segunda-feira, 11 de abril de 2016

SFOD-D e DEVGRU: Quem é Quem?

Adaptação do texto publicado originalmente no site We Are The Mighty. (Fonte: Disponível em: http://www.wearethemighty.com/articles/seal-team-6-delta-force  Acesso em: 9 abr. 2016).


A aterradora imagem da queda das torres norte e sul do World Trade Center, ocasionada pelo impacto de duas aeronaves comerciais de transporte de passageiros sequestradas momentos antes por extremistas vinculados à al-Qaeda, precipitou uma reação imediata por parte do governo norte-americano, que incitou outras nações a unirem esforços para travar uma GWOT (Guerra Global contra o Terrorismo). Assim, tropas estadunidenses e nações aliadas mobilizaram-se para o enfrentamento em diferentes países, sobretudo, no Afeganistão e no Iraque. Os acidentes naturais do relevo afegão apresentavam características que inviabilizavam o emprego sistemático de tropas convencionais, fato de levou os EUA a alicerçarem sua estratégia em ações conduzidas por FOpEsp. Para o Pentágono (sede do DOD [Departamento de Defesa norte-americano]) as operações realizadas pelos ElmOpEsp tinham tamanha relevância, que em 2003 a GWOT passou a ser classificada como "Guerra Centrada em Forças de Operações Especiais", passando o USSOCOM (Comando de Operações Especiais dos EUA) a gerenciar todas as ações executadas no combate ao terrorismo. 
Embora todas as FOpEsp estadunidenses tenham sido engajadas na GWOT, o DEVGRU (Grupo de Desenvolvimento de Guerra Especial Naval), também conhecido como SEAL Team 6, e o 1st SFOD-D (1º Destacamento Operacional de Forças Especiais-Delta [Força Delta]), por serem tropas vocacionadas para as ações CT (Contraterrorismo), tiveram uma ampla e destacada atuação, principalmente, nas campanhas do Afeganistão e do Iraque. Ambas são consideradas como SMU (Unidades de Missões Especiais) e encontram-se sob controle operacional do JSOC (Comando de Operações Especiais Conjuntas), organismo vinculado ao USSOCOM destinado a executar operações em todo mundo com o mais elevado nível de sigilo (podendo ser de natureza clandestina). Para atender aos exigentes requisitos inerentes às suas tarefas de responsabilidade, os quadros operacionais de ambas as unidades são submetidas aos mais rigorosos processos de seleção e treinamento da comunidade OpEsp dos EUA. Assim, considerando as características comuns que as aproximam, quais os aspectos que as distinguem?  

1. Seleção - O 1st SFOD-D é uma tropa vinculada ao Exército, que seleciona seus candidatos, sobretudo, nas fileiras das Forças Especiais (Boinas Verdes) e nas unidades de infantaria da Força Terrestre. Contudo, poderão ser escolhidos candidatos de outras FFAA, incluindo a Guarda Nacional e da Guarda Costeira. Por sua vez, o DEVGRU promove seu processo seletivo exclusivamente com candidatos das equipes SEAL da Marinha. Em ambos os casos, caso o candidato não consiga cumprir com as exigências mínimas requeridas, ele retornará para a unidade a qual pertencia anteriormente.

2. Treinamento - Tanto o 1st SFOD-D quanto o DEVGRU valem-se de armas e equipamentos que encontram-se no "estado da arte", ou seja, no mais elevado nível de desenvolvimento tecnológico. Em virtude de suas especificidades, ambas são altamente qualificadas em técnicas CQB (Confronto em Recinto Confinado), resgate de reféns, extração HVT (Alvo de Alto Valor), entre outras ações especializadas. Particularmente em relação ao DEVGRU, os operadores, necessariamente, devem, devido a sua natureza naval, estar aptos de conduzir operações CT em ambiente marítimo. 


Fotografia 1: Operadores do 1st SFOD-D em cena do filme "Falcão Negro em Perigo" (2001), no qual a Força Delta e os Rangers  são obrigados a confrontar a milícia somali nas ruas de Mogadiscio em 1993. (Fonte: Disponível em: http://www.nbcnews.com/storyline/isis-terror/behind-delta-force-covert-unit-saved-isis-captives-iraq-n450126 Acesso em: 9 abr. 2016).

3. Cultura - Os operadores da Força Delta tendem a apresentar uma formação precedente bastante diversificada dada a variedade se suas unidades de origem, fato que os leva, quando aprovados pelo 1st SFOD-D, a aprender, reaprender e diversificar conceitos para que todos estejam familiarizados e aptos a operar com sinergia em um sistema de responsabilidade compartilhada. Por serem oriundos da comunidade OpEsp da Marinha, os operadores do DEVGRU dispõem de uma gama de conhecimentos previamente adquiridos nas equipes SEAL, passando a frequentar um programa de treinamento muito mais intenso e exigente no que se refere às TTP (Táticas, Técnicas e Procedimentos) visando engajamentos voltados para operações CT. 

4. Missões - Na prática, independente do terreno, ambas unidades têm capacidade para conduzir qualquer OpEsp à cargo do JSOC. Entretanto, devido a afinidade com o ambiente operacional, o 1st SFOD-D tem predisposição para operar em terra, como ocorreu na missão que levou à morte de Abu Musab Al-Zarqawi (líder da al-Qaeda no Iraque) em 2006. Conforme destacado anteriormente, o DEVGRU tem prerrogativa para atuar no mar, como ocorreu na operação de resgate de Richard Phillips (Capitão do navio porta contêineres Maesk Alabama), sequestrado em 2009 na costa oriental da África por piratas somalis. 

5. Exposição - Por responsabilizarem-se pela execução de operações estratégicas extremamente sensíveis, os ElmOpEsp das duas unidades não fazem questão de aparecer ou ter os resultados de seus feitos divulgados, tenham eles redundado em êxito ou fracasso. Como profissionais 'silenciosos" que são, por mais complexo que seja manter a confidencialidade na "era da informação", são estritamente conservadores e esmeram-se na tarefa de resguardarem-se individual e coletivamente. 


Fotografia 2: Em cena do filme "Capitão Phillips" (2013), uma equipe de atiradores de precisão (Snipers) do DEVGRU observa a balsa de salvamento que transportava Richard Phillips na condição de refém. (Fonte: Disponível em: http://www.thecodeiszeek.com/2013/10/captain-phillips-on-somali-tides.html Acesso em: 9 abr. 2016).


No início dos anos 1970, quando organizações fundamentalistas passaram a empregar táticas terroristas para obter concessões e alcançar objetivos que elas jamais poderiam ganhar por meios diplomáticos ou militares, os Estados nacionais perceberam que não estavam devidamente preparados para esse tipo de enfrentamento. A maioria dos países, assim como os EUA, não dispunha de normas políticas antiterroristas, seus órgãos de inteligência não estavam aptos para prever e coibir atos extremistas, seus componentes militares não ostentavam capacidades militares para confrontar uma modalidade de luta que envolvia situações com reféns. Passados 45 anos, os norte-americanos e o mundo ainda sofrem com o ímpeto e a originalidade das ações terroristas, entretanto, em decorrência da expertise de tropas especiais como o 1st SFOD-D e o DEVGRU, o preço a ser cobrado de indivíduos, grupos e/ou organizações radicais que optam pela violência para promover sua causa passou a ser bem mais oneroso do que jamais foi. 



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