segunda-feira, 16 de maio de 2016

Expansão das Forças de Operações Especiais dos EUA pelo Mundo (Parte 1)

Adaptação do texto escrito originalmente por Nick Turse, editor associado da TomDispatch.com e autor do livro The Complex: How the Military Invades Our Everyday Lives. (Disponível em: http://inthesetimes.com/article/18537/special-ops-deployment-iraq-afghanistan-military Acesso em: 14 mai. 2016).

Em um comunicado recente, o USASOC (Comando de Operações Especiais do Exército dos EUA) destacou que na última década suas Forças Especiais (Boinas Verdes) atuaram em 135 países. Conforme esse documento, os sucessos alcançados no Afeganistão, no Iraque, no Sahel da África, nas Filipinas, no Caribe, e na América Central, resultaram em uma crescente demanda pelo emprego de tropas especiais ao redor do mundo.
Após a série de atentados terroristas perpetrados pela al-Qaeda contra o território norte-americano em nove de setembro de 2001, os capacidades do USSOCOM (Comando de Operações Especiais dos EUA) experimentaram grande incremento para que pudesse conduzir as ações que lhe foram imputadas (promover a GWOT [Guerra Global contra o Terrorismo]). Segundo Ken McGraw, porta-voz do USSOCOM, em 2015 as Forças Especiais estadunidenses foram implantadas em 75% das nações do planeta, fato que representa um salto de 145% em relação ao final do governo do presidente George W. Bush. Nesse contexto, quadros operacionais das unidades de elite norte-americanas podem ser encontradas entre 70 a 90 países em qualquer dia do ano.


Fotografia 1: Operador das Forças Especiais do Exército norte-americano (Boinas Verdes) durante combate contra forças Talebã na província afegã de Kandahar. (Fonte: Disponível em: http://opdownrange.tumblr.com/post/111398990076/a-us-green-beret-crosses-the-roof-of-a-compound Acesso em: 14 mai. 2016).

Para Linda Robinson, analista sênior de política internacional da RAND Corporation, autora do livro One Hundred Victories: Special Ops and the Future of American Warfare (obra ainda indisponível em português), o elevado número de países nos quais as tropas especiais dos EUA encontram-se distribuídas constitui um erro em si. Citando as Ações Indiretas levadas a efeito na Colômbia e nas Filipinas como o exemplo mais bem sucedido de utilização das FOpEsp nos últimos, Robinson defende que o emprego das unidades de elite devem ter uma abordagem mais ponderada e focada. Segundo ela, antes de lançar mão das unidades de elite, é necessário que as autoridades norte-americanas ponderem acerca dos locais onde, ao serem empregadas, as tropas especiais terão maior probabilidade de obter sucesso. Para elevar o percentual de resultados positivos, é essencial limitar o número e lugares considerados para dispor FOpEsp.
Robinson demonstra ceticismo ao avaliar a validade das missões de curto prazo para as quais os denominados “operadores brancos” das FOpEsp estadunidenses são destacados. O termo “branco” é empregado em referência e oposição às “Black Ops”, operações secretas de elevado grau de sensibilidade, desempenhadas pelos mais destacados integrantes da comunidade OpEsp dos EUA. É necessário esclarecer que na maior parte dos países onde atuam as tropas especiais norte-americanas, tal desdobramento ocorre em virtude de treinamentos conduzidos em conjunto com tropas de outras nacionalidades. Entre 2012 e 2014, es FOpEsp estadunidenses participaram de aproximadamente 500 JCET (Joint Combined Exchange Training) em cerca de 67 países. O programa JCET foi desenvolvido com o intuito de promover uma troca de experiências entre as tropas especiais norte-americanas e as unidades análogas dos países que as acolhem. Para os FOpEsp estadunidenses, esse programa busca aprimorar e diversificar a formação de seus operadores, oferecendo-lhes oportunidades de treinar em um ambiente no qual poderão vir a atuar futuramente. Embora seja um programa importante, o JCET constitui apenas uma pequena parcela do esforço das unidades de elite dos EUA no que se refere ao treinamento de tropas especiais de nações estrangeiras.


Fotografia 2: Quadros operacionais das Forças Especiais dos EUA ministram treinamento para a polícia afegã. (Fonte: Disponível em: http://edition.cnn.com/2015/10/30/politics/syria-troops-special-operations-forces/ Acesso em: 14 mai. 2016).

Recentemente, um programa de US$500 milhões foi aprovado para que os Boinas Verdes conduzissem um programa destinado a treinar uma milícia síria de mais de 15.000 homens no decorrer de vários anos. Contudo, o resultado insatisfatório desse programa (produzindo menos de uma dezena de combatentes) levou-o a ser abandonado. Essa falha, acrescida de outras muito maiores e mais onerosas, como as tentativas de treinar forças de segurança no Afeganistão e no Iraque, incitou Andrew J. Bacevich, Coronel reformado do Exército e professor de História e Relações Internacionais da Universidade de Boston, a escrever que o governo dos EUA deve assumir publicamente quando as Forças Armadas do país estiverem envolvidas na tarefa de organizar, treinar e equipar forças militares estrangeiras.



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