No mundo contemporâneo caracterizado pela competitividade em todas as esferas de atuação, questões relacionadas à liderança devem ser profundamente analisadas por pessoas e instituições que atribuem à função do líder uma considerável parcela de responsabilidade pelos bons resultados obtidos seja em âmbito pessoal ou coletivo. Seja a liderança conquistada de maneira formal (por merecimento ou eleição) ou informal (que surge de forma absolutamente natural), e ainda que o ofício de líder possa variar conforme a atividade desempenhada, a ação de liderar está intrinsecamente relacionada à capacidade de comandar, gerenciar e influenciar pessoas.
Ainda que o desenvolvimento e/ou
aprimoramento das capacidades de liderança sejam desejáveis, sobretudo, em
atividades profissionais que dependem da dinâmica do trabalho realizado em
grupos para alcançar os resultados almejados, o tipo de liderança a que nos
referimos aqui é uma categoria peculiar, exercida em situações de criticidade,
pressão e risco elevados, às quais exploram o máximo das competências (moral,
intelectual e psicológica) do indivíduo que lidera.
Considerando que a presente abordagem enfoca
a liderança no contexto das atividades militares, é imprescindível esclarecer
que qualquer análise, necessariamente, deve levar em conta o tripé formado pelo
líder; seus seguidores e ambiente organizacional, para que o desenvolvimento
dessa relação ocorra de forma harmônica evitando desproporções (discrepâncias).
Diferente do que acontece nas tropas convencionais, onde a liderança é exercida
com base em um sistema de relações hierárquicas (normalmente o exercício da
liderança é atribuído às patentes mais elevadas), no contexto das Forças de
Operações Especiais (FOpEsp), ainda que a hierarquia necessariamente tenha que
ser respeitada, há uma flexibilidade própria da atividade que possibilita ao
operador se valer de sua liberdade intelectual e experiência pessoal como
prerrogativa para o exercício de liderança, mesmo que pontual, independente da
patente ostentada.
Como convém a qualquer FOpEsp, é essencial
que todos os integrantes do destacamento operacional/ equipe tática inserida na
Área de Operações (AO) possuam o conjunto de predicados que os capacitem a
exercer liderança. No decorrer dos engajamentos conduzidos com base no método
de Ação Direta, por mais que o comando das ações táticas esteja à cargo do militar
mais graduado da equipe, caso ele seja impossibilitado de continuar a comandar
a função de líder é prontamente assumida pelo segundo operador na cadeia de
comando e assim sucessivamente. Essa forma de liderança decorre de maneira
circunstancial, surgindo a partir de situações que oportunizam ao militar, por
ocasião de sua graduação e/ou capacidades específicas, exercer momentaneamente
a função de líder.
Em virtude da necessidade de capacitar todos os Elementos de Operações Especiais (ElmOpEsp) no ofício de liderar, cabe aos processos seletivos e cursos de formação de operadores o desafio de abranger em sua estrutura curricular a aquisição/aprimoramento dos atributos de liderança juntamente com as demais qualidades essenciais à atividade OpEsp, a saber: agressividade controlada; estabilidade emocional; disciplina consciente; espírito de corpo; flexibilidade; honestidade; iniciativa; lealdade; perseverança; versatilidade.
Por ocasião das ações levadas à efeito como uma operação de natureza especial, é fundamentalmente importante que o militar que lidera tenha conhecimento das diferentes Técnicas, Táticas e Procedimentos (TTP), bem como das características relacionadas à tríade: líder; grupo; situação. Na condução das atividades operativas, é pouco provável que a equipe cumpra com seu(s) objetivo(s) tendo um líder tecnicamente despreparado, que ignora as capacidades de seus comandados, e que não esteja devidamente adaptado à situação que a ele se apresenta. Assim, é imprescindível que o líder faça um diagnóstico do grupo sob seu comando de modo a adequá-lo à ocorrências e ambientes distintos.
Por ocasião das ações levadas à efeito como uma operação de natureza especial, é fundamentalmente importante que o militar que lidera tenha conhecimento das diferentes Técnicas, Táticas e Procedimentos (TTP), bem como das características relacionadas à tríade: líder; grupo; situação. Na condução das atividades operativas, é pouco provável que a equipe cumpra com seu(s) objetivo(s) tendo um líder tecnicamente despreparado, que ignora as capacidades de seus comandados, e que não esteja devidamente adaptado à situação que a ele se apresenta. Assim, é imprescindível que o líder faça um diagnóstico do grupo sob seu comando de modo a adequá-lo à ocorrências e ambientes distintos.
Uma questão que merece ser debatida refere-se
ao sentimento mútuo de pertencimento e camaradagem que o líder e os comandados
nutrem para com sua equipe. Constituída com base em fenômeno da Psicologia denominado “Instinto Gregário”, a personalidade do grupo de operadores que
compõem a equipe fundamenta-se na combinação de personalidades dos militares
que a integram, levando o ElmOpEsp a substituir a percepção individual (eu) por
uma percepção coletiva (nós) que cria uma profunda ligação de respeito, confiança
e senso de objetivo comum, enquanto evidencia uma sensação de incompletude
quando o indivíduo se sente só.
No que concerne ao papel do líder de OpEsp, o comportamento pessoal é uma “ferramenta” crucial para estabelecer e cultivar uma relação de vínculo com os comandados. Assim, ainda que o carisma pessoal contribua para despertar a empatia, as atribuições de liderança são legitimadas quando o líder adota uma conduta apropriada (liderar pelo exemplo), postando-se, relacionando-se e comunicando-se de forma direta e transparente com seus subordinados.
No que concerne ao papel do líder de OpEsp, o comportamento pessoal é uma “ferramenta” crucial para estabelecer e cultivar uma relação de vínculo com os comandados. Assim, ainda que o carisma pessoal contribua para despertar a empatia, as atribuições de liderança são legitimadas quando o líder adota uma conduta apropriada (liderar pelo exemplo), postando-se, relacionando-se e comunicando-se de forma direta e transparente com seus subordinados.
O
caráter muitas vezes sensível e urgente das OpEsp não dá margem para dúvidas ou
hesitações. Assim, tão importante quanto a precisão das ações executadas no
curso da operação, é tarefa do líder tomar decisões críticas que podendo
resultar em ameaça à interesses político-estratégicos e/ou risco de morte,
forçando-o a assumir os encargos que lhe cabem por ocasião dos resultados
obtidos no desfecho da missão (Responsabilidade de Comando).
Por mais que os atributos de liderança possam
ser adquiridos (mediante processos distintos) por um indivíduo que não tenha
manifestada tal predisposição, a classe de líderes inatos que nascem com tal
predicado e promovem o aprimoramento dessa virtude no decorrer de sua vida
operativa sempre produzirá comandantes mais apurados.
Em uma palestra ministrada em fevereiro de 2012 para um público de seiscentas pessoas no auditório da Stanford Graduate School of Business, Stanley Allen McChrystal, General de quatro estrelas (reformado) do Exército norte-americano que entre 2003 e 2006 comandou o Comando de Operações Especiais Conjuntas (Joint Special Operations Command [JSOC]) dos EUA, declarou que o exercício da liderança não é fruto de um dom ou talento mas a consequência de uma escolha. Ponderando acerca da afirmação feita pelo General McChrystal, é possível presumir que pessoas que manifestam essa virtude podem, por opção, falta de conhecimento ou oportunidade, não exercitá-la. Entretanto, àqueles que optarem pela prática da liderança, independente desta manifestar-se de forma inata (dom) ou adquirida (talento), devem prepara-se sistemática e convenientemente para essa difícil incumbência.
Em uma palestra ministrada em fevereiro de 2012 para um público de seiscentas pessoas no auditório da Stanford Graduate School of Business, Stanley Allen McChrystal, General de quatro estrelas (reformado) do Exército norte-americano que entre 2003 e 2006 comandou o Comando de Operações Especiais Conjuntas (Joint Special Operations Command [JSOC]) dos EUA, declarou que o exercício da liderança não é fruto de um dom ou talento mas a consequência de uma escolha. Ponderando acerca da afirmação feita pelo General McChrystal, é possível presumir que pessoas que manifestam essa virtude podem, por opção, falta de conhecimento ou oportunidade, não exercitá-la. Entretanto, àqueles que optarem pela prática da liderança, independente desta manifestar-se de forma inata (dom) ou adquirida (talento), devem prepara-se sistemática e convenientemente para essa difícil incumbência.
Boa a leitura.
ResponderExcluirMuito boa a matéria!.Hoje em nossas unidades precisamos mais de líderes do que de chefes.Como disse o Gen Mcchrystal, isso é uma questão de escolha.
ResponderExcluirPara se aprofundar no assunto, deixo como sugestão aos leitores do blog, os livros:Team of Teams e My share of the Task, ambos do Gen Macchrystal que trata de sua experiência no comando das operações especias conjuntas na guera do Iraque durante os anos de 2003 a 2008.Além das narrativas das ações conduzidas pelas tropas sob seu comando, o general dá conselhos úteis ao exercício de uma boa liderança.Esses livros podem ser adquiridos diretamente na Amazon.Infelizmente ainda não temos a tradução em português.
Imensamente agradecido pela contribuição Francisco. Forte abraço!
ExcluirBoa noite! Obrigado por publicar esse belíssimo texto.
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