segunda-feira, 4 de abril de 2016

Caracterizando as Operações Especiais (Parte 3)

Texto adaptado da dissertação de mestrado de Rodney Alfredo Pinto Lisboa.

Quando encontram-se engajadas em um confronto, independente da natureza (regular ou irregular) do enfrentamento, as FOpEsp, necessariamente, devem combater observando os seis princípios propostos por McRaven (Simplicidade; Segurança; Repetição; Surpresa; Rapidez; Propósito) no intuito de obter a “Superioridade Relativa” (obtida no momento mais crítico e também no de maior risco ao longo de uma operação, ocorre a partir de uma ação ofensiva rápida e precisa, levada a cabo contra um ponto vulnerável defendido pela força inimiga). Por ocasião de disporem de poder de fogo limitado quando comparado às tropas convencionais, é fundamentalmente importante que as FOpEsp alcancem e mantenham a superioridade relativa o mais rápido possível, pois à medida que os engajamentos se prolongam corre-se o risco da iniciativa ser perdida, tornando a missão mais suscetível e vulnerável às "fricções de guerra", que por serem fatores inerentes à casualidade, não podem ser considerados nos planejamentos estratégicos, e podem influir de modo a comprometer o êxito da missão. 

Fotografia 3: Vice-Almirante William Harry McRaven (Ref.) elaborou a "Teoria das Operações Especiais", estudo desenvolvido em 1993 como tese de mestrado para a Naval Postgraduate School. (Fonte: Disponível em: <https://www.washingtonpost.com/national/adm-william-mcraven-the-terroristhunter-on-whose-shoulders-osama-bin-laden-raid-rested/2011/05/04/AFsEv4rF_story.html>. Acesso em: 2 abr. 2016).

Analisando a tipologia das OpEsp, o USSOCOM (Comando de Operações Especiais dos EUA) caracteriza as ações dessa ordem como sendo:


a. As OpEsp normalmente requerem um nível detalhado de informações (Operações de Inteligência) e planejamento operacional;

b. Requerem conhecimento da língua e cultura da área geográfica na qual a operação está sendo realizada;

c. São dependentes da qualidade dos treinamentos e ensaios específicos para obter a proficiência na condução da operação em questão;

d. Por se sujeitarem a operar em locais distantes, as OpEsp necessitam de bases operacionais de apoio;

e. Devido à natureza crítica de suas ações e a necessidade de se obter uma Consciência Situacional fidedigna, as OpEsp dependem de sofisticados sistemas de comunicação;

f. As OpEsp devem empregar a força conforme suas necessidades, sendo necessário desenvolver, adquirir e utilizar armas e equipamentos que não seguem os padrões das tropas regulares;

g. Por demandarem procedimentos de inserção/extração que lhes garanta eficiência e sigilo, as OpEsp utilizam sofisticadas plataformas de apoio para penetrar e retornar de áreas politicamente sensíveis.

Embora guardem sensíveis diferenças, sobretudo no que se refere à doutrina e terminologia, as OpEsp conduzidas por unidades especiais ao redor do mundo podem ser classificadas em cinco categorias básicas: 


1. Ação Direta (Ação de Comandos) - Operações destinadas a conduzir: interdição/destruição de alvos críticos. captura, resgate, evacuação ou neutralização de pessoal/material, localizado em território hostil (todos avaliados como objetivo de valor estratégico); Planejadas para serem executadas como uma ação de choque, conduzida de surpresa, com alta intensidade e curta duração. Quando um DFEsp recebe um DCmdos sob controle operacional, o destacamento resultante é denominado Destacamento de Ação Imediata.

2. Guerra Irregular - Ações militares e paramilitares realizadas em área politicamente sensível ou controlada pelo inimigo. Caracterizada por ações que empregam técnicas, táticas e procedimentos de guerrilha, envolvendo atividades de subversão, sabotagem, escape e evasão. Operações dessa natureza são realizadas por pessoal nativo da área de operações, a partir de organização, treinamento e logística (armas e equipamentos) ofertados por destacamentos de FOpEsp. Ações dessa ordem requerem que os operadores atuem em ambientes remotos e hostis, por um longo período, com relativa autonomia, reduzido apoio e mínima direção.

3. Operações contra Forças Irregulares - Decorrentes de ações executadas em função de objetivos atrelados à Defesa da Pátria (defesa externa), à Garantia da Lei e da Ordem/GLO (defesa interna), bem como em cumprimento aos compromissos assumidos com organismos internacionais. Em geral, consideram basicamente os procedimentos de contraguerrilha, contra insurgente e contraterrorismo. Podem ser conduzidas por ação direta ou indireta em ambientes urbanos e/ou rurais.

4. Reconhecimento Estratégico/Especial - Engajamentos que buscam o recolhimento de um conjunto de informações de importância estratégica ou operacional relacionadas à capacidade de combate do inimigo, além de dados inerentes às características do ambiente (terreno e clima).

5. Operações Psicológicas - Constitui o conjunto de medidas adotadas pelas FOpEsp de modo a influenciar o público-alvo a adotar comportamentos favoráveis que venham de encontro com a consecução de objetivos políticos, militares e econômicos.



Fotografia 4: Cena do filme "A Hora Mais Escura", retratando a Ação Direta conduzida pelos homens do DEVGRU durante a Operação Lança de Netuno, que culminou com a morte de Osama bin Laden na cidade paquistanesa de Abbottabad. (Fonte: Disponível em: <http://www.fastcocreate.com/1682434/heart-of-zero-dark-thirty-how-an-oscar-nominated-screenwriter-wove-the-years-most-fraught-st>. Acesso em: 2 abr, 2016).


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