Texto
elaborado por Rodney Alfredo Pinto Lisboa com base no artigo escrito
originalmente por Onivan Elias de Oliveira, Tenente Coronel da Polícia Militar
da Paraíba e primeiro Comandante do GET (Grupo Especial Tático).
A
semiótica (ciência destinada à promover o estudo dos símbolos) atribui à
caveira uma diversidade de significados, sendo o mais usual àquele que se
refere à mudança ou transformação, representando o caráter transitório da vida
(mortalidade). Por estar associada à morte, várias culturas, por temerem-na em
virtude de aludir à ideia de finitude, atribuem à caveira representações
inerentes ao perigo, destruição, extermínio ou óbito.
O
estereótipo de perigo e morte sugerido pelo simbolismo da caveira foi muito bem
empregado pelos piratas, que entre os séculos XVI e XVIII promoviam saques e
pilhagens à embarcações e cidades costeiras em busca de riqueza e poder. Embora
existam diferentes variações de bandeiras representativas da atividade pirata,
àquela que mais se destaca é a bandeira denominada Jolly Roger (caveira
posicionada acima de dois ossos sobrepostos cruzados em fundo negro). O motivo
que os levava a ostentar esse símbolo tremulando sobre os mastros de suas
embarcações era incutir em suas vítimas a sensação de medo motivado pela noção
de ameaça e crueldade.
Embora
a utilização da caveira como símbolo das unidades militares de elite possa ser
observada, sobretudo, nos uniformes trajados pelas Divisões Totenkopf (Crânio
da Morte) da Waffen SS (unidade de elite do Partido Nazista alemão)
durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), essa representação simbólica já
havia sido envergada na Prússia (integrada ao Império Alemão em 1871) pelo
Regimento Hussardo de Cavalaria durante o reinado de Frederico II (Frederico, o
Grande) entre 1740-1786.
Em
1944, na iminência da derrota alemã em território francês, as tropas aliadas
avançavam sobre os soldados nazistas que, sem alternativa, tentavam retornar
para a Alemanha. Particularmente as Waffen-SS, devido às atrocidades
cometidas no decorrer da guerra, tornaram-se o alvo preferencial dos Commandos franceses
(tropa formada por voluntários da Marinha, Fuzileiros Navais e Exército
organizados conforme modelo britânico). Nesse contexto, quando assediavam um
quartel da tropa de elite nazista, um operador Commando se deparou
com a mesa de um oficial alemão, na qual havia uma caveira que lhe servia de
adereço. Sem hesitar, o operador sacou sua adaga de combate Fairbairn-Sykes
cravando a lâmina delgada no ornamento como símbolo da vitória sobre as tropas
que causavam à morte. Essa passagem, sem qualquer evidência histórica, baliza o
início do mito, transmitido por tradição oral, da “Faca na Caveira”.
No
Guerra do Vietnã (1955-1975), o símbolo da caveira foi utilizado juntamente com
o ás de espadas (carta de maior valor entre os naipes do baralho) na condução
de guerra psicológica empreendida contra os soldados norte-vietnamitas.
Valendo-se da superstição característica da região, as tropas norte-americanas
tinham o hábito de posicionar o ás de espadas sobre os corpos dos inimigos como
uma representação da morte. No decorrer o conflito, o SOG-MACV (Grupo de
Operações Especiais-Comando Militar de Auxílio ao Vietnã), unidade do Exército
dos EUA responsável por conduzir Ações Indiretas no Vietnã do Norte, Laos e
Camboja, assumiu a caveira como símbolo.
A
Guerra do Vietnã serviu como fonte de inspiração para a cultura das histórias
em quadrinhos estadunidense, explorando a simbologia da caveira em favor de um
personagem controverso. Criado em 1974 por Gerry Conway (roteirista), John
Romita Sr.(desenhista) e Stan Lee (editor), o "Justiceiro" (Punisher)
era um veterano do Vietnã, ex-integrante da Marine Force Reconnaissance (Força
de Reconhecimento dos Fuzileiros Navais), que motivado pelo brutal assassinato
de sua esposa e filhos durante um tiroteio entre grupos mafiosos rivais,
torna-se um vigilante que lança mão de suas habilidades singulares para
desencadear uma guerra violenta contra o crime. Como símbolo de sua empreitada,
Frank Castle (Justiceiro) adotou um uniforme predominantemente negro, com uma
enorme caveira estampando-lhe o peito, em referência à justiça representada por
ele por ocasião das mortes que causa. O personagem tornou-se tão popular entre
as FOpEsp norte-americanas, que o SEAL Team 3 da Marinha adotou a caveira,
ostentada em uniformes e veículos (Humvees), como símbolo informal da unidade,
conforme enfatizado no livro "Sniper Americano" escrito pelo
ex-operador Chris Kyle, considerado o atirador de precisão mais letal da
história militar dos EUA.
No
Brasil, a tradição de empregar a caveira como símbolo de unidades e/ou
atividades militares remonta a década de 1960, quando o Exército Brasileiro,
adequando-se à conjuntura internacional, constituiu, em 1968, o Destacamento de
Ação de Comandos, então subordinado à Companhia de Forças Especiais da Brigada
de Infantaria Paraquedista. Na esteira dessa tendência, o Batalhão de Operações
Especiais de Fuzileiros Navais (Batalhão Tonelero), criado em setembro de 1971,
adotou a caveira no brevê de identificação que caracteriza a atividade dos
ComAnf (Comandos Anfíbios). Por sua vez, algumas tropas especiais das Forças de
Segurança Pública nacionais (consideradas como Forças Auxiliares das FFAA
[Forças Armadas]), incorporaram a caveira em suas representações simbólicas
como artifício que lhes confere a sensação de pertencer a uma sociedade (OpEsp)
que é reconhecida pelas habilidades que fogem aos padrões de convencionalidade,
respeitada por possuir um ethos próprio, reverenciada pela excelência
na execução das exigentes tarefas que lhes são destinadas.
Excelente texto. E assim surgiu o lendário lema. E como diz-se até hoje no Exército "A faca brilha, a caveira sorri. Eu não tenho pena de ti. A pele do inimigo eu pus no mastro da bandeira e hoje sou chamado de faca na caveira."
ResponderExcluirMuito bom
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLouvável a criação deste, mas acho equivocada a comparação das Forças de Operações Não Convencionais das (Forças Armadas) com as chamadas Operações Especiais das Policias Militares (Forças Auxiliares), são Unidades distintas com diferentes treinamentos e emprego. Não se pode comparar a Unidade de Forças Especiais, Ações de Comandos, Comandos Anfíbios, GRUMEC e PARA-SAR das Forças Armadas com Unidades Policiais, para se ter uma idéia, um militar do Exército para se candidatar as Forças Especiais deve ser Paraquedista Militar, Guerra na Selva e Comandos, esses são os pré-requisitos, passar pelo curso e ser aceito é outra história. Também vale lembrar que todo grupo de Operações Especiais das Forças Armadas são compostos por COMANDOS, com exceção dos Pelotões de Operação Especiais das Unidades de Infantaria, dentre as Sub Unidades de Fuzileiros uma agrega um PELOPES, este só é vinculado administrativamente a está Sub Unidade, mas é completamente autônomo, e também possui treinamento diferenciado em busca e destruição, infiltração Ar Terra, Água Terra, Operações Hélitransportas, Operações Aquáticas entre outras. Eu não desmereço as Forças Policiais com Táticas e Estratégias Especiais, só acho que não se deve generalizar o termo Operações Especiais. Note que a própria Polícia com treinamento diferenciado Norte Americana não se auto denomina Special Operations, e sim S.W.A,T (Armas e Táticas Especiais), e volto a frisar, tenho o maior respeito por Grupos de Táticas Especiais das Policias, são grupos que vivem a guerra diária contra a criminalidade do Brasil e devem ser honrados e respeitados como irmãos de armas!
ResponderExcluirExcelente!
ExcluirVlw kako, tou pesquisando sobre isso, pois quero fazer passar e saí, e fazer outro, tipo, fazer todos os pobes q tem no brasil sabe PMPB, PMPI, PMMG, PMMT, PMRJ e tentar o COMANDO é os anfíbios ( primeiro vou me afirmar cria minha casa trabalhando na polícia federal e tentar o COT aí bota meu plano em prática)
ResponderExcluirPara de falar merda. Kkkkkkk
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