Adaptação do texto escrito originalmente por Craig Michel, oficial das Forças Especiais dos EUA, atualmente na reserva. (Fonte: Disponível em: http://warontherocks.com/2016/03/dispelling-myths-about.special-operations-forces . Acesso em: 7 abr. 2016).
As FOpEsp
encontram-se envoltas em uma aura de sigilo, chegando ao ponto de muitos
governos nacionais negarem a existência de algumas delas (fato comum nos tempos
da Guerra Fria). A opinião pública, geralmente, é apresentada a essas
unidades por ocasião dos filmes produzidos pela indústria do cinema, os quais
narram campanhas militares de sucesso, grandes fracassos ou eventos causadores
de controvérsia. Ocasionalmente, algumas histórias emergem da perspectiva
de elementos que participaram efetivamente da ação, proporcionando o vislumbre
elementar de personagens, eventos ou períodos de tempo específicos. No caso da
história ser protagonizada pelos heróis de uma determinada sociedade, eles
são aceitos como um testemunho fiel ou bastante próximo da realidade. Contudo,
mesmo que um filme pretenda retratar com fidelidade a sucessão de
acontecimentos de uma dada ação militar, não consegue exibir exatamente o
que ocorreu de fato. Como acontece com qualquer organização que evita
elementos estranhos em seu meio, as FOpEsp procuram resguardar detalhes
sensíveis (que poderiam comprometer a segurança dessas informações), e
raramente se preocupam em apresentar dados contestando uma narrativa mal
contada. Assim, não surpreendentemente que o cinema apresente histórias
inverossímeis ou distantes da realidade.
Na década que sucedeu a série de atentados
terroristas perpetrado pela al-Qaeda em solo norte-americano (ocorridos em
9/11/2001), o ritmo operacional das FOpEsp estadunidenses não teve precedentes
históricos. Se a população mundial fosse incitada a relembrar alguma das
atividades desempenhadas pelas FOpEsp naquele período, a maioria das pessoas
destacaria, provavelmente, a ação que ocasionou a morte de Osama bin Laden.
Embora essa seja a OpEsp mais famosa da história, inúmeras outras foram levadas
à efeito nos incontáveis conflitos em que as tropas especiais foram engajadas.
Apesar de suas proezas, o que dá distinção às FOpEsp é o ritmo em que elas
evoluem e se adaptam as circunstâncias. A capacidade de incorporar
rapidamente as lições aprendidas, adaptando-se ao inimigo e aos campos de
batalha, são habilidades que permanecem sem igual entre os demais componentes
militares.
Dezenas
de artigos, livros e filmes insinuam que a natureza secreta das FOpEsp é
empregada como um conveniente instrumento de política, permitindo que os
efeitos da guerra sejam ocultos da opinião pública de modo a evitar eventuais
contestações por ocasião dos "custos humanos" envolvidos. No
passado, em virtude da precariedade dos sistemas de comunicação (quando
comparados aos recursos atuais), essa alternativa mostrava-se plausível.
Entretanto, o constante incremento nos aparatos de comunicação torna cada vez
mais complexo o esforço para manter longe do foco da mídia as ações levadas a
cabo por unidades de elite. As particularidades dos confrontos
contemporâneos (travados, sobretudo, valendo-se de recursos não convencionais)
expõem as FOpEsp de forma jamais vista. Imagens captadas pelas câmeras de
correspondentes internacionais, pelos celulares de expectadores fortuitos, a
partir de câmeras acopladas aos capacetes dos operadores, ou obtidas por
circuitos internos de TV, são repetidamente reproduzidas por agências de
notícias da internet e emissoras de televisão. Apesar do desejo e da necessidade
de resguardar as OpEsp dos olhos da mídia, uma vez que garantir o segredo
da operação é considerada como condição essencial para assegurar o efeito
surpresa (propriedade fundamental para o sucesso de qualquer OpEsp), alcançar
tal intento está muito distante da realidade.
Na
eventualidade dos políticos tentarem manter a opinião pública desinformada em
relação aos custos humanos da guerra, as FOpEsp não representam uma resposta
para isso. O emprego de tropas altamente qualificadas e preparadas para
alcançar objetivos específicos tem menor probabilidade de provocar elevado
número de baixas, quando comparado aos grandes efetivos cujo grau de precisão é
menor.
Por mais que as circunstâncias envolvendo a
morte de militares (especiais ou convencionais) possam variar conforme as
circunstâncias, afirmar que o falecimento de ElmOpEsp possam escapar aos
holofotes da imprensa é uma informação imprecisa (a baixa de operadores atrai
atenção devido à natureza crítica das operações que participam). A morte do
Sargento Joshua L. Wheeler, integrante do Destacamento Operacional de Forças
Especiais-Delta (Força Delta), morto no Iraque em 2015 durante a "Operação
Inherent Resolve", teve grande repercussão na mídia. Por outro lado, o
falecimento do Sargento Joseph F. Stifter, componente do 7º
Regimento de Artilharia de Campo da 1ª Divisão de Infantaria, morto
em janeiro de 2016 por ocasião do capotamento de um veículo blindado, não teve
a mesma exposição.
Gostaria de parabenizar pelos textos, ótimo conteúdo e principalmente vejo um domínio sólido do assunto, coisa que hoje em dia é bastante difícil encontrar quando se trata de militarismo.
ResponderExcluirSempre fui aficcionado por assuntos militares e sempre estudei bastante, coisa que assustou muita gente dentro do meu convívio no Brasil. Porém tal paixão me levou a hoje estar nas forças de defesa de Israel, buscando o mais alto nível de operações especiais, assim como sonhei.
Continue com o ótimo trabalho !