quinta-feira, 7 de abril de 2016

Caracterizando as Operações Especiais (Parte Final)

Texto adaptado da dissertação de mestrado de Rodney Alfredo Pinto Lisboa.

Considerando o modus operandi das FOpEsp, as operações, Independente da categoria de OpEsp, são geralmente conduzidas de duas formas básicas e distintas: 

1. Por ação direta - Quando a FOpEsp estabelece contato direto com o inimigo;

2. Por ação Indireta - Quando a FOpEsp disponibiliza organização, treinamento e logística para que forças amigas travem contato com o adversário. 

Em ambos os casos, levando-se em conta as particularidades atinentes ao ambiente operacional e tempo de engajamento, as OpEsp podem ser planejadas e executadas de maneira independente ou conjunta, de maneira autônoma ou em apoio às tropas convencionais. Contudo, cabe salientar que apesar de poderem ser efetuadas de forma integrada (ações diretas e indiretas conduzidas em uma mesma missão), a probabilidade dos efeitos obtidos serem mais positivos será maior quando ambas materializam-se separadamente.
Estando engajadas em determinada operação, as FOpEsp devem atuar da forma mais discreta possível, visando garantir os efeitos advindos a surpresa, característica considerada como sendo o elemento diferencial no modo distinto de agir das unidades especializadas. Assim, a confidencialidade deve ser respeitada durante todas as fases da operação (planejamento, treinamento e execução), de modo que a ação seja revelada ao inimigo apenas no momento em que ele esteja sendo vitimado por ela.

Fotografia 5: Operadores do SASR australiano conduzem uma patrulha de reconhecimento visando coletar dados de inteligência. (Fonte: Disponível em: <http://discovermilitary.com/special-forces/australian-special-air-service-regiment/>. Acesso em: 6 abr. 2016).

É importante esclarecer que ao serem expostas (reveladas), as OpEsp divulgam a identidade do Estado que as patrocinou, circunstância que, dependendo da natureza da ação, pode comprometer o desempenho e a segurança da equipe engajada levando a influenciar negativamente no sucesso da ação. Portanto, operações que requerem o emprego de FOpEsp devem ser conduzidas de quatro formas diferentes:   

1. Operação Aberta - A operação é declarada, com o Estado patrocinador assumindo publicamente a iniciativa da ação;

2. Operação de Baixa Visibilidade - O Estado patrocinador não esconde formalmente a ação, mas se esforça para que ela seja realizada com discrição;

3. Operação Encoberta - O Estado patrocinador esforça-se para que a ação seja dissimulada, resguardando-se de modo a negar de maneira plausível que seja o responsável pela operação;

4. Operação Clandestina - Devido à natureza crítica da operação (podendo gerar efeitos negativos para o Estado patrocinador), as ações ocorrem dissimuladamente, com as autoridades negando seu envolvimento. Especificamente nesse tipo de operação, as consequências da ação, necessariamente, devem ser identificadas pela opinião pública como obra de casualidade;

A condição sigilosa que permeia as OpEsp justifica-se também para acobertar as técnicas operacionais empregadas em contextos distintos. Embora sejam difundidas internacionalmente entre unidades análogas por conta dos intercâmbios realizados, aspectos inerentes ao empirismo distinguem uma metodologia da outra, possibilitando um "patrimônio"  que deve ser muito bem protegido, sob risco de comprometer a eficácia em caso de divulgação dessas técnicas. A imperiosa "identidade metodológica” essencial para nortear as doutrinas de emprego, tem sua gênese da experimentação sistemática, sendo obtida pela relação de três fatore:

1. Em virtude da capacidade humana (física, motora, intelectual e psicológica);

2. Por ocasião da variedade e versatilidade dos recursos (armas; equipamentos; vetores de lançamento/recolhimento);

3. Pela gama de conhecimentos obtidos no decorrer da prática dessas técnicas em engajamentos reais e adestramentos que reproduzem situações de enfrentamento, fundamentais para nortear as doutrinas de emprego.

A NWO (Nova Ordem Mundial), manifestada a partir do final da Guerra Fria (1947-1991), evidenciou o conflito de proporções assimétricas, influenciando significativamente a forma como as FFAA (Forças Armadas) passaram a considerar o modo de combater os procedimentos não ortodoxos (irregulares) dos adversários que teriam que enfrentar no século XXI. Essa nova categoria de oponentes, que muitas vezes lança mão de recursos diversos e contestáveis para alcançar seus objetivos, forçou à adequação das FFAA a uma realidade que cresce exponencialmente no mundo contemporâneo, exigindo das autoridades o emprego de unidades especialmente adestradas, reduzidas e independentes, capazes de operar com liberdade de ação e suporte mínimo de retaguarda.




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