Texto elaborado por Rodney Alfredo Pinto Lisboa.
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Fotografia 8: Quadros operacionais do 1º Batalhão de Ações de Comandos (1º BAC). (Fonte: Acervo do COpEsp).
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Entre as décadas de 1970 e 1980, a série de
ações terroristas perpetradas mundo afora por organizações fundamentalistas
evidenciou a necessidade das Forças de Defesa nacionais desenvolverem formas
eficientes de combater tal ameaça. Caracterizada pelo uso político da violência
com a finalidade de provocar medo e exercer pressão sobre os Estados valendo-se
da mídia para difundir a causa de seus perpetradores, os ataques terroristas prosperaram
devido a sua natureza irregular (mutável), fato que comprometia o enfrentamento
dessa adversidade por estarem as Forças Armadas (FFAA) da maioria dos países preparadas
e aparelhadas para travar confrontos predominantemente de caráter regular característicos
da Guerra de Atrito. Diante desse infortúnio, os Estados alvos da iniciativa
terrorista passaram a investir na formação de tropas especializadas aptas a
antagonizar inimigos que lançavam mão desse artifício para alcançar seu
intento. Nesse
período surgiram unidades contraterroristas de diferentes nacionalidades, a se
destacar: 22nd SAS (22nd Special Air Service [22º Serviço Aéreo Especial])
britânico; GSG9 (Grenzschutzgruppe 9 [Grupo 9 da Guarda de Fronteira]) alemão;
GIGN (Groupe d'Intervention de la Gendarmerie Nationale [Grupo de Intervenção
da Gerdarmerie Nacional]) francês; 1st SFOD-Delta (1st Special Forces
Operational Detachment – Delta [1º Destacamento Operacional de Forças Especiais
– Delta]) e DEVGRU (Naval Special Warfare Development Group [Grupo de Desenvolvimento
de Guerra Especial Naval]) norte-americanos.
No Brasil, a criação de uma unidade
contraterrorista nacional ocorreu no decorrer da década de 1980 a partir do
interesse norte-americano de incluir seus militares em manobras realizadas na
região amazônica. Para viabilizar a participação de suas tropas nos exercícios
conduzidos na Amazônia, a inédita contrapartida apresentada pelo Exército dos
EUA (U.S. Army) considerava uma
visita de quadros operacionais do 1º BFEsp (1º Batalhão de Forças Especiais) ao reservado
(secreto) 1st SFOD-Delta, cujas tarefas operacionais eram desempenhadas
prevendo risco elevado e nível máximo de criticidade.
A impressão causada pelas capacidades do 1st
SFOD-Delta junto aos militares brasileiros foi tamanha, que a performance dos
operadores norte-americanos influenciaram na posterior criação do Destacamento
Especial de Ações de Comandos (DEACOM) no final dos anos 1980. Também conhecido
como Destacamento Alfa-Ômega (DstAlfa-Ômega), esse elemento de emprego inicialmente ficou subordinado
à Brigada de Infantaria Paraquedista (BdaInfPqdt), sendo constituído para
operar sob autoridade do vislumbrado Comando de Operações de Unidades Especiais
(COpUEsp), unidade operacional do Exército Brasileiro (EB) resultante de um
estudo iniciado em 1987 com projeção para se instalar futuramente no Forte do
Camboatá. Todavia, mesmo atendendo às exigências do conturbado cenário
contemporâneo, o DstAlfa-Ômega não prosperou, permanecendo ativo
apenas entre 1989 e 1990 devido à falta de prioridade a ele atribuída na época
pelo EB. Essa lacuna seria preenchida posteriormente, quando da instituição do 1º Destacamento de Contraterrorismo (1º
DCT) vinculado ao 1º
BFEsp.
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Fotografia 9: 1º Destacamento de Contraterrorismo (1º DCT) do 1º Batalhão de Forças Especiais (1º BFEsp). (Fonte: Acervo do COpEsp).
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Como reflexo dos atentados terroristas
perpetrados pela al-Qaeda em 11 de setembro de 2001 nas cidades
norte-americanas de Nova York e Washington, a concepção de criação de um
COpUEsp na estrutura organizacional do EB ganhou força, resultando na criação
da Brigada de Operações Especiais (BdaOpEsp) em junho de 2002. Subordinada ao Comando da BdaInfPqdt, a nova
unidade operacional permaneceu sediada na cidade do Rio de Janeiro-RJ. Uma das
consequências imediatas da constituição da BdaOpEsp foi a elevação das Ações de
Comandos do nível de Companhia para Unidade, fato que promoveu a instituição do
1º Batalhão de Ação de Comandos (1º BAC).
O ano de 2002 é significativo para a história
das OpEsp do EB não apenas pela constituição da BdaOpEsp, mas também pela criação
do Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOpEsp), uma reivindicação
manifestada inicialmente pelo grupo de operadores Forças Especiais (FE)
pioneiros graduados em 1957. Como unidade-escola orgânica da BdaOpEsp vinculada à Diretoria de
Educação Técnica Militar (DETMil) e ao Departamento de Educação e Cultura do
Exército (DECEx), o CIOpEsp
primeiramente teve sua sede acomodada no Forte do Camboatá, sendo transferida
em 2011 para o Forte Imbuhy, no município de Niterói-RJ. Operando
na condição de estabelecimento de ensino militar vocacionado para a formação de
Elementos de Operações Especiais (ElmOpEsp), são atribuições do CIOpEsp: promover a capacitação dos
recursos humanos que integram as organizações militares da BdaOpEsp; contribuir para o
desenvolvimento da doutrina de OpEsp no EB; fomentar e conduzir pesquisas e
experimentações de novas técnicas operacionais e de equipamentos peculiares às
tropas especiais.
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Fotografia 10: Pórtico do Forte Imbuhy em Niterói-RJ, local que atualmente hospeda o Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOpEsp). (Fonte: Acervo do COpEsp). |
Ainda em 2001, antecedendo a criação da
BdaOpEsp, o General de Brigada Álvaro de Souza Pinheiro, qualificado como
operador FE em 1970, exercendo a função de 3º Subchefe do Estado-Maior
do Exército, apresentou uma proposta para a formação de uma Grande Unidade de
Operações Especiais junto ao EB. Em 2003, tendo a BdaOpEsp se tornado uma realidade, a 3ª
Subchefia do Estado-Maior do Exército realizou estudos pormenorizados acerca
das possibilidades do emprego estratégico das Forças de Operações Especiais
(FopEsp) do EB. Nesse contexto, cabe esclarecer que havia na Força Terrestre uma eminente corrente
de pensadores que julgava adequado para uma Grande Unidade de OpEsp
constituir-se não como uma Grande Unidade de Infantaria Leve, mas como um
Comando Operacional com capacidade de prover o devido suporte a tropas
especializadas na condução de tarefas de natureza especial: Ação Direta; Ação
Indireta; Reconhecimento Especial. Assim, embora a terminologia “Brigada” tenha
se mantido, a concepção estratégica para o emprego das OpEsp do EB prevaleceu.
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Figura 3: Distintivo da Brigada de Operações Especiais (BdaOpEsp), posteriormente assumido pelo Comando de Operações Especiais (COpEsp) quando da instituição dessa grande unidade operacional em 2014. (Fonte: Acervo do COpEsp).
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No
estudo que considerava a possibilidade de criação da BdaOpEsp foram avaliadas três alternativas de
localização de sua sede: Rio de Janeiro-RJ; Brasília-DF; Goiânia-GO. Por
acreditar ser relevante oferecer às suas FOpEsp as condições mais favoráveis
para a formação e adestramento dos ElmOpEsp, assegurar a manutenção da
operacionalidade, o Alto Comando do Exército, julgando ser fundamentalmente
importante promover a descentralização de tropas do Estado do Rio de Janeiro,
optou por transferir a BdaOpEsp para a região geográfica de Goiânia em 2013. Na
capital goiana, a BdaOpEsp passou a ocupar as instalações da 3ª
Brigada de Infantaria Motorizada (3ª BdaInfMtz), transferida para a cidade de
Cristalina-GO, tendo sua existência como unidade gestora oficializada a partir
do dia 1º de janeiro de 2014. Na
época de sua criação a BdaOpEsp reunia sob sua autoridade: BAdm (Base
Administrativa); 1º BFEsp; 1º BAC; DApOpEsp (Destacamento de Apoio às
Operações Especiais); DOpPsico (Destacamento de Operações Psicológicas); 1º PelDQBN (1º Pelotão de Defesa Química, Biológica e
Nuclear); 3ª CiaFEsp (3ª Companhia de Forças Especiais); 6º PelPE (Pelotão de Polícia do Exército); CIOpEsp.
Especificamente no que se refere à 3ª
CiaFEsp cabe um esclarecimento. Por ser vocacionada para operar na região norte
do Brasil, a FORÇA 3 (como é informalmente conhecida) encontra-se localizada em
Manaus-AM mantendo-se subordinada ao Comando Militar da Amazônia (CMA) e
estando vinculada para efeito de emprego à BdaOpEsp.
Por
ocasião da filosofia de emprego que considera o engajamento das OpEsp em todos
os níveis de condução da crise/guerra (política; estratégica; operacional;
tática) conforme as particularidades e necessidades do Estado brasileiro, em 27
de março de 2014 a BdaOpEsp teve sua denominação alterada para Comando de
Operações Especiais (COpEsp). Na condição de Grande Unidade Operacional do EB, o
COpEsp tornou-se subordinado ao Comando Militar do Planalto (CMP), permanecendo
vinculado ao Comando de Operações terrestres (COTER) no que concerne ao
planejamento, preparo e emprego de suas tropas. Estruturalmente o COpEsp,
atualmente, encontra-se assim organizado: BAdm (Base Administrativa); 1º BFEsp;
1º BAC; Batalhão de Apoio às Operações Especiais (BApOpEsp); 1º Batalhão de
Operações de Apoio à Informação (1º BOAI); 3ª CiaFEsp; CiaDQBN (Companhia de
Defesa Química, Biológica e Nuclear); CIOpEsp.
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Fotografia 11: Operador especial do EB durante a ocupação do Complexo de Favelas da Maré na cidade do Rio de Janeiro-RJ. (Fonte: Acervo do COpEsp). |
As
OpEsp do EB ingressam no século XXI tomando parte de eventos cujas operações
resultaram em substancial aprendizado e desenvolvimento das Táticas, Técnicas e
Procedimentos (TTP) de combate executados, sobretudo, em ambiente urbano. No
contexto internacional, destaca-se a participação das FOpEsp do EB na Missão
das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH [Mission des
Nations Unies pour la Stabilisation en Haiti [Missão das Nações
Unidas para a Estabilização do Haiti]) entre 2005 e 2007, quando os operadores
do recém-instituído DOPaz (Destacamento de Operações de Paz), formado por
militares qualificados como Comandos e FE, promoveram a supressão de grupos
armados que detinham o controle de dois importantes bairros (Bel-Air e Cité Soleil) de Porto Príncipe, capital haitiana. No cenário doméstico,
a ameaça representada pelo crime organizado na cidade do Rio de Janeiro-RJ
levou as tropas especiais do EB a serem mobilizadas em 2014 com a finalidade de
conter as atividades ilícitas levadas a efeito no Complexo de Favelas da Maré.
Operando em solo nativo e valendo-se das lições assimiladas no Haiti, os
operadores participaram da denominada Operação São Francisco com a difícil missão de engajar narcotraficantes armados no
ambiente caótico das estreitas vias de acesso da comunidade.