As Empresas Militares Privadas (Private
Military Companies [PMCs]) atuaram na década de 1990 principalmente no
continente Africano. Contudo, é possível constatar atuações dos contractos na
Europa, sobretudo nas regiões onde ocorreu a desintegração da União Soviética,
e no sudeste do continente asiático. Na primeira década do século XXI, em
decorrência dos atentados terroristas de 11 de setembro contra o território
norte-americano e da deflagração da Guerra Global contra o Terrorismo (Global
War on Terrorism [GWOT]), essas corporações passaram a se concentrar no Oriente
Médio, primeiramente no Afeganistão (Guerra do Afeganistão [a partir de 2001])
e posteriormente no Iraque (Guerra do Iraque [2003-2011]).
Sobre os locais onde estas corporações são
levadas a operar sob contrato, é importante destacar que no cenário
internacional apenas uma pequena quantidade de Estados tiveram a preocupação de
instituir legislações nacionais no intuito de regular as ações das PMCs. A
carência de legislação pertinente pode gerar sérios problemas jurídicos para as
PMCs, a exemplo do que ocorreu no caso de quatro contractors à serviço da
Blackwater, Security Consulting condenados pelo homicídio de 17 civis
iraquianos em decorrência de um incidente ocorrido em 16 de setembro de 2007 na
praça Nisour, localizada em Bagdá (capital do Iraque), enquanto escoltavam um
comboio da embaixada norte-americana.
Particularmente no que concerne aos contractors,
cabe destacar que embora não se restrinjam a empregar apenas pessoal egresso
das Forças de Operações Especiais (FOpEsp), as PMCs têm nos ex-operadores das
unidades militares de elite seus servidores preferidos quando da necessidade de
contratar/empregar profissionais para desempenhar as diversas funções para as quais
as empresas se comprometem. Essa preferência justifica-se uma vez que o
Elemento de Operações Especiais (ElmOpEsp) destaca-se por apresentar apurada
capacidade física, emocional e intelectual, diversificado conjunto de
habilidades operacionais (incluindo linguísticas), foi submetido a rigorosos
programas de seleção e treinamento, além de acumular experiência significativa
em ações de campo. Nesse sentido, ainda que não operem exclusivamente
valendo-se dos predicados ofertados por ex-operadores egressos das FOpEsp, as PMCs
se beneficiam da associação estabelecida por potenciais empregadores, que
relacionam a qualidade do serviço prestado por essas empresas com o nível de
excelência militar manifestado pelas tropas especiais.
Tal como as PMCs, as FOpEsp tem uma estrutura
flexível, capaz de adaptar-se às situações que se apresentam com mais facilidade
se comparadas às rígidas constituições militares convencionais. Nesse sentido,
as PMCs somente irão adquirir equipamento e contratar pessoal após a
ratificação de um contrato, de modo a otimizar gastos adequando-se aos
requisitos do serviço a ser prestado.
Outro aspecto que merece ser abordado e que
aproxima as PMCs das FOpEsp, trata da panóplia utilizada pelas empresas para
cumprir com suas obrigações contratuais, uma vez que as armas e equipamentos
utilizados pelos contractors, normalmente, fogem do padrão empregado por tropas
regulares de infantaria.
No tocante à disposição, a organização em
pequenas equipes característica das FOpEsp condiz com as demandas das PMCs, uma
vez que promove a autossuficiência dos contractors em ambientes extremamente
exigentes, principalmente em situações onde o suporte de forças de apoio pode
não estar disponível.
No atual cenário de enfrentamento, o Comando
de Operações Especiais dos EUA (United States Special Operations Command
[USSOCOM]) reconhece a utilidade das PMCs e as distingue como atores legítimos
dotados com capacidade de prover serviços de segurança e operar em rede de
colaboração com unidades militares, desde que sejam respeitados seus limites e
limitações.
Referência
GROGA, Lueka. Explaining Private Military
Contractors in a Globalized World. (S.I.) Leiden University, 2011.
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