terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Operações Especiais e a Essência do “Ser”

Texto elaborado por Laio GIORDANNI Evangelista Melo*.

Fotografia 1: Quadros operacionais do Grupamento de Ações Táticas (GATE) da Polícia Militar da Paraíba (PMPB) participam de Intervenção tática em estabelecimento prisional situado no município de Campina Grande. (Fonte: Acervo do GATE da PMPB).

Na atualidade, em pleno século XXI, as Operações Especiais (OpEsp) tomam cursos de formação cada vez mais importantes e dinâmicos, devido, principalmente, a um conjunto de fatores: ao ser humano extremamente mutável e violento; a um espaço físico cada vez mais disputado e globalizado; às politicas de governo vigentes. Logo, as OpEsp que já existiam desde a Antiguidade, tornam-se cada vez mais comuns e necessárias, produzindo operações valorosas e conhecidas tanto em cenários civis, quanto militares.
São inúmeros os exemplos das operações que refletem o valor, a perícia e a importância dos seus feitos, entre as quais citaremos apenas alguns breves e conhecidos exemplos: Operação Thunderbolt Entebbe (retomada de aeronave em Uganda, 1976); Operação Nimrod (retomada de reféns mantidos em cativeiro na Embaixada Iraniana em Londres, 1980); Operação Red Wing, (combate entre guerrilheiros afegãos e uma patrulha de Reconhecimento dos SEALs da Marinha norte-americana, 2005), Operação de ocupação do Complexo de Favelas do Alemão visando a captura de traficantes no Rio de Janeiro, 2010); Operação Neptune Spear objetivando a eliminação de Osama Bin Laden, 2001); entre diversas outras.
Desta feita, as OpEsp, bem como seus operadores, são comumente alvos de inspiração e suas façanhas os tornam heróis reais. Contudo, tais ações e feitos possuem diversas consequências a serem estudadas, e neste momento buscaremos analisá-las por uma perspectiva específica: a essência do que de fato venha a ser o “sentir” as OpEsp, e o que isso representa, sobretudo, para os operadores que as executam.
O fato das OpEsp estarem na “moda” – como é possível notar em filmes, livros, jornais, revistas, vídeos, documentários, seriados, etc; bem como a admiração demonstrada por jovens que buscam nas OpEsp acrescentar ação e aventura em suas carreiras militares e/ou policiais; ou ainda o entusiasmo manifestado por leigos, simpatizantes dos princípios, doutrinas, equipamentos, armamentos, vestimentas, comportamentos, técnicas e táticas peculiares às OpEsp – , não deve incidir em uma percepção superficial da atividade, de maneira a permitir que tais ações sejam vistas e absorvidas apenas para alimentar propósitos momentâneos e individualistas que possibilitam ao operador desenvolver um comportamento e conduta inapropriados com a natureza das OpEsp, tais como: egocentrismo, narcisismo, vaidade, onipotência, onisciência, onipresença, esquecimento dos princípios éticos e morais basilares das OpEsp.


Fotografia 2: Equipe do GATE da PMPB tomam parte em uma ocorrência envolvendo o resgate de reféns em uma agência dos Correios localizada na capital João Pessoa. (Fonte: Acervo do GATE da PMPB).

O homem de OpEsp é importante e valoroso, não apenas pelo que ele pode e é capacitado a fazer, mas também pelo que ele representa, pelo que ele inspira. Deve ser repleto de humildade, patriotismo, compromisso, motivação, força, perseverança e liderança. E é importante frisar que liderar não é a mesma coisa que chefiar. Homens de OpEsp devem ser liderados, jamais chefiados! O homem de OpEsp deve ser sempre uma referência, um exemplo para outras pessoas e, ainda mais, para os demais operadores (os quais podem ainda não ser tão capacitados e preparados quanto ele).
O homem de OpEsp representa um passado de feitos históricos e heroicos, representa homens que viveram e morreram por servir a ideais e propósitos maiores do que eles. Ostentar uma manicaca (patche de braço) e/ou um brevê de OpEsp e saber que você se comprometeu a fazer o mesmo diuturnamente, representa um futuro de expectativas, de esperança e evolução na defesa dos “oprimidos, indefesos e escravizados”.
O “ser” OpEsp é muito mais que tirar fotos de braço cruzados (talvez, denotando estar fechado) e ou olhando por cima (talvez, denotando soberba e arrogância), é muito mais do que ostentar uma caveira, um tridente, uma águia ou uma adaga num uniforme diferenciado, é muito mais do que ter acesso a conhecimentos e informações sigilosas/confidenciais, é muito mais do que participar de operações extremamente complexas, valorosas e perigosas. O “ser” OpEsp é saber o valor de tudo isso em essência, é viver constantemente seus princípios, é proporcionar a manutenção e a evolução da doutrina, é estar disposto a se sacrificar (em todos os sentidos) pela sua nação, é operar com o coração (não com o bolso), é instruir e esclarecer o leigo, é, também, como salientado por Eric L. Haney (autor do livro “Força Delta: por dentro da tropa antiterrorista americana”):


Operações Especiais são como ferro em brasa que marca a alma, e depois, faz com que vejamos o mundo para sempre por meio de um conjunto singular de filtros mentais. Quanto mais profunda e intensa é a experiência, mais quente é o metal e mais profunda a marca do indivíduo.

Ser OpEsp... é ouvir, chorar, e sorrir ao lado de seu "irmão Comandos". 

Figura 1: Insígnia do Grupamento de Ações Táticas Especiais (GATE) da Polícia Militar da Paraíba. (Fonte: Acervo do GATE da PMPB).

* O 1º Tenente GIORDANNI pertence ao Quadro de Oficiais Combatentes da Polícia Militar da Paraíba (PMPB), ingressou nas fileiras em fevereiro de 2006 e em 2008 formou-se bacharel em Segurança Pública pela Academia Militar do Cabo Branco – PB. Logo em seguida exerceu atividade de oficial de operações na Tropa de Choque da PMPB até o ano de 2011, no início de 2012 concluiu o Curso de Ações Táticas Especiais daquela força integrando o Grupamento de Ações Táticas Especiais da PMPB até os dias atuais. Em 2015 concluiu o Curso de Operações Especiais na PMMG. Exerce atualmente a função de Comandante da Equipe de Atiradores Policiais de Precisão desta tropa especial. Concluiu, ainda, diversos cursos operacionais na área de segurança.




5 comentários:

  1. Obg pela oportunidade Professor Rodney, meu irmão!Poder contribuir com as OpEsp é uma grande honra para mim e minha unidade! Glória a Deus!
    CAVEIRAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!

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  2. Parabéns pela iniciativa e pelo texto. Que prospere a boa prática. Lembrar que alcançamos em 2016, o índice de todos os reféns liberados vivos e todos os policiais militares absolvidos!

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  3. Padrão,muito bom, excelente publicação, Deus continue abençoando sempre os OEs.Caveira!!

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  4. Excelente artigo,sintetizando a essência de um verdadeiro guerreiro de Operações Especiais.

    Sgt Cleiton Silva BOPE DF

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