Adaptação de artigo publicado por Rodney
Alfredo Pinto Lisboa na Revista Marítima Brasileira, v. 133, n. 10/12,
out./dez. 2013, p. 161-172.
Fotografia 4: Destacamento SEAL em patrulha de reconhecimento durante a Guerra do Vietnã. (Fonte: Disponível em: https://br.pinterest.com/spectre224/vietnam-war/ Acesso em: 20 abr. 2017). |
Decretada a participação das Forças Armadas (FFAA)
norte-americanas no conflito do Vietnã em 1964, a SEAL TEAM-1 (ST-1) desdobrou
12 pelotões para regiões próximas aos cursos de rio com o objetivo de
interditar as ações dos Vietcongues e das tropas do Vietnã do Norte. Por sua
vez, a ST-2 envolveu-se no conflito em 1967, desdobrando três pelotões para o
sudeste asiático. Como resultado da experiência acumulada na Guerra do Vietnã,
as equipes SEAL envolveram-se em operações particularmente distintas, entre as
quais destacam-se: emboscadas e ataques contra alvos inimigos com o objetivo de
inutilizá-lo ou destruí-lo; operações de reconhecimento visando a coleta de dados
de inteligência; ações de contra insurgência, contraguerrilha e
contraterrorismo; resgate de cidadãos norte-americanos e/ou prisioneiros de
guerra; treinamento de tropas estrangeiras. Embora sem a mesma relevância que
as ações levadas a cabo no Delta do Rio Mekong, é digno de nota o envolvimento
de alguns operadores SEAL em campanhas militares conduzidas no Laos e no
Camboja a serviço do Grupo de Estudos e Observação (Studies and Observation Group [SOG]) e no Vietnã do Norte sob
autoridade da Agência Central de Inteligência (Central Intelligence Agency [CIA]).
Como exemplo de campanhas conjuntas
realizadas pelas equipes SEAL, destacamos a participação de um pelotão de cada
equipe operando de modo a apoiar as ações da “Operação Game Warden”, cujo objetivo principal era interditar as vias de
comunicação ribeirinhas utilizadas pelas tropas Vietcongues no Delta do Mekong.
A ST-1, especificamente, cedeu um de seus pelotões para prover suporte junto à
Força-Tarefa 116 (Task Force-116) [TF-116]), criada em dezembro 1965 sob a
designação oficial de Força de Patrulhamento Fluvial (River Patrol Force) com o intuito de patrulhar os cursos de água
interiores por ocasião da operação supramencionada.
Neste ponto é importante salientar que a
doutrina militar norte-americana adotada pelo Exército (US Army) encontrou um imenso desafio ao se defrontar com a típica
configuração geográfica da região, caracterizada por uma intrincada rede
hidrográfica. Sem poder adotar procedimentos convencionais relacionados à
mobilidade, uma vez que as florestas tropicais e os cursos de água limitavam o
deslocamento de tropas por terra, a solução encontrada pelas FFAA estava
centrada no transporte aéreo e fluvial. Surgia assim o conceito de “Águas
Marrons” (Brown Water) criado pela
Marinha para auxiliar no traslado de tropas do Exército e realizar o
patrulhamento dos afluentes que formavam o Delta do Rio Mekong.
Nos combates em que se envolveram no Vietnã,
os SEALs ficaram conhecidos pela tintura verde de camuflagem aplicada sobre a
face para minimizar o brilho reflexivo da pele, motivo que os levou a serem
nomeados pela milícia Vietcongue como “Homens de Rostos Verdes” (Men in Green Faces). Operando sem
padronização quanto ao uniforme, eles empregavam uma infinidade de armas
(algumas munidas de silenciadores para eliminar sentinelas) e procedimentos
pouco ortodoxos que priorizavam a furtividade para surpreender o inimigo quando
e onde ele menos esperava. Em suas incursões, cujo tempo de duração podia variar
entre seis e 12 horas, os SEALs, normalmente distribuídos em pequenas formações
de sete elementos (Grupo de Combate [Squadrons]),
transportavam o equipamento mínimo necessário a fim de favorecer a mobilidade
no ambiente adverso de uma floresta tropical. Desse modo, eles se limitavam a
carregar o armamento individual acrescido do equipamento básico necessário para
uma patrulha a pé, cuja configuração comportava: cantil, ração de campanha, kit
de primeiros socorros, granadas de mão (granada de fragmentação e granada de
fumaça) e mina antipessoal M18A1 “Claymore”.
Continua...
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