terça-feira, 5 de julho de 2016

Suporte da Atividade de Inteligência às Unidades Militares de Elite

Texto elaborado por Rodney Alfredo Pinto Lisboa.


Fotografia 1: Quadros operacionais do Comando de Operações Especiais polonês efetuam a segurança de um helicóptero Mi-17 lituano como parte de um treinamento de aeronaves abatidas realizado em 2010 no Joint Multinational Readiness Center  em Hohenfels, Alemanha. (Fonte: Disponível em: http://www.eucom.mil/media-library/photo/15414/eucom-photo Acesso em: 4 jul. 2016).
O termo “Inteligência” é empregado, genericamente, para definir o conjunto de informações coletada, organizada ou analisada de modo a atender às demandas de um tomador de decisão. No âmbito militar, constitui atividades especializada, exercida sistematicamente com o intuito de produzir e/ou salvaguardar informações sensíveis aos interesses do Estado. Nesse contexto, a atividade de Inteligência busca obter, de forma rápida e oportuna, dados relevantes acerca da AO (Área de Operação) e capacidades do inimigo, de maneira a permitir que os decisores (civis e militares) possam tomar consciência das características inerentes àquela conjuntura. Assim, quanto maior for a quantidade de conhecimento disponível e mais eficiente for o processamento desses dados, melhores serão as condições para que o comando da operação possa definir a tipologia, ritmo e amplitude da ação a ser executada.  
Considerada como um requisito de fundamental importância para o planejamento e execução de operações militares em todos os níveis (político, estratégico, operacional e tático), a Inteligência é conduzida a partir de duas atividades interdependentes: Inteligência (vocacionada para a produção de informações críticas com potencial para afetar o processo decisório) e Contra-Inteligência (visa a detecção, identificação e neutralização/prevenção de ações de inteligência adversa).
Em termos organizacionais, a Inteligência encontra-se estruturada em um “Ciclo de Inteligência” constituído por diferentes estágios: 1. Requerimentos informacionais; 2. Planejamento; 3. Gerenciamento dos meios técnicos de coleta; 4. Coleta a partir de fontes singulares; 5. Processamento das informações; 6. Análise das informações; 7. Produção de relatórios, informes e/ou estudos; 8. Disseminação dos conhecimentos; 9. Utilização dos conhecimentos pelos usuários; 10. Avaliação (feedback).
A captação dos dados de Inteligência é obtida por métodos distintos e especializados, entre os quais destacam-se:

  • HUMINT (Inteligência Humana) – Informações obtidas mediante esforço demandado por seres humanos, obtidas por agentes dos Serviços de Inteligência, ou mediante depoimento/declaração de pessoas neutras, amigas ou hostis;
  • IMINT (Inteligência por Imagem) – Informações levantadas a partir de imagens captadas por satélites e/ou aeronaves;
  • SIGINT (Inteligência de Sinais) – Informações angariadas através da interceptação de sinais de comunicação de pessoas (COMINT [Inteligência de Comunicações]) e/ou máquinas (ELINT [Inteligência Eletrônica]);
  • OSINT (Inteligência de Fontes Abertas) – Informações adquiridas em fontes públicas, como: jornais, revistas, sinais de rádio e TV.

Quando considerada pela perspectiva das OpEsp, a Inteligência deve, necessariamente, fornecer informações que vão além das solicitações das tropas regulares. Os métodos de Ação Direta requerem dados específicos relacionados às particularidades do terreno, condições climáticas e capacidades de combate do inimigo. Por sua vez, os métodos de Ação Indireta necessitam de dados relacionados à dinâmica político-econômica e sociocultural do ambiente operacional. Ambos os métodos requerem atualização contínua de dados para nortear seu planejamento e execução em virtude da complexidade e elevado grau de sensibilidade das missões que os distinguem.


Fotografia 2: Operador do 7° SFG (7° Grupo de Forças Especiais) dos EUA presenteia um menino afegão com livro de colorir durante reunião realizada em 2008 com líderes religiosos locais para obter apoio e coletar informações. (Fonte: Disponível em; https://en.wikipedia.org/wiki/Counter-insurgency Acesso em: 4 jul. 2016).

As FFAA norte-americanas empregam o termo “tooth to tail” (dente à cauda) para designar a quantidade de militares empregados para fornecer apoio (cauda) aos soldados distribuídos no campo de batalha (dente) com a missão de neutralizar as forças inimigas. Essa expressão é adotada como indicativo do poder real de uma força militar em relação aos recursos por ela oferecidos às tropas em combate. Considerando os Estados que empregam suas unidades de elite como uma alternativa estratégica, salientamos, que estando engajada em uma operação, uma única equipe de 12 ElmOpEsp pode requerer uma intrincada estrutura de apoio direto e/ou indireto de todo o aparato militar e de inteligência do Estado que a patrocina. Para tanto, um dos fatores que contribuem substancialmente para o resultado de engajamentos dessa ordem é a disponibilidade, em todos os níveis de comando, das capacidades C4ISR (Comando, Controle, Comunicações, Sistemas de Computador, Inteligência, Vigilância e Reconhecimento).
Embora demande de intensos recursos de inteligência, as FOpEsp também podem colaborar levantando informações relevantes, sobretudo, quando operam em missões de Reconhecimento à centenas de quilômetros no interior do território inimigo. Indiretamente, as tropas especiais podem, por ocasião das relações construídas com a população do local onde operam, coletar dados valiosos procedentes de HUMINT.
Em decorrência da GWOT (Guerra Global contra o Terrorismo) e do ambiente intimidador gerado pelas “novas ameaças” (crime organizado; tráfico de drogas; tráfico de armas; pirataria; degradação ambiental; fluxo migratório, entre outras) junto à comunidade internacional, a demanda de Inteligência das OpEsp só tende a aumentar e incrementar.




Um comentário:

  1. Há uma necessidade, e não de hoje, de fazer com que exista uma inteligência com recursos a atender ao acessoramento de qualidade. Há um descaso, principalmente nas ações policiais contra o tráfico de drogas.

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