp apresentada no Glossário das
Forças Armadas, publicada em 2015 pelo Ministério da Defesa/Estado-Maior
Conjunto das Forças Armadas (MD/EMCFA), segundo o qual apresenta as OpEsp como
sendo:
“Operações conduzidas por forças militares, especialmente organizadas, adestradas e equipadas, visando a consecução de objetivos políticos, econômicos, psicossociais ou militares relevantes, preponderantemente, por meio de alternativas militares não convencionais. [...}”
Assim
sendo, por executar ações de guerra consideradas como sendo fora dos padrões
convencionais para a época, as “Companhias de Emboscadas” que libertaram
Salvador do domínio holandês no século XVII são consideradas como sendo as primeiras ações militares
executadas por tropas brasileiras levadas à efeito como uma OpEsp.
Um país que pretende ser percebido por outros atores como um importante referência no cenário internacional deve, inicialmente, estudar e disseminar as diferentes fases de sua história com comprometimento ético e rigor científico reconhecendo erros e orgulhando-se de suas conquistas. Espero, sinceramente, que o presente estudo agregue valor à discussão histórica inerente às OpEsp e contribua para a diversificação desse conhecimento específico.
Um país que pretende ser percebido por outros atores como um importante referência no cenário internacional deve, inicialmente, estudar e disseminar as diferentes fases de sua história com comprometimento ético e rigor científico reconhecendo erros e orgulhando-se de suas conquistas. Espero, sinceramente, que o presente estudo agregue valor à discussão histórica inerente às OpEsp e contribua para a diversificação desse conhecimento específico.
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