Texto elaborado por Rodney
Alfredo Pinto Lisboa.
No cenário internacional contemporâneo, as
forças de segurança estatais organizam-se no intuito de combater as denominadas
“novas ameaças” (crime organizado; tráfico de drogas; tráfico de armas; pirataria;
terrorismo; entre outros), que por comprometerem a estabilidade e segurança dos
Estados, devem ser confrontadas tanto nas instâncias externas quanto nas instâncias
internas de modo a assegurar a Ordem Pública. Atualmente, é comum que as forças
policiais disponham de unidades especialmente vocacionadas para enfrentar os
expedientes pouco ortodoxos empreendidos por esses agentes adversos. Contudo,
na década de 1970 as forças de segurança pública não encontravam-se devidamente
preparadas para lidar com ocorrência não convencionais.
Em 1972, a pretexto de evitar uma associação
com os Jogos Olímpicos de 1936 em Berlim (quando o regime nazista promoveu a
militarização das cidades alemãs em seu benefício), o comitê olímpico alemão
promoveu um relaxamento na segurança dos Jogos Olímpicos de Munique, Alemanha.
Essa medida, abriu espaço para que o grupo palestino Setembro Negro (facção da
OLP [Organização para a Libertação da Palestina]) orquestrasse um atentado
contra 11 integrantes da equipe olímpica de Israel. No rescaldo do episódio que
entraria para a história como o “Massacre de Munique”, onze reféns, cinco
terroristas e um policial foram vitimados fatalmente.
Como consequência desta tragédia, bem como em
virtude do evidente despreparo da polícia alemã, o governo da Alemanha
Ocidental (denominação mais comum da República Federal da Alemanha entre 1949 e
1990, quando ocorreu a unificação com a República Democrática Alemã [Alemanha
Oriental]) optou por criar uma unidade policial vocacionada para combater ações
violentas perpetradas por organizações terroristas. Baseando-se no modelo do Sayeret Matkal (principal FOpEsp do
Exército israelense), os alemães instituíram o GSG9 (Grenshutzgruppe 9 [Grupo de Defesa de Fronteira
9]) na
estrutura organizacional da Bundespolizei
(Polícia Federal Alemã). O número nove foi incorporado pela unidade, uma
vez que na época de sua criação existiam nove grupos operando à serviço da
polícia alemã.
O batismo de fogo do GSG9 ocorreu em outubro
de 1977, quando um avião da Lufthansa (voo 181 entre Palma de Maiorca, na
Espanha, e Frankfurt, na Alemanha) foi sequestrado por quatro militantes da
Frente Popular para a Libertação da Palestina em apoio às ações do Grupo Baader-Meinhof (organização extremista
alemã que se opõe ao governo alemão considerado por seus integrantes como sendo
fascista). A operação de resgate, denominada “Feuerzauber” (Fogo Mágico), foi conduzida em Mogadíscio (capital da
Somália) após um pouso não autorizado. Os quadros operacionais do GSG9
procederam com o assalto aproximando-se da aeronave em pequenos grupos pelo “ângulo
morto” da traseira do Boeing 737-200. A invasão ocorreu dinâmica e simultaneamente
pela porta da cabine e por ambas portas situadas sobre as asas, surpreendendo os
sequestradores. A ação teve seu desfecho computando três terroristas mortos e
um ferido. Todos os passageiros, assim como a tripulação foram devidamente resgatados.
Figura 1: Emblema do GSG9. (Disponível em: http://eisenschmiede-gaming.de/forum2/index.php?thread/160-bewerbung-f%C3%BCr-einen-posten-beim-gsg9/Acesso em: 23 mai. 2016). |
Assim como o SAS (Serviço Aéreo Especial)
desponta como unidade de referência para as FOpEsp militares, o GSG9 figura
como tropa de referência para as FOpEsp policiais. O nível de excelência
alcançado pelos quadros operacionais do GSG9 atraiu a atenção até mesmo de
unidades militares da comunidade OpEsp. No livro “Rogue Warrior”, escrito em 1992, Richard Marcinko, fundador do SEAL
Team 6 (atualmente conhecido como DEVGRU [Grupo
de Desenvolvimento de Guerra Especial Naval]), destaca que quando da
criação da equipe contraterrorista da Marinha dos EUA, os norte-americanos
foram buscar suas referências nas expertises de retomada e resgate do GSG9.
Fotografia 2: Quadros operacionais do GSG9 realizam treinamento de ações contraterroristas. (Fonte: Disponível em: http://sek-gsg9-ksk.weebly.com/unterschiede.html Acesso em: 23 mai. 2016). |
O GSG9 reúne uma diversidade de experiências
operacionais no curso de sua história, a se destacar: a prisão de importantes
integrantes do Grupo Baader-Meinhof
(1982 e 1993); auxílio para o desfecho com sucesso no sequestro do voo da empresa
KLM (com rota da Tunísia para Amsterdã, Holanda) redirecionado para Dusseldorf,
Alemanhã (1993); prisão de Metin Kaplan, líder islâmico turco conhecido como
“Califa de Colônia” (1999); assessoramento às autoridades filipinas envolvendo
sequestro de reféns (2000); liberação de turistas alemães retidos no Egito
(2001); prisão de terroristas vinculados aos ataques contra o território
norte-americano em 11 de setembro (2001 e 2002); segurança de quatro membros da THW {German Technisches
Hilfswerk [organização governamental
alemã] em Bagdá, Iraque (2003); segurança de
funcionários da embaixada alemã em Bagdá (2004).
Só esqueceu de mencionar que no resgate de Mogadishu o GSG9 teve ajuda de 4 componentes do SAS britanicos
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