Adaptação de artigo publicado por Rodney
Alfredo Pinto Lisboa na Revista Marítima Brasileira, v. 133, n. 10/12,
out./dez. 2013, p. 161-172.
Localizada na região sudeste da Ásia, a
Indochina (região que compreende a Cochinchina, Annan e Tonquim [regiões sul,
central e norte do Vietnã, respectivamente], além do Laos e do Camboja), viu
arrefecer a administração francesa no decorrer da Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
quando a França foi levada a render-se perante a ameaça representada pela Alemanha
Nazista.
Contando com a colaboração britânica em
decorrência da Conferência de Potsdam (Alemanha) realizada em 1945, a França
foi reintroduzida no território indochinês retomando a administração na região
sul. O acordo firmado inicialmente entre a
administração francesa e Ho Chi Minh, líder do Partido Comunista e chefe do
governo norte-vietnamita, permitindo a presença temporária de tropas francesas no
sul mediante reconhecimento da legitimidade da República Democrática do Vietnã,
foi rompido quando a França persistiu em manter um governo colonial na Cochinchina,
atitude que serviu como o estopim para o conflito entre as tropas francesas e o
exército do movimento revolucionário de libertação nacional (Vietminh), que
recebeu apoio substancial da China e da União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS).
As adversidades enfrentadas em consequência
de constantes derrotas em um confronto de natureza assimétrica levou a França a
buscar auxílio financeiro junto ao governo dos EUA. Entretanto, em maio de 1954, os franceses
foram subjugados pelo exército Vietminh, o que determinou o início das
tratativas que acabaram por definir um acordo militar que dividia o Vietnã na
altura do paralelo 17, originando o Vietnã do Sul (sob controle francês) e o
Vietnã do Norte (sob autoridade do Vietminh).
Atendendo ao apelo do governo sul-vietnamita e
mostrando-se preocupado com a influência e ascensão do comunismo na região, John
Fitzgerald Kennedy, então presidente dos Estados Unidos da América (EUA), enviou
operadores das Forças Especiais do Exército para prover o treinamento do exército
do Vietnã do Sul em táticas de guerrilha. Todavia, o envolvimento efetivo dos EUA
na Guerra do Vietnã (1955-1975) ocorreria a partir de 30 de julho de 1964, por
ocasião de um suposto ataque realizado por forças norte-vietnamitas contra o USS
Maddox, contratorpedeiro estadunidense que patrulhava o golfo de Tonquim.
A Guerra do Vietnã tornou-se a prova de fogo
para os SEALs (Sea, Air and Land Teams [Equipes de Mar, Ar e Terra]) da Marinha norte-americana, impondo-lhes responsabilidades e desafios que testavam o
máximo de suas habilidades em tarefas distintas. Antes do envolvimento formal
dos EUA no conflito, os SEALs foram enviados para a cidade de Da Nang (Vietnã
do Sul) como consultores militares para prover o adestramento dos Lien Doi Nguoi
Nhia (LDNN [unidade LDNN que opera de forma equivalente aos SEALs]), bem como
das Unidades de Reconhecimento Provincial (Provincial Reconnaissance Units [PRU]),
constituídas por milícias locais somados a mercenários oriundos do Laos e do
Camboja.. Entre 1962 e 1964 operadores SEAL subordinados à Agência Central de
Inteligência (Central Intelligence Agency [CIA]), realizaram o adestramento das
LDNN e das Equipes de Demolição Submarina (Underwater Demolition Units [UDTs])
como parte do Planejamento Operacional 34A, que previa o engajamento dessas
unidades contra alvos situados em território norte-vietnamita.
Particularmente no que se refere às PRUs, é
importante destacar que tais organizações participaram do controverso “Programa
Phoenix”, que previa o emprego de população nativa para identificar e
neutralizar a infraestrutura da FLN. A controvérsia envolvendo o Programa
Phoenix implicava a CIA, acusada de ser a responsável pelo desenvolvimento e
implementação de procedimentos de captura e prisão de suspeitos, a fim de obter
informações (valendo-se de métodos controversos) sobre possíveis inimigos do
governo sul-vietnamita com o objetivo de eliminar eventuais focos de
resistência Vietcongue nas aldeias. As unidades de campo das PRUs, denominadas “Caçadores-Executores”
(Hunter-Killer), apresentavam contingente miscigenado de militares norte-americanos
e sul-vietnamitas. As formações de Caçadores (compostas por cinco homens) eram
encarregadas de localizar o inimigo, enquanto as formações de Executores (constituídas
de outros cinco integrantes) encarregavam-se de estabelecer contato direto
enfrentando os oponentes eliminando-os quando necessário. Com a entrada dos EUA
na guerra e a efetiva introdução das Equipes SEAL nas operações de combate a
ênfase dada aos objetivos desse programa rapidamente desvaneceu levando-o à
gradativa extinção, fato que ocorreu em 1972.
Continua...
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