Adaptação do texto escrito originalmente por Nick
Turse, editor associado da TomDispatch.com e autor do livro The Complex: How the Military Invades Our
Everyday Lives. (Disponível em: http://inthesetimes.com/article/18537/special-ops-deployment-iraq-afghanistan-military
Acesso em: 14 mai. 2016).
Em
um comunicado recente, o USASOC (Comando de Operações Especiais do Exército dos EUA) destacou que na última década suas Forças Especiais (Boinas
Verdes) atuaram em 135 países. Conforme esse documento, os sucessos alcançados
no Afeganistão, no Iraque, no Sahel da África, nas Filipinas, no Caribe, e na
América Central, resultaram em uma crescente demanda pelo emprego de tropas
especiais ao redor do mundo.
Após
a série de atentados terroristas perpetrados pela al-Qaeda contra o território
norte-americano em nove de setembro de 2001, os capacidades do USSOCOM (Comando
de Operações Especiais dos EUA) experimentaram grande incremento para que
pudesse conduzir as ações que lhe foram imputadas (promover a GWOT [Guerra
Global contra o Terrorismo]). Segundo Ken McGraw, porta-voz do USSOCOM, em 2015
as Forças Especiais estadunidenses foram implantadas em 75% das nações do
planeta, fato que representa um salto de 145% em relação ao final do governo do
presidente George W. Bush. Nesse contexto, quadros operacionais das unidades de
elite norte-americanas podem ser encontradas entre 70 a 90 países em qualquer
dia do ano.
Para
Linda Robinson, analista sênior de política internacional da RAND Corporation, autora
do livro One Hundred Victories: Special
Ops and the Future of American Warfare (obra ainda indisponível em português), o
elevado número de países nos quais as tropas especiais dos EUA encontram-se
distribuídas constitui um erro em si. Citando as Ações Indiretas levadas a efeito na
Colômbia e nas Filipinas como o exemplo mais bem sucedido de utilização das
FOpEsp nos últimos, Robinson defende que o emprego das unidades de elite devem
ter uma abordagem mais ponderada e focada. Segundo ela, antes de lançar mão das
unidades de elite, é necessário que as autoridades norte-americanas ponderem
acerca dos locais onde, ao serem empregadas, as tropas especiais terão maior probabilidade
de obter sucesso. Para elevar o percentual de resultados positivos, é essencial
limitar o número e lugares considerados para dispor FOpEsp.
Robinson
demonstra ceticismo ao avaliar a validade das missões de curto prazo para as
quais os denominados “operadores brancos” das FOpEsp estadunidenses são
destacados. O termo “branco” é empregado em referência e oposição às “Black
Ops”, operações secretas de elevado grau de sensibilidade, desempenhadas pelos mais
destacados integrantes da comunidade OpEsp dos EUA. É
necessário esclarecer que na maior parte dos países onde atuam as tropas especiais
norte-americanas, tal desdobramento ocorre em virtude de treinamentos
conduzidos em conjunto com tropas de outras nacionalidades. Entre 2012 e 2014,
es FOpEsp estadunidenses participaram de aproximadamente 500 JCET (Joint Combined Exchange Training) em
cerca de 67 países. O programa JCET foi desenvolvido com o intuito de promover
uma troca de experiências entre as tropas especiais norte-americanas e as
unidades análogas dos países que as acolhem. Para os FOpEsp estadunidenses,
esse programa busca aprimorar e diversificar a formação de seus operadores,
oferecendo-lhes oportunidades de treinar em um ambiente no qual poderão vir a
atuar futuramente. Embora seja um programa importante, o JCET constitui apenas
uma pequena parcela do esforço das unidades de elite dos EUA no que se refere
ao treinamento de tropas especiais de nações estrangeiras.
Recentemente,
um programa de US$500 milhões foi aprovado para que os Boinas Verdes conduzissem
um programa destinado a treinar uma milícia síria de mais de 15.000 homens no
decorrer de vários anos. Contudo, o resultado insatisfatório desse programa (produzindo
menos de uma dezena de combatentes) levou-o a ser abandonado. Essa falha,
acrescida de outras muito maiores e mais onerosas, como as tentativas de
treinar forças de segurança no Afeganistão e no Iraque, incitou Andrew J. Bacevich,
Coronel reformado do Exército e professor de História e Relações Internacionais da Universidade de Boston, a escrever que o governo dos EUA deve assumir publicamente quando
as Forças Armadas do país estiverem envolvidas na tarefa de organizar,
treinar e equipar forças militares estrangeiras.
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