sexta-feira, 22 de abril de 2016

O Futuro das Operações Especiais (Parte Final)

Adaptação do texto escrito originalmente por Linda Robinson, assessora adjunta para a Segurança Nacional e Política Externa do Conselho de Relações Exteriores dos EUA. (Disponível em: https://www.foreignaffairs.com/articles/united-states/2012-11-01/future-special-operations Acesso em: 12 abr. 2016).

Para que tenham resultados positivos a longo prazo, a constituição de futuras parcerias de assessoramento requerem profundas mudanças na forma como as OpEsp são concebidas, financiadas e executadas. Tais alterações permitirão que os ElmOpEsp trabalhem de forma integrada com outros componentes do governo (incluindo unidades militares convencionais), conduzindo extensas campanhas que se prolongarão por anos com a finalidade de obter efeitos favoráveis e duradouros. Para tanto, as OpEsp devem criar modelos padronizados de procedimentos operacionais tomando por referência resultados positivos obtidos em experiências anteriores. Particularmente no caso das FOpEsp norte-americanas, as consequências vantajosas advindas de operações instituídas na Colômbia e nas Filipinas (respectivamente, em 1998 e 2001) são exemplos de engajamentos profícuos. Em ambos os casos, atuando ao longo de uma década com investimentos relativamente modestos, quadros operacionais das FOpEsp estadunidenses trabalharam no intuito de desenvolver as capacidades operacionais das forças de segurança colombiana e filipina, reduzindo drasticamente não apenas a criminalidade, mas, sobretudo, as ameaças insurgentes, terroristas e separatistas, contribuindo para a estabilização de regiões nas quais os EUA tem grande interesse.

Fotografia 6: Pararescue Jumpers da Força Aérea dos EUA em exercício com o 33º Esquadrão de Resgate. (Fonte: Disponível em: https://www.reddit.com/r/MilitaryPorn/comments/29a8s5/brig_gen_jack_briggs_participates_in_a_training/ Acesso em: 21 abr. 2016).

Mesmo países com longa e destacada tradição no emprego de FOpEsp, apresentam dificuldades para viabilizar as ações de suas tropas especiais. Nos EUA, tanto o Congresso quanto o Departamento de Defesa financiam as unidades de elite estadunidenses de forma fragmentada, com várias fontes de financiamento diferentes se responsabilizando pelo orçamento que cresce e expira anualmente. A demora na viabilização dos recursos é outro entrave. Missões de estabilização prolongadas, geralmente, requerem a aprovação do Departamento de Estado, o que determina uma tramitação burocrática que pode se estender por até dois anos por se tratar de uma operação de assistência a um país estrangeiro. Embora a supervisão de um departamento destinado à gerenciar as relações internacionais de um Estado seja crucial nesses casos, também é essencial, dada as características das ações em que as FOpEsp se envolvem, que os recursos financeiros sejam destinados a elas de forma rápida e eficiente.
Em âmbito internacional, é imperioso que a sociedade civil desenvolva uma cultura de valorização de suas FFAA como instituições imprescindíveis para assegurar a soberania do Estado. Nesse sentido, considerando o cenário de enfrentamento contemporâneo, cuja realidade determina que as forças de segurança estejam preparadas tanto para o enfrentamento regular (convencional) quanto para modalidades de confronto irregular, em todos os níveis de condução da guerra (Político, Estratégico, Operacional e Tático), cabe aos militares conscientizarem-se acerca da urgência de organizar, aprimorar e incrementar suas FOpEsp, sob risco de mostrarem inépcia quando forem incitados a confrontar as denominadas "novas ameaças" (crime organizado, tráfico de drogas, tráfico de armas, tráfico de pessoas, pirataria, terrorismo transnacional, insurreições, proliferação de armas de destruição em massa, entre outras). Assim, torna-se mister que todos os militares (oficiais e praças), ao longo de seu processo de formação, sejam devidamente instruídos e saibam como proceder quando o emprego de unidades de elite se fizer necessário. Compreender para que se destinam as OpEsp, como utilizá-las nas situações em que são indispensáveis, e como delas se valer para produzir o máximo impacto nas missões onde são empregadas, são requisitos que a sociedade castrense não pode prescindir. Para antecipar-se às situações de crise, precedendo a iniciativa de elementos adversos, é condição sine qua non que as tropas especiais adotem uma postura proativa em substituição ao engajamento reativo assumido em períodos passados. 
  
Fotografia 7: Operadores do Regimento de Operações Especiais canadense dialogando com soldados do Mali durante exercício realizado no Senegal. (Fonte: Disponível em: http://mcplpaulfranklin.blogspot.com.br/2011/12/mali-get-some-canadian-special-forces.html Acesso em: 21 abr. 2016).

Com as instituições civis e militares do governo trabalhando conjuntamente com base no conceito de "interoperabilidade", é fundamentalmente importante que os militares informem claramente a outros órgãos do governo quais experiências suas FOpEsp adquiriram em determinada situação, de modo que tais organismos possam auxiliar na concepção e desdobramento de novas ações. Por sua vez, cabe aos órgãos civis do governo a tarefa de mobilizarem-se no sentido de oferecer o suporte que lhes compete para que as FOpEsp possam operar com a segurança e o embasamento que as operações não ortodoxas requerem. 


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