segunda-feira, 18 de abril de 2016

O Futuro das Operações Especiais (Parte 2)

Adaptação do texto escrito originalmente por Linda Robinson, assessora adjunta para a Segurança Nacional e Política Externa do Conselho de Relações Exteriores dos EUA. (Disponível em: https://www.foreignaffairs.com/articles/united-states/2012-11-01/future-special-operations Acesso em: 12 abr. 2016).


Em depoimento entregue ao Congresso norte-americano em março de 2012, o Vice-almirante William H. McRaven, sucessor de McChystal no Comando do USSOCOM, destacou que as ações diretas realizadas isoladamente não são a solução para os desafios que os EUA enfrenta atualmente, e que as ações indiretas, executadas continuamente, serão decisivas no cenário da segurança global. Entretanto, apesar do fundamentado e conceituado embasamento retórico em favor das ações indiretas, as administrações presidenciais de George W. Bush e Barack Obama priorizaram o método de abordagem direta para as FOpEsp estadunidenses. O resultado de ações unilaterais e os efeitos positivos que, eventualmente, essas operações pudessem angariar, raramente são permanentes, levando-as, frenquentemente, a comprometer os esforços de longo prazo. 
Ações diretas nunca são empreendimentos simples de serem realizados, como ocorreu no Paquistão, onde Osama bin Laden e grande parte dos membros da al-Qaeda encontravam-se homiziados, e onde os EUA passou a conduzir uma pesada campanha militar valendo-se de métodos de ação direta. No rescaldo da "Operação Neptune Spear", levada à efeito em Abbottabad e que levou à morte de bin Laden, o sentimento de revolta gerado junto à população paquistanesa por ocasião do ataque, acrescido do constrangimento a que foram submetidas as autoridades do país devido à violação de sua soberania, levou a tensa relação entre EUA e Paquistão a uma profunda crise, com um custo para as FOpEsp. Como retaliação, as autoridades paquistanesas proibiram a presença de tropas estadunidenses na província de Khyber Pakhtunkhwa e nas áreas tribais administradas pelo país, ambas dominadas por pachtuns (povo de origem islâmica situado no Afeganistão e Paquistão), e onde as unidades de elite executavam métodos de ação indireta com a população e as forças paramilitares locais. O governo paquistanês encerrou um acordo de consultoria prestado pelas tropas especiais norte-americanas à Marinha do país relativo à costa Makran, região estrategicamente importante na inquieta província do Baluchistão, que faz fronteira com o Irã.

Fotografia 3: Membros do Grupo de Assessoramento de Operações Especiais do MARSOC, ministrando instrução de tiro para  militares da Republica Dominicana. (Fonte: Disponível em: http://www.blackfive.net/main/2008/12/marine-special.html Acesso em: 16 abr. 2016).

Após anos de discussões e desacordos relacionados aos ataques unilaterais, em 2011 autoridades norte-americanas concordaram que todas as ações devem ser devida e previamente autorizadas pelo governo afegão e conduzido conjuntamente com tropas afegãs. Ao Afeganistão interessa conquistar a confiança da população civil garantindo condições de segurança que sejam reais e duradouras. Nesse sentido, os EUA ajudou a constituir uma FOpEsp afegã composto por 11.000 homens. Além disso, tropas especiais de países vinculados à OTAN passaram a aconselhar e treinar moradores para compor forças policiais locais em Cabul, Bagram, Jalalabad, Kandahar e outros 52 distritos do país.
Assim como ocorre com os métodos de ação direta, a abordagem indireta também apresenta riscos, como pode ser ilustrado pelo episodio no qual ElmOpEsp norte-americanos que se infiltraram nas forças de segurança afegãs foram atacados por integrantes do Talebã e/ou simpatizantes de sua causa. Embora os operadores não tenham sido alvo direto dessa ação, o comandante do USSOCOM suspendeu o treinamento de recrutas afegãos para que pudessem ser reavaliados no intuito de identificar potenciais riscos à segurança, uma vez que as OpEsp requerem um elevado nível de confiança mútua devido à estreita relação criada entre os parceiros. Mesmo após o início da retirada gradativa das tropas norte-americanas do Afeganistão em 2011, FOpEsp estadunidenses permanecem no país provendo assessoramento para as forças afegãs, além de continuarem com a tarefa de identificar e coibir membros da al-Qaeda. 



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