Texto elaborado por Rodney Alfredo Pinto Lisboa.
Segurança
– Quando refere-se à segurança, McRaven reporta-se, sobretudo, à capacidade de
mobilizar esforços de modo a evitar que as forças inimigas tenham acesso a
informações privilegiadas em relação à ofensiva que se pretende executar. Nesse
sentido, considerando que o adversário encontra-se em uma posição fortificada
que favorece sua ação defensiva (como é o caso de todos os oito casos
analisados pelo autor), conhece as possíveis alternativas de resposta da FOpEsp
atacante, e busca preparar-se convenientemente para elas, é de fundamental
importância que os pormenores do ataque (métodos de ação e vetores de
infiltração) sejam mantidos em total e absoluto sigilo, para não comprometer a
conquista da Superioridade Relativa oferecendo uma vantagem (acesso à
informações sensíveis) ao inimigo.
Conforme
apresentado, ao assegurar a segurança das informações relacionadas à incursão
resguarda-se, por consequência, a segurança dos incursores evitando que a força
oponente antecipe-se à ofensiva reduzindo substancialmente as possibilidades
dos atacantes obterem a Superioridade Relativa.
Repetição
– Para que as OpEsp tenham maior probabilidade de alcançar êxito na consecução
de seus intentos, a repetição sistemática dos procedimentos operacionais
durante a fase de preparação constitui um fator indispensável. Para justificar
essa afirmativa, Mc Ravem explica que a rotina dos adestramentos promove um
aperfeiçoamento das habilidades táticas por estimularem a assimilação (memória
motora) das técnicas empregadas, fato que favorece no tempo de reação frente à
ameaça, conforme cenário padronizado para o qual a unidade encontra-se
familiarizada devido ao treinamento (cenários distintos requerem TTP [Táticas,
Técnicas e Procedimentos], além de armas e equipamentos, igualmente distintas).
Planejamentos
que se mostram adequados na teoria, muitas vezes expõem suas vulnerabilidades
quando realizados na prática, fato que potencializa a importância dos
treinamentos. metódicos e sistemáticos para uma missão. Conduzir repetitivos
ensaios de preparação também reduzem as possibilidades de ocorrer um eventual
fracasso em virtude do despreparo individual e/ou coletivo. Historicamente,
agentes causadores de falha operacional ocorreram em decorrência de aspectos
que não foram ensaiados ou foram pouco explorados nos ensaios de preparação.
Surpresa
– Quando refere-se ao elemento surpresa, McRaven não atribui à esse elemento a
definição militar convencional, segundo a qual, ao valerem-se da surpresa, os
incursores (intencionalmente) deparam-se com a força inimiga despreparada para
se defender do ataque. Em todos os oito casos analisados pelo autor, as forças
opositoras encontravam-se em plenas condições de se defenderem
convenientemente. McRaven pondera que na maioria dos casos em que as operações
são conduzidas valendo-se de métodos de Ação Direta, a incursão da FOpEsp
engajada deve ocorrer independentemente das condições defensivas do adversário,
esteja ele bem preparado ou não. A surpresa sugerida pelo autor refere-se mais
à encontrar o oponente desprevenido que despreparado. Nesse contexto, a
surpresa é obtida por artifícios obtidos por ocasião da dissimulação,
sincronização e aproveitamento das vulnerabilidades demonstradas pela força
inimiga.
A
dissimulação, normalmente obtida mediante ação(ões) diversionária(s), desvia a
atenção do adversário e/ou retarda sua capacidade de resposta tempo suficiente
para que os incursores se aproveitem do elemento surpresa no momento que lhes
for oportuno. Entretanto, McRaven
alerta para o fato de que a dissimulação constitui um recurso fundamental para
que a força atacante conquiste o elemento surpresa, mas as FOpEsp não podem
confiar excessivamente nesse artifício. Para o autor, uma OpEsp executada
valendo-se da dissimulação para conquistar a surpresa, preferencialmente buscará
retardar a atenção do adversário que desviar sua atenção. Assim sendo, definir
qual o melhor momento para desencadear a ofensiva é um aspecto crucial que
ampliam as probabilidades dos atacantes obterem a surpresa. Embora a escuridão
da noite seja a opção óbvia (por oferecer maior cobertura devido às condições
de visibilidade, e por pressupor que o adversário esteja menos alerta, mais
cansado, e. portanto, em condições mais favoráveis de ser surpreendido), o
ataque noturno, devido à previsibilidade, desperta o estado de atenção do
inimigo. Assim sendo, várias OpEsp tiveram resultados positivos valendo-se do
efeito surpresa em ações efetuadas à luz do dia.
O
autor alerta para o fato de que toda defesa, por mais eficiente que seja,
apresenta pontos de vulnerabilidade, e cabe aos atacantes identificar e
explorar tais vulnerabilidades para obter surpreender o oponente. Por
proporcionar uma vantagem decisiva para a força atacante em relação aos
defensores, a surpresa é considerada por muitos estudiosos, equivocadamente,
como sendo o elemento mais importante de uma OpEsp bem sucedida. Todavia,
McRaven pondera que a surpresa mostra-se dependente dos outros cinco
princípios, sem os quais torna-se impossível de ser alcançada. O autor
questiona: “De que adianta surpreender o inimigo, se não possuímos o
equipamento adequado para enfrentá-lo?” A conquista da Superioridade Relativa,
crucial para o sucesso de qualquer operação de natureza especial, está sujeita
à correta aplicação de todos os seis princípios das OpEsp. Apesar de ser um
componente essencial, a surpresa tem relevância apenas quando considerada como
parte integrante de um conjunto de princípios interdependentes.
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