Adaptação do texto escrito
originalmente por Charles Faint & Michael Harris, publicado em 31 de
janeiro de 2012 no Small Wars Journal. (Disponível em:
http://smallwarsjournal.com/jrnl/art/f3ead-opsintel-fusion
%E2%80%9Cfeeds%E2%80%9D-the-sof-targeting-process Acesso em: 28 mai.
2018).
Unidades que empregam a metodologia F3EAD (Find, Fix, Finish, Exploit, Analyze and Disseminate [Localizar, Ajustar, Finalizar, Explorar, Analisar e Disseminar]) de
forma eficiente dispõem de adaptabilidade organizacional que possibilita a incorporação
consciente de pessoal e ativos, além do desenvolvimento de capacidades operacionais,
que nem sempre são considerados como parte do empreendimento de combate. Sobre
esse aspecto cabe salientar que nas ações não letais levadas a efeito no
Afeganistão e Iraque, a inclusão de pessoal e recursos investigativos, forenses
e de compartilhamento de informações, foram fundamentais no processo de transformar
dados de inteligência em evidência. As particularidades de cada uma das etapas componentes da metodologia F3EAD são assim definidas:
Localizar – Esta etapa busca estabelecer um
ponto inicial para a coleta de Inteligência. Estes pontos de partida levam à
nomeações de alvos. O ponto inicial pode ser deliberado ou considerado com base
em uma situação de “oportunidade”, podendo se concentrar em um indivíduo,
organização, instalação, organização ou algum outro tipo de assinatura.
Ajustar – Refere-se à capacidade de ajustar o
alvo no tempo e no espaço após ser devidamente localizado e identificado. Ao
ajustar o alvo, a função de Inteligência progrediu suficientemente para que a
função Operacional tenha informações para executar missões de natureza Cinética
(percebidas imediatamente em virtude das ações combativas) ou Não-Cinética,
tais como: neutralização de uma rede de comunicações; obtenção de resultados
psicológico, políticos ou sociais desejados. Quando possível as FOpEsp (Forças de Operações Especiais) se valem
da prática de espalhar o esforço de “ajustar” entre várias agências de
Inteligência de maneira a aumentar a velocidade do processo, maximizar os
efeitos, minimizar os custos, o esforço e o tempo.
Finalizar – As duas primeiras etapas do método
F3EAD levam às operações decisivas contra o inimigo. As operações de combate
nas quais as FOpEsp se engajam estão diretamente associadas à etapa
“finalizar”. Contudo, embora caracterizada por métodos de Ação Direta
(Cinética), essa etapa também pode ser de natureza Não-Cinética. Na metodologia
F3EAD, a etapa “finalizar” refere-se mais à conclusão de uma missão específica,
do que a derrota das forças inimigas, e no contexto desse método o esforço
principal está apenas começando.
Explorar – Considerada como o elemento
principal e o mais crítico do processo F3EAD, a etapa “Explorar” possibilita a
descoberta, fixação e finalização do próximo alvo e levando à perpetuação do
ciclo. Essa etapa também á a que melhor cumpre o objetivo da Inteligência,
propiciar uma “vantagem decisiva” para os decisores em todos os níveis de
condução da guerra/crise. No modelo F3EAD, a etapa “Explorar” constitui o
processo de examinar, analisar, interrogar e processar informações provenientes
de pessoal, equipamento e material capturado para fins de inteligência. Essa
etapa ocorre em três níveis: a exploração no nível 1 ocorre no ambiente tático
no ponto de captura; a exploração no nível 2 é orgânica em unidades ou à nível
de Teatro de Operações; a exploração no nível 3 é conduzida em nível nacional
como parte do esforço de toda comunidade de Inteligência. O processo de
exploração pode ser realizado por pessoal vinculado à função de Inteligência ou
à Função Operacional no objetivo, através de uma variedade de meios, tais como:
interrogatório em campo de batalha ou exploração de documentos e mídia. O
objetivo geral do esforço nessa etapa é produzir inteligência e/ou evidência
para perpetuar o processo F3EAD o mais rapidamente possível. Em apoio a este
objetivo, deve-se explorar quatro aspectos distintos: Proteção da Força;
Desdobramento; Fornecimento de Componentes e Materiais; Provimento de Elementos
de Acusação. A exploração do pessoal e material inimigo capturado para fins de
Proteção da Força é realizada de modo a coibir/impedir ataques inimigos às
Forças Amigas. O Desdobramento permite que as Forças Amigas mobilizem esforços
contra as Forças Inimigas para obter efeitos letais ou não letais. O
Fornecimento de Componentes e Materiais contribui para que a Inteligência assimile
as informações relacionadas ao pessoal e material inimigo capturado, permitindo-lhe
integrar os dados obtidos em toda a sua rede. Finalmente, o Provimento de
Elementos de Acusação auxilia em um eventual processo legal movido contra as forças
inimigas depois que seu pessoal e material foi totalmente explorado para fins
de inteligência. Ao incluir a acusação como parte do processo de exploração, a
metodologia F3EAD oportuniza que forças amigas transformem inteligência em
evidência, possibilitando que as forças inimigas, se necessário, sejam
legalmente acusadas no intuito de assegurar a proteção das Forças Amigas e da população
que as apoiou (particularmente em conflitos de natureza irregular).
Analisar – É durante esta etapa que as
informações coletadas nas fases anteriores são transformadas em dados de
inteligência possíveis de serem usados nas operações a serem conduzidas. As análises
podem ser realizadas pelas FOpEsp no Teatro de Operações, ou mediante envio do
material coletado para instalações apropriadas visando uma avaliação mais
profunda. É importante salientar a importância da ação interagências para a
análise de inteligência, uma vez que, geralmente, as FOpEsp não dispõem da
infraestrutura orgânica necessária para maximizar o valor do método F3EAD.
Disseminação – Esta etapa constitui uma das
chaves para o sucesso da metodologia F3EAD, pois considera a criação de uma
rede de difusão mais ampla que àquela tradicionalmente praticada na comunidade
de inteligência norte-americana. A disseminação dos dados de inteligência coletados
por FOpEsp ajuda a criar uma rede eficiente e com capacidade para
apresentar/compartilhar a informação de forma apropriada. Nesse contexto, a
informação chega depurada e com agilidade aos níveis decisores evitando que
seja corrompida no longo percurso adotado pelos métodos tradicionais de
inteligência, uma vez que nos procedimentos convencionais a informação,
necessariamente, deve percorrer os diferentes níveis hierárquicos.
A metodologia F3EAD representa uma revolução
na forma como as FOpEsp conduzem ações letais e não-letais. Mais do que um modelo
conceitual, esse método reflete o conceito que preconiza a fusão entre as
funções de Inteligência e Operacional. O método F3EAD cria um tipo de unidade
de esforço e potencializa o ritmo operacional inédito no âmbito dos
enfrentamentos contemporâneos. O sucesso das tropas especiais, valendo-se dessa
metodologia, serve como validação da eficácia do processo.
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