Rapidez – Para McRaven, as OpEsp encaram o
princípio da rapidez na acepção do termo, ou seja, atingir o(s) objetivo(s)
estabelecido(s) o mais breve (rápido) possível, uma vez que eventuais
prolongamentos aumentará as vulnerabilidades da força atacante reduzindo,
gradativamente, as possibilidades do incursores conquistarem a Superioridade Relativa.
O autor destaca que na guerra convencional,
tradicionalmente travada por forças antagonistas de grande efetivo que
necessitam manobrar taticamente pelo campo de batalha, o conceito de rapidez
torna-se relativo. Contudo, nas missões levadas a efeito como uma OpEsp, por
estar o oponente disposto em posições fortificadas (defensivas) cabe a ele a
tarefa de resguardar-se da melhor forma possível, neutralizando um eventual
ataque ou defendendo-se da melhor forma e com todo o empenho possível. Nesse contexto, à medida que o tempo avança,
as fricções de guerra propostas por Clausewitz agem contra os atacantes. Para
reduzir as possibilidades das fricções incidirem sobre eles, cabe aos
incursores moverem-se de forma rápida e resoluta, mesmo considerando as
capacidades e o ímpeto defensivo do adversário, bem como adversidades fortuitas
que surgirem no decorrer do engajamento.
Para ilustrar a relevância atribuída a
rapidez no que concerna à conquista da Superioridade Relativa, McRaven salienta
que apenas uma (o ataque ao dique seco de Saint Nazaire) das oito OpEsp
analisadas por ele demorou mais de trinta minutos para alcançar a Superioridade
Relativa a partir do ponto de vulnerabilidade. O autor esclarece que em todos
os outros sete casos analisados as operações foram concluídas em 30 minutos,
sendo a Superioridade Relativa obtida em uma janela de tempo que não extrapolou
os quinto minuto após o ponto de vulnerabilidade. McRaven pondera que na
maioria das Ações Diretas conduzidas por FOpEsp, o contato com o inimigo
representa um fator decisivo que pode retardar a operação, comprometendo, por
consequência, a aquisição da Superioridade Relativa.
Segundo o autor, o efetivo reduzido e o
emprego de armamento leve, são características que capacitam as unidades militares
de elite a agirem com a surpresa e a rapidez necessária para obter a
Superioridade Relativa em um curto espaço de tempo. Ambas características,
significativamente valiosas quando empregados em engajamentos breves contra
tropas regulares, perdem eficiência à medida que a ação se estende. Assim
sendo, qualquer vantagem conquistada em virtude de uma ação que explora o
princípio da surpresa, tende a ser inutilizada em decorrência do prolongamento
das demais fases da operação. Portanto, quanto mais reduzido for o efetivo da
FOpEsp engajada, igualmente restritos devem ser os objetivos a serem
alcançados, bem como o tempo de duração da operação.
McRaven faz questão de explicar que, em se
tratando de OpEsp, a rapidez é uma variável diretamente relacionada ao tempo, e
não uma variável sujeita ao ímpeto de defender-se demonstrado pelo
inimigo. Desse modo, independentemente
da vontade e dos recursos defensivos do adversário, os incursores têm totais
condições de obter a Superioridade Relativa quando a velocidade de suas ações
tornam a capacidade de reação do oponente um fator secundário.
Propósito
–
Conforme parecer de McRaven, este princípio se refere à faculdade de
compreender qual(is) o(s) principal(is) objetivo(s) da missão, mobilizando
esforços para alcança-lo(s) independentemente dos entraves e/ou oportunidades
que, eventualmente, venham surgir no decorrer da operação. Para o autor, o
propósito tem dois aspectos distintos:
O primeiro aspecto refere-se ao enunciado da
missão. Para McRaven a missão em questão deve ser apresentada aos ElmOpEsp (incursores)
de modo a expor claramente qual o propósito a ser alcançado. É imperioso que a
apresentação contenha elementos que permitam que os ElmOpEsp, individual e
coletivamente (independentemente das circunstâncias), compreendam de forma
inequívoca qual(is) o(s) objetivo(s) a serem alcançados(s). Sobre esse aspecto,
o autor comenta que ordens claramente definidas orientam as ações dos
operadores no campo de batalha, direcionando seus esforços para o(s) objetivo(s)
essencial(is) da missão.
O segundo aspecto tem um forte viés
psicológico (emocional), refletido na capacidade motivacional que conduz ao comprometimento
individual dos ElmOpEsp. Nesse sentido, é fundamentalmente importante inspirar
os operadores (cientes do propósito da missão) de modo com que sejam tomados
por um sentimento de dedicação pessoal que os incita (motiva) a se comprometer
de forma determinada com a(s) causa(s) que precipitou(aram) a operação.
Superioridade Relativa
Gráfico 1: Gráfico representativo referente à Superioridade Relativa. (Fonte: Adaptado de McRaven, 1996, p. 7). |
O
eixo X (horizontal) expressa o tempo (apresentado em horas), enquanto o eixo Y
(vertical) demonstra a Probabilidade para a Conclusão da Missão. A intersecção
dos eixos X e Y representa o Ponto de Vulnerabilidade, que é definido como o
ponto no qual a força atacante se depara com a primeira linha defensiva do
inimigo. É exatamente nesse ponto que as fricções irão influenciar no resultado
do engajamento. O Ponto de Vulnerabilidade é um tanto quanto incerto, e o
momento exato de sua manifestação torna-se variável. McRavem esclarece que apesar das fricções
poderem afetar a missão ainda na fase de planejamento, sua definição acerca do
Ponto de Vulnerabilidade considera as ações executadas na fase de engajamento.
A
Área de Vulnerabilidade, por sua vez, está sujeita à conclusão da missão.
Quanto maior for o tempo gasto para obter a Superioridade Relativa, maior será
a Área de Vulnerabilidade, e, consequentemente, maior será o impacto causado
pelas fricções.
Sobre
sua teoria, McRaven enfatiza que embora a guerra apresente fatores sobre os
quais se tem pouco controle, os seis princípios por ele evidenciados podem ser
controlados e têm efeito direto sobre a conquista da superioridade relativa.
Referência:
McRaven, William Harry. SPEC OPS: Case studies in Special Operations Warfare: Theory and Practice. New York: Presidio Press, 1996.
Referência:
McRaven, William Harry. SPEC OPS: Case studies in Special Operations Warfare: Theory and Practice. New York: Presidio Press, 1996.
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