Adaptação do texto escrito originalmente por Linda Robinson,
assessora adjunta para a Segurança Nacional e Política Externa do Conselho de
Relações Exteriores dos EUA. (Disponível em:
https://www.foreignaffairs.com/articles/united-states/2012-11-01/future-special-operations
Acesso em: 12 abr. 2016).
Em depoimento
entregue ao Congresso norte-americano em março de 2012, o Vice-almirante
William H. McRaven, sucessor de McChystal no Comando do USSOCOM, destacou que
as ações diretas realizadas isoladamente não são a solução para os
desafios que os EUA enfrenta atualmente, e que as ações indiretas, executadas
continuamente, serão decisivas no cenário da segurança global. Entretanto,
apesar do fundamentado e conceituado embasamento retórico em favor das ações
indiretas, as administrações presidenciais de George W. Bush e Barack Obama
priorizaram o método de abordagem direta para as FOpEsp estadunidenses. O
resultado de ações unilaterais e os efeitos positivos que, eventualmente, essas
operações pudessem angariar, raramente são permanentes, levando-as,
frenquentemente, a comprometer os esforços de longo prazo.
Ações diretas nunca
são empreendimentos simples de serem realizados, como ocorreu no Paquistão,
onde Osama bin Laden e grande parte dos membros da al-Qaeda encontravam-se
homiziados, e onde os EUA passou a conduzir uma pesada campanha militar
valendo-se de métodos de ação direta. No rescaldo da "Operação Neptune
Spear", levada à efeito em Abbottabad e que levou à morte de bin Laden, o
sentimento de revolta gerado junto à população paquistanesa por ocasião do
ataque, acrescido do constrangimento a que foram submetidas as autoridades do país
devido à violação de sua soberania, levou a tensa relação entre EUA e Paquistão
a uma profunda crise, com um custo para as FOpEsp. Como retaliação, as
autoridades paquistanesas proibiram a presença de tropas estadunidenses na
província de Khyber Pakhtunkhwa e nas áreas tribais administradas pelo país,
ambas dominadas por pachtuns (povo de origem islâmica situado no Afeganistão e
Paquistão), e onde as unidades de elite executavam métodos de ação indireta com
a população e as forças paramilitares locais. O governo paquistanês encerrou um
acordo de consultoria prestado pelas tropas especiais norte-americanas à
Marinha do país relativo à costa Makran, região estrategicamente importante na
inquieta província do Baluchistão, que faz fronteira com o Irã.
Após anos de
discussões e desacordos relacionados aos ataques unilaterais, em 2011
autoridades norte-americanas concordaram que todas as ações devem ser devida e
previamente autorizadas pelo governo afegão e conduzido conjuntamente com
tropas afegãs. Ao Afeganistão interessa conquistar a confiança da população
civil garantindo condições de segurança que sejam reais e duradouras. Nesse
sentido, os EUA ajudou a constituir uma FOpEsp afegã composto por 11.000
homens. Além disso, tropas especiais de países vinculados à OTAN passaram a aconselhar e treinar
moradores para compor forças policiais locais em Cabul, Bagram, Jalalabad,
Kandahar e outros 52 distritos do país.
Assim
como ocorre com os métodos de ação direta, a abordagem indireta também
apresenta riscos, como pode ser ilustrado pelo episodio no qual ElmOpEsp
norte-americanos que se infiltraram nas forças de segurança afegãs foram
atacados por integrantes do Talebã e/ou simpatizantes de sua causa. Embora os
operadores não tenham sido alvo direto dessa ação, o comandante do USSOCOM
suspendeu o treinamento de recrutas afegãos para que pudessem ser reavaliados
no intuito de identificar potenciais riscos à segurança, uma vez que as OpEsp
requerem um elevado nível de confiança mútua devido à estreita relação criada
entre os parceiros. Mesmo após o início da retirada gradativa das tropas
norte-americanas do Afeganistão em 2011, FOpEsp estadunidenses permanecem no
país provendo assessoramento para as forças afegãs, além de continuarem com a tarefa de identificar e
coibir membros da al-Qaeda.
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