quarta-feira, 25 de maio de 2016

GSG9: Tropa Pioneira na Implementação de Operações Especiais Policiais

Texto elaborado por Rodney Alfredo Pinto Lisboa.

No cenário internacional contemporâneo, as forças de segurança estatais organizam-se no intuito de combater as denominadas “novas ameaças” (crime organizado; tráfico de drogas; tráfico de armas; pirataria; terrorismo; entre outros), que por comprometerem a estabilidade e segurança dos Estados, devem ser confrontadas tanto nas instâncias externas quanto nas instâncias internas de modo a assegurar a Ordem Pública. Atualmente, é comum que as forças policiais disponham de unidades especialmente vocacionadas para enfrentar os expedientes pouco ortodoxos empreendidos por esses agentes adversos. Contudo, na década de 1970 as forças de segurança pública não encontravam-se devidamente preparadas para lidar com ocorrência não convencionais.
Em 1972, a pretexto de evitar uma associação com os Jogos Olímpicos de 1936 em Berlim (quando o regime nazista promoveu a militarização das cidades alemãs em seu benefício), o comitê olímpico alemão promoveu um relaxamento na segurança dos Jogos Olímpicos de Munique, Alemanha. Essa medida, abriu espaço para que o grupo palestino Setembro Negro (facção da OLP [Organização para a Libertação da Palestina]) orquestrasse um atentado contra 11 integrantes da equipe olímpica de Israel. No rescaldo do episódio que entraria para a história como o “Massacre de Munique”, onze reféns, cinco terroristas e um policial foram vitimados fatalmente.


Fotografia 1: Integrantes do GSG9 desembarcam na Alemanha após realizarem a operação de resgate de reféns em Mogadíscio, Somália. (Fonte: Disponível em: http://canalpiloto.com.br/o-sequestro-lufthansa-181-parte-4/ Acesso em: 23 mai. 2016).

Como consequência desta tragédia, bem como em virtude do evidente despreparo da polícia alemã, o governo da Alemanha Ocidental (denominação mais comum da República Federal da Alemanha entre 1949 e 1990, quando ocorreu a unificação com a República Democrática Alemã [Alemanha Oriental]) optou por criar uma unidade policial vocacionada para combater ações violentas perpetradas por organizações terroristas. Baseando-se no modelo do Sayeret Matkal (principal FOpEsp do Exército israelense), os alemães instituíram o GSG9 (Grenshutzgruppe 9 [Grupo de Defesa de Fronteira 9]) na estrutura organizacional da Bundespolizei (Polícia Federal Alemã). O número nove foi incorporado pela unidade, uma vez que na época de sua criação existiam nove grupos operando à serviço da polícia alemã.
O batismo de fogo do GSG9 ocorreu em outubro de 1977, quando um avião da Lufthansa (voo 181 entre Palma de Maiorca, na Espanha, e Frankfurt, na Alemanha) foi sequestrado por quatro militantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina em apoio às ações do Grupo Baader-Meinhof (organização extremista alemã que se opõe ao governo alemão considerado por seus integrantes como sendo fascista). A operação de resgate, denominada “Feuerzauber” (Fogo Mágico), foi conduzida em Mogadíscio (capital da Somália) após um pouso não autorizado. Os quadros operacionais do GSG9 procederam com o assalto aproximando-se da aeronave em pequenos grupos pelo “ângulo morto” da traseira do Boeing 737-200. A invasão ocorreu dinâmica e simultaneamente pela porta da cabine e por ambas portas situadas sobre as asas, surpreendendo os sequestradores. A ação teve seu desfecho computando três terroristas mortos e um ferido. Todos os passageiros, assim como a tripulação foram devidamente resgatados.

Figura 1: Emblema do GSG9. (Disponível em: http://eisenschmiede-gaming.de/forum2/index.php?thread/160-bewerbung-f%C3%BCr-einen-posten-beim-gsg9/Acesso em: 23 mai. 2016).

Assim como o SAS (Serviço Aéreo Especial) desponta como unidade de referência para as FOpEsp militares, o GSG9 figura como tropa de referência para as FOpEsp policiais. O nível de excelência alcançado pelos quadros operacionais do GSG9 atraiu a atenção até mesmo de unidades militares da comunidade OpEsp. No livro “Rogue Warrior”, escrito em 1992, Richard Marcinko, fundador do SEAL Team 6 (atualmente conhecido como DEVGRU [Grupo de Desenvolvimento de Guerra Especial Naval]), destaca que quando da criação da equipe contraterrorista da Marinha dos EUA, os norte-americanos foram buscar suas referências nas expertises de retomada e resgate do GSG9.

Fotografia 2: Quadros operacionais do GSG9 realizam treinamento de ações contraterroristas. (Fonte: Disponível em: http://sek-gsg9-ksk.weebly.com/unterschiede.html Acesso em: 23 mai. 2016).

O GSG9 reúne uma diversidade de experiências operacionais no curso de sua história, a se destacar: a prisão de importantes integrantes do Grupo Baader-Meinhof (1982 e 1993); auxílio para o desfecho com sucesso no sequestro do voo da empresa KLM (com rota da Tunísia para Amsterdã, Holanda) redirecionado para Dusseldorf, Alemanhã (1993); prisão de Metin Kaplan, líder islâmico turco conhecido como “Califa de Colônia” (1999); assessoramento às autoridades filipinas envolvendo sequestro de reféns (2000); liberação de turistas alemães retidos no Egito (2001); prisão de terroristas vinculados aos ataques contra o território norte-americano em 11 de setembro (2001 e 2002); segurança de quatro membros da THW {German Technisches Hilfswerk [organização  governamental alemã] em Bagdá, Iraque (2003); segurança de funcionários da embaixada alemã em Bagdá (2004).





Um comentário:

  1. Só esqueceu de mencionar que no resgate de Mogadishu o GSG9 teve ajuda de 4 componentes do SAS britanicos

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