quinta-feira, 13 de abril de 2017

A Face "Verde" da Batalha: Engajamento das Equipes SEAL na Região do Delta do Rio Mekong Durante a Guerra do Vietnã. (Parte 1)

Adaptação de artigo publicado por Rodney Alfredo Pinto Lisboa na Revista Marítima Brasileira, v. 133, n. 10/12, out./dez. 2013, p. 161-172.

Fotografia 1: Operador SEAL utilizando pintura facial em tom verde, padrão de camuflagem que atribuiu notoriedade às Equipes SEAL (SEAL Teams) entre a milícia Vietcongue. (Fonte: Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/420805158906386205/Acesso em: 12 abr. 2017).

Localizada na região sudeste da Ásia, a Indochina (região que compreende a Cochinchina, Annan e Tonquim [regiões sul, central e norte do Vietnã, respectivamente], além do Laos e do Camboja), viu arrefecer a administração francesa no decorrer da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) quando a França foi levada a render-se perante a ameaça representada pela Alemanha Nazista.
Contando com a colaboração britânica em decorrência da Conferência de Potsdam (Alemanha) realizada em 1945, a França foi reintroduzida no território indochinês retomando a administração na região sul. O acordo firmado inicialmente entre a administração francesa e Ho Chi Minh, líder do Partido Comunista e chefe do governo norte-vietnamita, permitindo a presença temporária de tropas francesas no sul mediante reconhecimento da legitimidade da República Democrática do Vietnã, foi rompido quando a França persistiu em manter um governo colonial na Cochinchina, atitude que serviu como o estopim para o conflito entre as tropas francesas e o exército do movimento revolucionário de libertação nacional (Vietminh), que recebeu apoio substancial da China e da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
As adversidades enfrentadas em consequência de constantes derrotas em um confronto de natureza assimétrica levou a França a buscar auxílio financeiro junto ao governo dos EUA. Entretanto, em maio de 1954, os franceses foram subjugados pelo exército Vietminh, o que determinou o início das tratativas que acabaram por definir um acordo militar que dividia o Vietnã na altura do paralelo 17, originando o Vietnã do Sul (sob controle francês) e o Vietnã do Norte (sob autoridade do Vietminh).


Fotografia 2: Rede hidrográfica do Delta do Rio Mekong (localizada na região da Cochinchina) que compreendia a principal área de operações das equipes SEAL entre 1964-1973, período em que permaneceram engajadas na Guerra do Vietnã. (Fonte: Disponível em: http://www.stelar-s2s.org/impact/impact_overview.html Acesso em: 12 abr. 2017).

Atendendo ao apelo do governo sul-vietnamita e mostrando-se preocupado com a influência e ascensão do comunismo na região, John Fitzgerald Kennedy, então presidente dos Estados Unidos da América (EUA), enviou operadores das Forças Especiais do Exército para prover o treinamento do exército do Vietnã do Sul em táticas de guerrilha. Todavia, o envolvimento efetivo dos EUA na Guerra do Vietnã (1955-1975) ocorreria a partir de 30 de julho de 1964, por ocasião de um suposto ataque realizado por forças norte-vietnamitas contra o USS Maddox, contratorpedeiro estadunidense que patrulhava o golfo de Tonquim.
A Guerra do Vietnã tornou-se a prova de fogo para os SEALs (Sea, Air and Land Teams [Equipes de Mar, Ar e Terra]) da Marinha norte-americana, impondo-lhes responsabilidades e desafios que testavam o máximo de suas habilidades em tarefas distintas. Antes do envolvimento formal dos EUA no conflito, os SEALs foram enviados para a cidade de Da Nang (Vietnã do Sul) como consultores militares para prover o adestramento dos Lien Doi Nguoi Nhia (LDNN [unidade LDNN que opera de forma equivalente aos SEALs]), bem como das Unidades de Reconhecimento Provincial (Provincial Reconnaissance Units [PRU]), constituídas por milícias locais somados a mercenários oriundos do Laos e do Camboja.. Entre 1962 e 1964 operadores SEAL subordinados à Agência Central de Inteligência (Central Intelligence Agency [CIA]), realizaram o adestramento das LDNN e das Equipes de Demolição Submarina (Underwater Demolition Units [UDTs]) como parte do Planejamento Operacional 34A, que previa o engajamento dessas unidades contra alvos situados em território norte-vietnamita.


Fotografia 3: Membros do pelotão X-Ray da ST-1 e integrantes da LDNN sul-vietnamita. Os SEALs usavam uniforme descaracterizado (incluindo trajes civis) e armamento não convencional como a metralhadora Stoner 63A1 5,56mm de uso exclusivo das Equipes SEAL. (Fonte: Disponível em . Acesso em: 12 abr. 2017).

Particularmente no que se refere às PRUs, é importante destacar que tais organizações participaram do controverso “Programa Phoenix”, que previa o emprego de população nativa para identificar e neutralizar a infraestrutura da FLN. A controvérsia envolvendo o Programa Phoenix implicava a CIA, acusada de ser a responsável pelo desenvolvimento e implementação de procedimentos de captura e prisão de suspeitos, a fim de obter informações (valendo-se de métodos controversos) sobre possíveis inimigos do governo sul-vietnamita com o objetivo de eliminar eventuais focos de resistência Vietcongue nas aldeias. As unidades de campo das PRUs, denominadas “Caçadores-Executores” (Hunter-Killer), apresentavam contingente miscigenado de militares norte-americanos e sul-vietnamitas. As formações de Caçadores (compostas por cinco homens) eram encarregadas de localizar o inimigo, enquanto as formações de Executores (constituídas de outros cinco integrantes) encarregavam-se de estabelecer contato direto enfrentando os oponentes eliminando-os quando necessário. Com a entrada dos EUA na guerra e a efetiva introdução das Equipes SEAL nas operações de combate a ênfase dada aos objetivos desse programa rapidamente desvaneceu levando-o à gradativa extinção, fato que ocorreu em 1972.


Continua...


Aproveite para conhecer o Canal FOpEsp no You Tube. Um espaço desenvolvido como uma extensão deste blog e com a finalidade de valorizar e projetar as unidades militares e policiais de elite. CONFIRA E INSCREVA-SE!!!



Nenhum comentário:

Postar um comentário