quarta-feira, 18 de maio de 2016

Expansão das Forças de Operações Especiais dos EUA pelo Mundo (Parte Final)

Adaptação do texto escrito originalmente por Nick Turse, editor associado da TomDispatch.com e autor do livro The Complex: How the Military Invades Our Everyday Lives. (Disponível em: http://inthesetimes.com/article/18537/special-ops-deployment-iraq-afghanistan-military Acesso em: 14 mai. 2016).

Conduzidas com o objetivo de realizar ataques seletivos de captura ou eliminação no intuito de desestabilizar ou suprimir as redes terroristas e seus apoiadores, as ações orquestradas pelo JSOC (Comando Conjunto de Operações Especiais) reúnem o 1º SFOD-D (1º Destacamento Operacional de Forças Especiais-Delta [Força Delta]) e o DEVGRU (Grupo de Desenvolvimento de Guerra Especial Naval), ambas unidades consideradas como sendo a elite da comunidade OpEsp dos EUA. O levantamento de mais de uma década de operações levadas a efeito do Afeganistão ao Iraque, da Somália à Síria, nos apresenta o perfil de uma força contraterrorista extremamente preparada, bem financiada, e com alcance global. Para Sean Naylor, profundo conhecedor das unidades militares de elite estadunidenses e autor do livro Relentless Strike: The Secret History of Joint Special Operations Command (também indisponível em língua portuguesa), o JSOC é definido como sendo um “martelo”. Entretanto, Naylor alerta para os riscos dos governos que se sucedem em Washington continuem a avaliar como “pregos” muitos dos problemas de segurança nacional.
Durante a administração do Presidente Barack Obama as ações conduzidas pelo JSOC têm alcançado resultados distintos. Considerando as ações conduzidas como operação de resgate de reféns, implicações como as obtidas em decorrência do resgate do Capitão Richard Phillips, comandante do navio porta-contêineres Maersk Alabama, sequestrado por piratas somalis, podem inibir o assédio e a apreensão de cidadãos norte-americanos. Por outro lado, consequências como as alcançadas em virtude da fracassada tentativa de resgate de Lucas Daniel Somers, fotojornalista britânico de cidadania americana morto por militantes da al-Qaeda na Península Arábica em 2014, podem ter o efeito contrário.

Fotografia 3: Operadores SEAL em cena do filme "O Grande Herói" (2013), retratando a sequência de eventos ocorridos por ocasião da "Operação Redwing", realizada  em 2005 na província de Kunar, Afeganistão. (Fonte: Disponível em: http://www.askmnaAfeganistão. en.com/entertainment/news/exclusive-lone-survivor-interviews.html Acesso em: 16 mai. 2016).

Especificamente em relação às ações contraterroristas, o JSOC dispõe de reconhecida capacidade para confrontar organizações terroristas, desestabilizando-as mediante combinação de operações de inteligência com métodos de Ação Direta (ataques seletivos de captura ou eliminação). Realizadas de forma sistemática, as operações realizadas pelo JSOC impõem pressão sobre as organizações terroristas à medida que as impede de tomar a iniciativa visando o planejamento e a execução de ações contra os EUA e seus aliados. Contudo, o emprego do JSOC deve ser encarado como “uma ferramenta” disposta na caixa de ferramentas dos formuladores das políticas norte-americanas, jamais sendo encarado como uma estratégia em si.
Se o JSOC limitar-se a pressionar as organizações terroristas capturando ou eliminando indivíduos, não conseguindo obter resultados decisivos para minar as redes militante e de apoio ao terrorismo, os esforços despendidos terão redundado em meras ações paliativas que jamais alcançarão o resultado desejado. É evidente que ações como a captura de Saddan Hussein (presidente do Iraque entre 1979 e 2003), a morte de seus filhos (Uday e Qusay), bem como as mortes de Osama bin Laden e Abu Musab al-Zarqawi (líder da al-Qaeda no Iraque) causaram grande impacto. Todavia, é necessário esclarecer que independente do impacto causado por determinada ação, o sucesso alcançado por ela pode ter consequências distintas. Nesse sentido, impacto e sucessão não devem ser tratados como sinônimos.
O USSOCOM alega que as OpEsp somente podem ser bem sucedidas quando os seis Comandos Geográficos distribuídos em diferentes regiões do mundo (USEUCOM; USPACOM; USAFRICOM; USSOUTHCOM; USNORTHCOM; USCENTCOM) oferecerem o devido suporte em sua área de responsabilidade para que as FOpEsp possam desempenhar as tarefas a elas atribuídas.  

Figura 1: Comandos Geográficos do Departamento de Defesa dos EUA e suas respectivas Áreas de Responsabilidade. (Fonte: Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:US_Army_Commands.png Acesso em: 16 mai. 2016).

Andrew J. Bacevich, Coronel reformado do Exército dos EUA que atua como professor de História e Relações Internacionais da Universidade de Boston, pondera que os militares norte-americanos historicamente tendem a confundir números com resultados. O esforço é mensurado e o progresso é avaliado, considerando a quantidade de operações realizadas. Atualmente, ao analisar o número de países nos quais as tropas especiais estadunidenses se fazem presente, o erro se repete. Mesmo quando consideradas as especificidades das unidades de elite dos EUA, mantê-las distribuídas por diferentes países constitui um desafio extremamente complexo e difícil, fato que compromete sua capacidade de obter resultados realmente significativos.




Nenhum comentário:

Postar um comentário