Adaptação
do texto escrito originalmente por Nick Turse, editor associado da
TomDispatch.com e autor do livro The Complex: How the Military Invades
Our Everyday Lives. (Disponível em:
http://inthesetimes.com/article/18537/special-ops-deployment-iraq-afghanistan-military
Acesso em: 14 mai. 2016).
Conduzidas com o objetivo de realizar ataques seletivos de captura
ou eliminação no intuito de desestabilizar ou suprimir as redes terroristas e
seus apoiadores, as ações orquestradas pelo JSOC (Comando Conjunto de Operações Especiais) reúnem o 1º SFOD-D (1º Destacamento Operacional de Forças
Especiais-Delta [Força Delta]) e o DEVGRU (Grupo de Desenvolvimento de
Guerra Especial Naval), ambas unidades consideradas como sendo a elite da
comunidade OpEsp dos EUA. O levantamento de mais de uma década de operações
levadas a efeito do Afeganistão ao Iraque, da Somália à Síria, nos apresenta o
perfil de uma força contraterrorista extremamente preparada, bem financiada, e
com alcance global. Para Sean Naylor, profundo conhecedor das unidades
militares de elite estadunidenses e autor do livro Relentless Strike: The Secret
History of Joint Special Operations Command (também indisponível em língua portuguesa), o JSOC é definido como
sendo um “martelo”. Entretanto, Naylor alerta para os riscos dos
governos que se sucedem em Washington continuem a avaliar como “pregos” muitos
dos problemas de segurança nacional.
Durante
a administração do Presidente Barack Obama as ações conduzidas pelo JSOC têm
alcançado resultados distintos. Considerando as ações conduzidas como operação
de resgate de reféns, implicações como as obtidas em decorrência do resgate do
Capitão Richard Phillips, comandante do navio porta-contêineres Maersk Alabama,
sequestrado por piratas somalis, podem inibir o assédio e a apreensão de
cidadãos norte-americanos. Por outro lado, consequências como as alcançadas em virtude
da fracassada tentativa de resgate de Lucas Daniel Somers, fotojornalista
britânico de cidadania americana morto por militantes da al-Qaeda na Península
Arábica em 2014, podem ter o efeito contrário.
Especificamente
em relação às ações contraterroristas, o JSOC dispõe de reconhecida capacidade
para confrontar organizações terroristas, desestabilizando-as mediante
combinação de operações de inteligência com métodos de Ação Direta (ataques
seletivos de captura ou eliminação). Realizadas de forma sistemática, as
operações realizadas pelo JSOC impõem pressão sobre as organizações terroristas
à medida que as impede de tomar a iniciativa visando o planejamento e a
execução de ações contra os EUA e seus aliados. Contudo, o emprego do JSOC deve
ser encarado como “uma ferramenta” disposta na caixa de ferramentas dos
formuladores das políticas norte-americanas, jamais sendo encarado como uma
estratégia em si.
Se
o JSOC limitar-se a pressionar as organizações terroristas capturando ou
eliminando indivíduos, não conseguindo obter resultados decisivos para minar as
redes militante e de apoio ao terrorismo, os esforços despendidos terão
redundado em meras ações paliativas que jamais alcançarão o resultado desejado.
É evidente que ações como a captura de Saddan Hussein (presidente do Iraque
entre 1979 e 2003), a morte de seus filhos (Uday e Qusay), bem como as mortes
de Osama bin Laden e Abu Musab al-Zarqawi (líder da al-Qaeda no Iraque)
causaram grande impacto. Todavia, é necessário esclarecer que independente do impacto
causado por determinada ação, o sucesso alcançado por ela pode ter consequências
distintas. Nesse sentido, impacto e sucessão não devem ser tratados como sinônimos.
O
USSOCOM alega que as OpEsp somente podem ser bem sucedidas quando os seis Comandos
Geográficos distribuídos em diferentes regiões do mundo (USEUCOM; USPACOM;
USAFRICOM; USSOUTHCOM; USNORTHCOM; USCENTCOM) oferecerem o devido suporte em
sua área de responsabilidade para que as FOpEsp possam desempenhar as tarefas a
elas atribuídas.
Andrew J. Bacevich, Coronel reformado do Exército dos EUA que atua como
professor de História e Relações Internacionais da Universidade de Boston,
pondera que os militares norte-americanos historicamente tendem a confundir
números com resultados. O esforço é mensurado e o progresso é avaliado,
considerando a quantidade de operações realizadas. Atualmente, ao analisar o
número de países nos quais as tropas especiais estadunidenses se fazem
presente, o erro se repete. Mesmo quando consideradas as especificidades das
unidades de elite dos EUA, mantê-las distribuídas por diferentes países constitui um desafio extremamente complexo e difícil, fato que compromete sua capacidade
de obter resultados realmente significativos.
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